Da Folha.com
O 
pós-Facebook   
Com quase um bilhão de usuários, o Facebook parece inquebrável. Seus números 
são tão grandes que chegam a se confundir com os da própria Internet. 
Entrelaçado a praticamente tudo que é social no mundo eletrônico, ele se tornou 
uma plataforma de interação ampla, usada para fins tão variados quanto publicar 
fotos, trocar ideias, ler textos ou jogar games cada vez mais complexos. 
Empresas de todos os tipos usam o cadastro do Facebook como crachá de 
identificação e todo dia surgem novos produtos e serviços desenvolvidos 
exclusivamente para ele. Um dos pilares do ambiente digital, é difícil imaginar 
o futuro sem ele. Não é à toa que a expectativa pela oferta pública de suas 
ações em Wall Street venha causando tanto furor.
Mas o mundo digital evolui muito rápido, e quem pretende ficar na frente não 
pode se acomodar se não quiser ser ultrapassado. Até há pouco tempo ninguém 
imaginava que a Microsoft seria ameaçada em sua hegemonia. Sorrateiramente, o 
Google foi invadindo o espaço com produtos e serviços integrados, apoiados na 
nuvem, pois tinha compreendido que o modelo de venda de software estava com os 
dias contados.
Hoje é importante pensar no que virá depois das mídias sociais. Modelo de 
comunicação praticamente inexistente há dez anos, hoje essas plataformas de 
publicação e compartilhamento se tornaram tão populares e influentes a ponto de 
reconfigurar a visão que se tinha da Internet. Se no final do século passado 
"estar online" significava ter acesso a bibliotecas do mundo inteiro hoje a 
experiência é muito mais próxima, informal e restrita. Por mais que redes como o 
Facebook tenham abrangência global, os grupos de contato e interesse formados 
nela normalmente consistem de pessoas de uma mesma cidade, bairro, ambiente ou 
escola, trocando ideias a respeito do que foi publicado por alguns formadores de 
opinião. Seu uso não é tão diferente do compartilhamento de algo acontecido no 
jogo de futebol, novela, política, notícia ou publicidade nos papos informais 
cotidianos.
É curioso perceber que boa parte da interação via redes sociais é muito mais 
passiva do que a antiga ideia de "surfar" na Internet. Se no século passado a 
rede era uma experiência dinâmica de descoberta, em que novas opiniões e 
informações eram descobertos a cada link clicado ou digitado, hoje as redes já 
vem com a programação pronta. Seu usuário não vê mais uma tela em branco de um 
browser, aguardando comandos, mas uma lista interminável de conteúdo 
compartilhado, que raramente traz algo de surpreendente ou desagradável.
No Facebook a web 2.0 foi transformada em um canal personalizado de 
televisão. A interação, quando há, normalmente é pobre, feita através de ações 
simples de aprovação e compartilhamento, fácil de se realizar via controle 
remoto. É bem provável que os novos aparelhos de TV que acessem a Internet sejam 
utilizados para se assistir a esse grande "canal", com programação ininterrupta, 
às vezes previsível e repetitiva, entregando para seus telespectadores 
exatamente aquilo que gostariam de assistir. A evolução digital parece alternar 
momentos de evolução e retrocesso.
Em um ambiente que se transforma a cada instante, as redes sociais precisam 
se transformar se pretendem continuar relevantes, como o fez a MTV. Na década de 
1980, sua popularidade era incontestável. Junto com a CNN e a ESPN, a MTV 
revolucionou o formato televisivo ao levar a linguagem do rádio para o vídeo. 
Seus apresentadores cheios de personalidade entregavam conteúdo ininterrupto, 
independente das grades de horário, chacoalhando um formato bastante comportado 
e acomodado. Nos anos oitenta, a experiência de assisti-la era o que havia de 
mais próximo do que seria mais tarde a Internet, com novas ideias, linguagens e 
conteúdos o tempo todo. Mas a glória durou pouco.
