As casas e a solidão
As casas grandes têm essa característica, povoam-se de solidão, os imensos corredores, os quartos que nunca serão habitados, as camas que nunca serão desfeitas, que nunca sentirão um corpo quente, o vazio, um perpetuo vazio.
A solidão gosta de viver em casas grandes, nos pequenos casebres de paredes baixas, todas as divisões são habitadas, o calor da alma humana aquece o esp...aço, as paredes ganham vida, toda a casa ganha vida, toda a casa mexe como um corpo, como um ser vivo, respira, alimenta-se, dorme, chora, grita, comove-se, enraiva-se, constrói os seus próprios caprichos, os seus vícios, e resiste no seu próprio calor. Apenas a morte, a democrática morte, as torna iguais, porque na ruína todos somos iguais, uns cedem mais cedo que outros, uns mais curvados, outros direitos como as árvores, que essas, morrem firmes, direitas, outros há que se recusam a ruir, mas na sua essência são os mesmo elementos que as destroem, a solidão, o abandono, o tempo, o vagaroso tempo e os seus elementos, o vento, a chuva, o calor, e as tempestades que destroem até o mais altivo dos castelos, a mais poderosa fortaleza, que erguida pedra a pedra, também ela perece se não existirem almas para a habitar, para a defender, para a cuidar, para no seu ventre florescer.
De nada serve a mais poderosa edificação, se nela não habitar uma alma.(...)
Dulce Antunes
As casas grandes têm essa característica, povoam-se de solidão, os imensos corredores, os quartos que nunca serão habitados, as camas que nunca serão desfeitas, que nunca sentirão um corpo quente, o vazio, um perpetuo vazio.
A solidão gosta de viver em casas grandes, nos pequenos casebres de paredes baixas, todas as divisões são habitadas, o calor da alma humana aquece o esp...aço, as paredes ganham vida, toda a casa ganha vida, toda a casa mexe como um corpo, como um ser vivo, respira, alimenta-se, dorme, chora, grita, comove-se, enraiva-se, constrói os seus próprios caprichos, os seus vícios, e resiste no seu próprio calor. Apenas a morte, a democrática morte, as torna iguais, porque na ruína todos somos iguais, uns cedem mais cedo que outros, uns mais curvados, outros direitos como as árvores, que essas, morrem firmes, direitas, outros há que se recusam a ruir, mas na sua essência são os mesmo elementos que as destroem, a solidão, o abandono, o tempo, o vagaroso tempo e os seus elementos, o vento, a chuva, o calor, e as tempestades que destroem até o mais altivo dos castelos, a mais poderosa fortaleza, que erguida pedra a pedra, também ela perece se não existirem almas para a habitar, para a defender, para a cuidar, para no seu ventre florescer.
De nada serve a mais poderosa edificação, se nela não habitar uma alma.(...)
Dulce Antunes
Nenhum comentário:
Postar um comentário