O custo do fim do euro à Alemanha
Enviado por luisnassif, qui, 28/06/2012 - 14:41
Por Paulo F.
De Dinheirovivo.pt
Por Nuno Aguia
Segundo a "Der Spiegel", o Governo alemão calcula que o fim da moeda única provoque uma recessão de 10% e quase duplique o desemprego
Quanto custaria à Alemanha fim do euro
O que representa para a Alemanha estar na zona euro? Desde o início da crise, Berlim tem-se posicionado enquanto o país que menos tem a perder com a crise da moeda única, evitando ao máximo fazer cedências em acordos com os parceiros comunitários. No entanto, num cenário de rutura da zona euro, a economia alemã sofreria um choque profundo. Segundo um relatório do Ministério das Finanças a que a revista alemã "Der Spiegel" teve acesso, o fim do euro provocaria uma recessão de 10% no primeiro ano e duplicaria o atual nível de desemprego alemão.
A um dia de mais uma Cimeira da União Europeia, a corda continua a ser puxada pelos dois lados: a Alemanha (e outros países do Norte) reclama perdas importantes de soberania e programas de austeridade duros para países que queiram beneficiar de empréstimos comunitários; os países em dificuldades pedem a mutualização da dívida (eurobonds), menos austeridade e alterações de estruturas europeias, nomeadamente o papel do Banco Central Europeu (BCE). A corda tem quebrado sempre do mesmo lado - o mais frágil.
A chanceler alemã Angela Merkel tem-se mostrado intransigente em vários temas, recusando cedências. Ainda ontem terá dito aos deputados do FDP que "enquanto for viva" recusará qualquer iniciativa relacionada com eurobonds.
Portugal e outros países alienados pelos mercados financeiros têm sido encostados à parede pela Alemanha: a dureza da austeridade ou o choque da saída ou fim do euro. Mas Berlim tem todos os motivos para se esforçar para encontrar soluções para a crise. A confirmarem-se os dados do relatório a que a "Der Spiegel" publicou - o Ministério das Finanças alemão diz desconhecer o documento - significa que Merkel sabe perfeitamente o que tem a perder com a crise. Perante um cenário de recessão de 10% e cinco milhões de desempregados, a emissão de eurobonds, o reforço dos fundos de resgate e a constituição do Banco Central Europeu (BCE) como um credor de último recurso, poderão ser "males menores" para Berlim.
"Uma dissolução da zona euro teria consequências catastróficas para a economia alemã", escreve a "Der Spiegel". "O Ministério das Finanças [alemão] tem mantido esta informação em segredo, temendo um descontrolo do custo de salvação do euro."
Mais: os principais parceiros comerciais alemães são países da moeda única e a zona euro permitiu o forte desenvolvimento das exportações alemães; os custos de financiamento da Alemanha estão cada vez mais baixos, registando-se mesmo juros negativos.
Os dados divulgados pela "Der Spiegel" surgem numa altura em que o apoio dos alemães à permanência na zona euro é cada vez mais baixo. Influenciados por uma narrativa de divisão da Europa entre preguiçosos (países do Sul) e trabalhadores (Norte), quatro em cada dez desejam abandonar a moeda única. Uma tendência que traz preocupações para o futuro. É que, em breve, Angela Merkel terá de convencer os alemães a votar nela. Uma retórica anti-euro pode ajudar
De Dinheirovivo.pt
Por Nuno Aguia
Segundo a "Der Spiegel", o Governo alemão calcula que o fim da moeda única provoque uma recessão de 10% e quase duplique o desemprego
Quanto custaria à Alemanha fim do euro
O que representa para a Alemanha estar na zona euro? Desde o início da crise, Berlim tem-se posicionado enquanto o país que menos tem a perder com a crise da moeda única, evitando ao máximo fazer cedências em acordos com os parceiros comunitários. No entanto, num cenário de rutura da zona euro, a economia alemã sofreria um choque profundo. Segundo um relatório do Ministério das Finanças a que a revista alemã "Der Spiegel" teve acesso, o fim do euro provocaria uma recessão de 10% no primeiro ano e duplicaria o atual nível de desemprego alemão.
A um dia de mais uma Cimeira da União Europeia, a corda continua a ser puxada pelos dois lados: a Alemanha (e outros países do Norte) reclama perdas importantes de soberania e programas de austeridade duros para países que queiram beneficiar de empréstimos comunitários; os países em dificuldades pedem a mutualização da dívida (eurobonds), menos austeridade e alterações de estruturas europeias, nomeadamente o papel do Banco Central Europeu (BCE). A corda tem quebrado sempre do mesmo lado - o mais frágil.
A chanceler alemã Angela Merkel tem-se mostrado intransigente em vários temas, recusando cedências. Ainda ontem terá dito aos deputados do FDP que "enquanto for viva" recusará qualquer iniciativa relacionada com eurobonds.
Portugal e outros países alienados pelos mercados financeiros têm sido encostados à parede pela Alemanha: a dureza da austeridade ou o choque da saída ou fim do euro. Mas Berlim tem todos os motivos para se esforçar para encontrar soluções para a crise. A confirmarem-se os dados do relatório a que a "Der Spiegel" publicou - o Ministério das Finanças alemão diz desconhecer o documento - significa que Merkel sabe perfeitamente o que tem a perder com a crise. Perante um cenário de recessão de 10% e cinco milhões de desempregados, a emissão de eurobonds, o reforço dos fundos de resgate e a constituição do Banco Central Europeu (BCE) como um credor de último recurso, poderão ser "males menores" para Berlim.
"Uma dissolução da zona euro teria consequências catastróficas para a economia alemã", escreve a "Der Spiegel". "O Ministério das Finanças [alemão] tem mantido esta informação em segredo, temendo um descontrolo do custo de salvação do euro."
Mais: os principais parceiros comerciais alemães são países da moeda única e a zona euro permitiu o forte desenvolvimento das exportações alemães; os custos de financiamento da Alemanha estão cada vez mais baixos, registando-se mesmo juros negativos.
Os dados divulgados pela "Der Spiegel" surgem numa altura em que o apoio dos alemães à permanência na zona euro é cada vez mais baixo. Influenciados por uma narrativa de divisão da Europa entre preguiçosos (países do Sul) e trabalhadores (Norte), quatro em cada dez desejam abandonar a moeda única. Uma tendência que traz preocupações para o futuro. É que, em breve, Angela Merkel terá de convencer os alemães a votar nela. Uma retórica anti-euro pode ajudar
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