A Internet (e serviços como o MySpace, iTunes e YouTube) tornaram a ideia de 
uma TV que lançava artistas uma coisa velha e engessada. O problema não estava 
na MTV, mas na TV como um todo. Para se manter sintonizada, a emissora precisou 
mudar de linguagem e de programação, e apanhou um bocado até se transformar em 
uma emissora que estrutura e populariza novas formas de humor e entretenimento, 
fazendo uma bela curadoria de conteúdo de tudo que é produzido nas mídias 
sociais.
O Facebook precisa ficar igualmente esperto se não quiser correr o risco de 
envelhecer rapidamente. Por mais que ele seja a maior rede do mundo, sua 
experiência é fria, passiva, simplória. Usuários de videogames, MMORPGs e de 
outras redes mais intensas até estão nele, mas não conseguem entender como um 
ambiente tão sem graça cause fascínio. Suas queixas são parecidas com aquelas 
feitas pelos usuários de Internet sobre a TV na virada do século.
Dentre essas redes, o Club Penguin chama a atenção. Seus usuários são 
crianças e pré-adolescentes, que não conseguem imaginar uma relação completa sem 
a ajuda de telas ou botões. A interação ali começa com a definição da própria 
personalidade e apresentação para o mundo. Como todos ali são pingüins 
genéricos, as personalidades não são definidas por nomes de família, local de 
residência ou trabalho. Em uma verdadeira meritocracia, todos começam iguais e 
só ganham importância conforme sua participação e interação social.
Decorando seus iglus, participando de conversas privadas, vestindo 
cuidadosamente suas aves-avatares conforme a ocasião e cuidando de seus Puffles 
para que não fujam, muitos desses habitantes do Século 21 aprendem o que há de 
interessante (e de deprimente) no mundo adulto à medida que participam de 
festas, economizam suas moedas e produzem notícias para o jornalzinho local.
Se o Facebook não compreender (e incorporar) essas mudanças, pode perder 
importância tão rapidamente quanto a ganhou, já que é fácil imaginar essas que 
hoje são crianças migrando para uma nova rede, mais ativa, estimulante e 
debatedora, muito mais real, duradoura e interessante do que a passividade do 
asséptico mundo azul em que só é permitido "curtir" e "compartilhar".

 
Estaleiro de Pernambuco ainda não conseguiu entregar seu 1º navio e um dos principais sócios deixou o negócio
FÁBIO GUIBU
DE RECIFE
Considerado pelo ex-presidente Lula um marco na retomada da indústria naval brasileira, o estaleiro Atlântico Sul S.A. teve prejuízo de R$ 1,47 bilhão em 2011 -o equivalente a 70% do total investido na sua construção.
A empresa, instalada no complexo industrial e portuário de Suape, em Pernambuco, ainda não conseguiu entregar seu primeiro navio, o João Cândido, que chegou a ser lanç
...Ver mais ado ao mar por Lula em maio de 2010, na presença da então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
No seu balanço, o estaleiro atribuiu o prejuízo ao aumento dos custos decorrentes de "problemas técnicos e operacionais". Entre as principais dificuldades, a companhia aponta o "superdimensionamento" e a "falta de mão de obra qualificada".
Criado em novembro de 2005, o Atlântico Sul chegou a ter 11 mil empregados, o dobro do que previa no início das operações. Pescadores, trabalhadores rurais e donas de casa da região foram treinados e contratados para trabalhar como operários.
A força de trabalho, diz a companhia, foi redimensionada e adequada "ao número recomendado para um estaleiro do porte". Hoje, são 5.000 trabalhadores.
Um dos principais acionistas, a Samsung Heavy Industries, deixou o negócio em 2011 e suas ações foram adquiridas pelos outros dois sócios, a Camargo Corrêa Naval Participações Ltda e a Queiroz Galvão Participações-Concessões S.A.
A empresa procura agora um novo parceiro tecnológico.
Postar novo Comentário