O caso de homofobia em Camaçari


Por IV AVATAR
Homofobia: Irmãos gêmeos são atacados por serem confundidos com gays. Um sobrevive aos ataques. As imagens são chocantes, quem tiver estômago busque na web. Interessante se notar que este tipo de ataque movido por ódio, sempre acontece com requintes de crueldade. Quando do ataque a pai e filho, quando os dois também foram confundindos com homossexuais, os agressores arrancaram com dentadas a orelha de uma das vítimas. Sempre imagino que o discurso do ódio promovido por algumas lideranças religiosas dá nisso. Quem não se lembra do pastor Silas Malafaia mandando a "Igreja Católica" descer o porrete nos gays?" em seu programa diário na TV que, como se sabe, é concessionária de serviço público e, como tal, está à mercê de regras básicas de civilidade: O resultado da omissão do Estado está aí. Até quando.
Do blog do Dárcio Rabêlo
Jovem de Ibimirim que foi espancado em ataque homofóbico na Bahia recebe alta e pede justiça pela morte do irmão
 Luciano da Matta/Agência A Tarde/AE)Vítima foi morta na madrugada de domingo.
Espancado por oito homens na saída de uma festa junina no domingo (24) em Camaçari na Bahia, José Leandro da Silva, 22 anos, recebeu alta do Hospital Geral de Camaçari (HGC) e disse que espera agora que seja feita justiça pela morte do irmão gêmeo, José Leonardo Silva. Os dois estavam abraçados e segundo a polícia apanharam porque os agressores acreditaram que os irmãos eram um casal homossexual. Além de perder o irmão, Leandro teve o maxilar quebrado em três lugares, quase teve o olho esquerdo perfurado e ainda terá que ser submetido a uma cirurgia. "Meu rosto está bem ferido, roxo. Sinto muita dor na cabeça e nas costas. Não consigo entender, estávamos saindo da festa, indo para casa, quando fomos surpreendidos. A gente nem viu de onde eles vieram, já chegaram batendo, chamando a gente de mulherzinha. Tentamos correr, mas eles tinham punhal, faca, pedra...", lembra Leandro.
Depois do crime, José Leandro voltou para Ibimirim (PE), sua terra natal, onde o corpo do irmão foi sepultado. Em entrevista à TV Bahia, ele falou sobre a dor da perda e o desejo de que haja justiça no caso.
"A gente foi agredido por chute, murro, soco. Aí eu perguntei o que foi. 'É duas mulherzinhas'. Chamavam a gente de 'mulherzinhas'. Eu acho que é a homofobia que está surgindo no mundo aí, que homem não pode sair abraçado com outro homem, pai não pode abraçar um filho. Quero que a Justiça vá até o fim. Meu irmão era minha alma gêmea. Trabalhava junto, a gente saía, a gente se divertia junto. Foi uma perda muito grande. É uma dor que eu nunca vou superar", contou.
José Leonardo chegou a ser socorrido para o HGC, mas morreu no mesmo dia por conta das agressões a socos e pedradas. Os dois tinham participado do Camaforró e saiam da festa na madrugada de domingo quando foram abordados pelos suspeitos, que saíram de um microônibus para atacá-los. Os suspeitos tentaram fugir em um ônibus fretado, mas foram detidos pela Polícia Rodoviária. Leandro sofreu afundamento na face, mas passa bem depois da alta médica. Leonardo era casado e deixa a esposa grávida de quatro meses. Já Leandro está solteiro e tem uma filha de quatro meses.
Em 2006, Leandro conta que se mudou para Camaçari, local onde uma de suas irmãs mora, em busca de oportunidade de trabalho. Leonardo seguiu para a cidade logo depois. Os irmãos trabalhavam juntos em uma fábrica de telhas do município
Suspeitos detidos
Os agressores foram presos e levados para a 18ª Delegacia (Camaçari) - cinco dos oito suspeitos conduzidos foram autuados pela delegada Maria Tereza Santos Silva - entre eles Douglas dos Santos Estrela, 19; Adriano Santos Lopes da Silva, 21; e Adan Jorge Araújo Benevides, 22, autuados por homicídio qualificado e formação de quadrilha. O irmão de Douglas, Diogo dos Santos Estrela, está foragido. Nenhum deles tem passagem pela polícia.
A delegada Maria Tereza diz que os acusados não conheciam as vítimas e que o depoimento do irmão sobrevivente dá força à hipótese de homofobia. "Tanto o irmão gêmeo que ficou vivo como os agressores não se conheciam, isso está claro nas investigações", explica.
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