Mais da metade dos 125 cardeais da Igreja Católica é de origem europeia. América Latina, região que concentra maior número de católicos, continua mal representada entre os principais assessores de Bento 16.
Há anos, analistas da religião católica falam na tendência de uma Igreja mais internacionalizada. Os argumentos para tal diversificação seriam o crescente número de católicos na América Latina, ao contrário da Europa, onde a religião dá sinais de debilidade. No entanto, essa mudança ainda não se reflete no círculo de cardeais. Isso mostra o Consistório que transcorre neste sábado (18/02) no Vaticano, com a ordenação solene de 22 novos cardeais.
Poucos latino-americanos
Os cardeais não são apenas os mais altos dignitários católicos, depois do Papa, como também seus mais importantes assessores. Além disso, formam o Colégio Cardinalício, que organiza a votação para escolha do Papa e, por fim, o elege. Dos 22 novos cardeais recém-nomeados por Bento 16, quatro têm mais que 80 anos, não podendo, portanto, participar mais da eleição papal.
Com o resultado do atual Consistório, a proporção de cardeais europeus será a maior das últimas décadas: 67 de um total de 125, sendo quase um quarto, italianos. Na lista dos 22 novos escolhidos pelo Papa, constam 16 da Europa, dois da Ásia e quatro das Américas. Entre eles, um brasileiro: dom João Braz de Aviz, ex-arcebispo de Brasília e atual prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.
Na verdade, muitos especialistas contavam com a diminuição do papel tradicionalmente forte dos italianos no Colégio Cardinalício e na Cúria, o órgão administrativo da Santa Sé. No entanto, ocorre justamente o contrário.
A composição do atual Colégio não reflete, em absoluto, a dinâmica do catolicismo mundial nas últimas décadas. Apenas um em cada quatro católicos vive na Europa; aproximadamente metade se encontra nas Américas, principalmente na América Latina. Quase a metade dos 1,2 bilhão de católicos do mundo fala português ou espanhol.
Porém justamente os países onde o catolicismo floresce estão mal representados no círculo que elege o Papa: o Brasil passará a ter seis cardeais abaixo dos 80 anos, o México terá quatro. Se a Igreja Católica tivesse que eleger agora um novo líder, dos participantes do Conclave apenas 22 cardeais seriam latino-americanos. Além disso, três deles completam 80 anos de idade em 2012, ficando, assim, fora da eleição papal.
Dominância alemã
Numa análise mais detalhada dos cardeais europeus, nota-se que, depois da Itália, a Alemanha é a presença mais forte. Com os dois novos nomeados no Consistório deste sábado, são nove cardeais alemães, o maior número na história do Vaticano. Um outro superlativo: aos 55 anos, o atual arcebispo de Berlim, Rainer Maria Woelki, será o cardeal mais jovem da história.
A cerimônia do final de semana vai registrar ainda um outro ponto interessante: no futuro, 63 dos 125 cardeais que poderão eleger o novo papa – quase a metade – foram nomeados pelo atual líder da Igreja, Bento 16.
Contudo, a distribuição nacional e continental não permite necessariamente prever o resultado de um próximo Conclave. Na escolha do Sumo Pontífice, as escolas teológicas e os círculos de amizades são fatores mais determinantes. Mas,seja como for, parecem bastante restritas as chances de, num futuro próximo, um latino-americano se tornar o sucessor de São Pedro.
Autores: Christoph Strack (np)
Revisão: Augusto Valente
Poucos latino-americanos
Os cardeais não são apenas os mais altos dignitários católicos, depois do Papa, como também seus mais importantes assessores. Além disso, formam o Colégio Cardinalício, que organiza a votação para escolha do Papa e, por fim, o elege. Dos 22 novos cardeais recém-nomeados por Bento 16, quatro têm mais que 80 anos, não podendo, portanto, participar mais da eleição papal.
Com o resultado do atual Consistório, a proporção de cardeais europeus será a maior das últimas décadas: 67 de um total de 125, sendo quase um quarto, italianos. Na lista dos 22 novos escolhidos pelo Papa, constam 16 da Europa, dois da Ásia e quatro das Américas. Entre eles, um brasileiro: dom João Braz de Aviz, ex-arcebispo de Brasília e atual prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.
Na verdade, muitos especialistas contavam com a diminuição do papel tradicionalmente forte dos italianos no Colégio Cardinalício e na Cúria, o órgão administrativo da Santa Sé. No entanto, ocorre justamente o contrário.
A composição do atual Colégio não reflete, em absoluto, a dinâmica do catolicismo mundial nas últimas décadas. Apenas um em cada quatro católicos vive na Europa; aproximadamente metade se encontra nas Américas, principalmente na América Latina. Quase a metade dos 1,2 bilhão de católicos do mundo fala português ou espanhol.
Porém justamente os países onde o catolicismo floresce estão mal representados no círculo que elege o Papa: o Brasil passará a ter seis cardeais abaixo dos 80 anos, o México terá quatro. Se a Igreja Católica tivesse que eleger agora um novo líder, dos participantes do Conclave apenas 22 cardeais seriam latino-americanos. Além disso, três deles completam 80 anos de idade em 2012, ficando, assim, fora da eleição papal.
Dominância alemã
Numa análise mais detalhada dos cardeais europeus, nota-se que, depois da Itália, a Alemanha é a presença mais forte. Com os dois novos nomeados no Consistório deste sábado, são nove cardeais alemães, o maior número na história do Vaticano. Um outro superlativo: aos 55 anos, o atual arcebispo de Berlim, Rainer Maria Woelki, será o cardeal mais jovem da história.
A cerimônia do final de semana vai registrar ainda um outro ponto interessante: no futuro, 63 dos 125 cardeais que poderão eleger o novo papa – quase a metade – foram nomeados pelo atual líder da Igreja, Bento 16.
Contudo, a distribuição nacional e continental não permite necessariamente prever o resultado de um próximo Conclave. Na escolha do Sumo Pontífice, as escolas teológicas e os círculos de amizades são fatores mais determinantes. Mas,seja como for, parecem bastante restritas as chances de, num futuro próximo, um latino-americano se tornar o sucessor de São Pedro.
Autores: Christoph Strack (np)
Revisão: Augusto Valente
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