.Bresser e o pêndulo da economia
Enviado por luisnassif, sab, 07/01/2012 - 17:54
Por raquel_
Comentário do post Bresser-Pereira e os intelectuais platonistas
Uma coisa que eu achei interessante na entrevista do Bresser é que embora hoje ele se ponha como um economista que trabalha com os aspectos históricos, culturais e sociais para entender fenômeno da economia dentro do sistema capitalista; no momento em que ele resolve justificar a hegemonia do pensamento ortodoxo, vem um papo completamente mistificador de que "os intelectuais resolveram entrar numa nova onda platonista".
Ora, isso não me explica nada do porque o pensamento neoliberal se tornou hegemônico.
E eu sinceramente acho que ele não entrou nesse assunto pq inevitavelmente entraria uma discussão sobre os limites do keynesiamo enfrentou e que permitiram a volta de um liberalismo mais agressivo. E isso não serve para a sua nova "militância" no momento.
Por Luís Nassif
Observação relevante da raquel_, que remete para um conceito que ficou claro para mim a partir dos anos 90: o movimento pendular das ideias e da economia.
É assim: uma determinada linha de pensamento torna-se hegemônica em determinado período. As ideias fornecem a base política para o direcionamento da política econômica para os novos campeões. Estratificam-se interesses, a falta de centros de pensamento, especialmente de uma mídia sintonizada com os novos tempos, atrasa o desenvolvimento dos novos conceitos.
A economia muda mas os campeões do modelo em declínio mantem o poder político, a influência ideológica sobre mídia, parlamento e governo. Foi o que aconteceu com o modelo geiselista, que tinha muitos defensores dentre os economistas desenvolvimentistas. No final dos anos 80, jornalista que ousasse ser contra a reserva de mercado da informática era taxado de inimigo da pátria.
O pêndulo vai se radicalizando até uma crise desnudar o modelo – que cai de maduro. Aí passa a ser substituído por novo modelo que, no início, corrige os exageros do modelo anterior e inaugura novos campeões.
Depois, estratifica-se, acomoda-se sobre a nova ideologia reinante e vai criando novos vícios que vão crescendo, crescendo, sem que nenhuma força contrária amenize essa radicalização. É o que ocorre com o pensamento neolilberal de FHC. Quem ousasse propor qualquer noção de pensamento estratégico, qualquer ajuste nos descaminhos do câmbio, qualquer dúvida sobre o nível absurdo das taxas de juros, era taxado de anacrônico.
Daqui para a frente, o grande desafio será defender o novo desenvolvimentismo de olhos abertos para os abusos que surgirão mais à frente, amenizando o movimento pendular para torná-lo mais estável.
A construção dos grandes países não se deu em cima dessas contendas ideológicas – que servem muito mais de matéria prima para alimentar grupos acadêmicos e partidos políticos do que para construir nações. O importante é ter o pragmatismo de analisar as melhores soluções fora do arcabouço ideológico das escolas econômicas e definir o radar em torno de fins claros, objetivos. Depois, buscar o meio que melhor permita alcança-lo, independentemente de qualquer enquadramento ideológico.
Enviado por luisnassif, sab, 07/01/2012 - 17:54
Por raquel_
Comentário do post Bresser-Pereira e os intelectuais platonistas
Uma coisa que eu achei interessante na entrevista do Bresser é que embora hoje ele se ponha como um economista que trabalha com os aspectos históricos, culturais e sociais para entender fenômeno da economia dentro do sistema capitalista; no momento em que ele resolve justificar a hegemonia do pensamento ortodoxo, vem um papo completamente mistificador de que "os intelectuais resolveram entrar numa nova onda platonista".
Ora, isso não me explica nada do porque o pensamento neoliberal se tornou hegemônico.
E eu sinceramente acho que ele não entrou nesse assunto pq inevitavelmente entraria uma discussão sobre os limites do keynesiamo enfrentou e que permitiram a volta de um liberalismo mais agressivo. E isso não serve para a sua nova "militância" no momento.
Por Luís Nassif
Observação relevante da raquel_, que remete para um conceito que ficou claro para mim a partir dos anos 90: o movimento pendular das ideias e da economia.
É assim: uma determinada linha de pensamento torna-se hegemônica em determinado período. As ideias fornecem a base política para o direcionamento da política econômica para os novos campeões. Estratificam-se interesses, a falta de centros de pensamento, especialmente de uma mídia sintonizada com os novos tempos, atrasa o desenvolvimento dos novos conceitos.
A economia muda mas os campeões do modelo em declínio mantem o poder político, a influência ideológica sobre mídia, parlamento e governo. Foi o que aconteceu com o modelo geiselista, que tinha muitos defensores dentre os economistas desenvolvimentistas. No final dos anos 80, jornalista que ousasse ser contra a reserva de mercado da informática era taxado de inimigo da pátria.
O pêndulo vai se radicalizando até uma crise desnudar o modelo – que cai de maduro. Aí passa a ser substituído por novo modelo que, no início, corrige os exageros do modelo anterior e inaugura novos campeões.
Depois, estratifica-se, acomoda-se sobre a nova ideologia reinante e vai criando novos vícios que vão crescendo, crescendo, sem que nenhuma força contrária amenize essa radicalização. É o que ocorre com o pensamento neolilberal de FHC. Quem ousasse propor qualquer noção de pensamento estratégico, qualquer ajuste nos descaminhos do câmbio, qualquer dúvida sobre o nível absurdo das taxas de juros, era taxado de anacrônico.
Daqui para a frente, o grande desafio será defender o novo desenvolvimentismo de olhos abertos para os abusos que surgirão mais à frente, amenizando o movimento pendular para torná-lo mais estável.
A construção dos grandes países não se deu em cima dessas contendas ideológicas – que servem muito mais de matéria prima para alimentar grupos acadêmicos e partidos políticos do que para construir nações. O importante é ter o pragmatismo de analisar as melhores soluções fora do arcabouço ideológico das escolas econômicas e definir o radar em torno de fins claros, objetivos. Depois, buscar o meio que melhor permita alcança-lo, independentemente de qualquer enquadramento ideológico.
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