Os cabeças de planilha terão que mostrar as cartas
Enviado por luisnassif, qua, 22/02/2012 - 10:39
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Luis Nassif Ilan é muito mais competente do que Afonso Bevilacqua - o pitbull dos juros - e Alexandre Schwartsman - um planilheiro que se limitava a seguir os arroubos de Bevilacqua.
Mas nunca me pareceu - olhando empiricamente o universo da microeconomia - ser possível colocar a diversidade de preços, de contratos, a sensibilidade díspare dos diversos setores aos juros, em uma fórmula que desse um resultado único: a taxa de juros neutra.
São anos e anos de discussões em cima de uma miragem.
Leio hoje, no artigo do Delfim Neto na Folha, que o BC solicitou aos economistas de mercado que explicitem suas planilhas, abram os números e mostrem a lógica.
Coincidentemente, há três semanas venho cobrando do BC uma explicação para a sua própria planilha. Isso depois de dois artigos que escrevi aqui mostrando a irrelevância da Selic para a taxa de juros final tanto à pessoa física e pequena e média empresa quanto para os clientes "prime" - aqueles que pagam taxas preferenciais.
A maneira correta da política monetária interferir no nível de atividade é através do canal do crédito. Se os efeitos da Selic sobre o crédito são irrelevantes, que mané correlação os cabeções tiram de suas planilhas, para definir o impacto da Selic sobre o PIB?
Ainda não foi possível, me informam, porque a responsável pelo setor está de férias.
De qualquer modo, as próximas semanas serão divertidas, quando os magos da planilha mostrarem seus números. Corto um dedo se a maioria absoluta não for mera réplica das planilhas do BC, ou as planilhas extremamente complexas e incompletas de Fábio Gimabiaggi.
Há algumas semanas Delfim vem batendo nessa história de taxa de juros neutra. E com razão.
Um economista de sua equipe, juntamente com dois grandes matemáticos e lógicos brasileiros, desmontaram a peça central que sustentava os princípios do chamado neoliberalismo. A crença de que em um mercado livre e competitivo, os preços tenderiam naturalmente ao equilíbrio.
Essa crença se baseou na teoria dos jogos desenvolvida pelo matemático John Nash, o personagem desequilibrado retratado no filme "Mentes Brilhantes". Nos anos 90 surge o "outro Nash", o matemático (também desequilibrado) Alain Lewis, que questionou pontos centrais da teoria dos jogos.
A partir de seus estudos, a trinca brasileira demonstrou matematicamente - usando os recursos da lógica - que os mercados tendem ao equilíbrio mas é impossível calcular o momento do equilíbrio. O que significa que todas as planilhas desenvolvidas para prever taxas de juros neutras são falsas.
Não coloco o nome dos cientistas brasileiros aqui para manter um pouco de suspense. No final do dia contarei a história fantástica dos brasileiros que mataram - no plano teórico - toda a fundamentação matemática do sistema de metas e os princípios do livre mercado levando os preços ao equilíbrio.
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