Os grupos políticos que lutam contra o governo na Síria

Por Assis Ribeiro

Conheça os diferentes grupos políticos que lutam contra o governo na Síria

Da BBC Brasil

O governo sírio está enfrentando a oposição de uma série de grupos políticos, alguns que já existem há anos e outros que surgiram no final de 2010, quando começou a onda de protestos no Oriente Médio.

Partidos de oposição são proibidos na Síria desde 1963, quando o Partido Baath tomou o poder e implementou algumas leis de emergência.

Entre as dezenas de partidos na ativa estão esquerdistas, secularistas, islamistas e nacionalistas árabes. Décadas de repressão obrigou as siglas a operarem na clandestinidade ou no exílio. A oposição formal ao governo é fragmentada e enfraquecida.


r /> Diversos grupos tentaram formar uma frente unida para fazer face ao governo, que está determinado a ficar no governo.

Irmandade Muçulmana

Participação na Irmandade Muçulmana era crime com possibilidade de pena de morte em 1980. Dois anos depois, o então presidente Hafez Al-Assad derrotou uma revolta armada da Irmandade na cidade de Hama. Grupos de direitos humanos afirmam que pelo menos 20 mil pessoas morreram.

O líder do grupo, Mohammad Riad Shaqfa, que vive no exílio, diz que a Irmandade busca mudanças democráticas não-violentas para substituir o regime autocrático por um sistema mais plural. A Irmandade afirma que não quer transformar a Síria em um Estado islâmico.

Partidos curdos

Grupos curdos vêm buscando direitos civis para seu grupo étnico, mas as autoridades estão tentando organizar a minoria a sua maneira, ao prender alguns líderes curdos e negociar diretamente com algumas tribos.

Grupos de direitos humanos afirmam que os curdos sírios enfrentam "preconceito sistêmico" no país, e que dezenas de milhares continuam sem nacionalidade desde reformas na legislação síria nos anos 1960.

Conselho Nacional da Síria (CNS)

O Conselho Nacional da Síria – formado na Turquia no segundo semestre de 2011 – reúne diversos grupos políticos de oposição da Síria. O líder Burhan Ghalioun disse que a CNS une "forças de oposição e de revolução pacífica".

O CNS inclui:

A Declaração pela Mudança Democrática: um movimento nascido na "Primavera de Damasco" de 2000/2001, que exige amplas reformas democráticas, mas que foi ignorado pelo governo.

A Irmandade Muçulmana.

Os Comitês de Coordenação Local: movimentos populares que lideraram protestos em todo o país.

A Comissão Geral da Revolução Síria: i,a coalizão de 40 grupos populares de oposição.

Facções curdas, líderes tribais e grupos independentes.

O CNS quer derrubar o governo e rejeita qualquer tipo de diálogo com o regime. Oficialmente o grupo se opõe a intervenção militar estrangeira, mas defende que a comunidade internacional "proteja o povo sírio".

Comitê Nacional de Coordenação (CNC)

O Comitê Nacional de Coordenação (CNC), formado em setembro de 2011, é composto por grupos de oposição dentro da Síria. O CNC pede uma mudança pacífica, se opõe à intervenção militar internacional e acredita que integrantes do atual regime podem ter um papel na transição, segundo Hussein Abdul Azim, um dos líderes do movimento.

Para o CNC, uma possível derrubada do governo provocaria caos em todo o país.

O CNC desafia a primazia do Conselho Nacional Sírio e é contra a influência da Irmandade Muçulmana.

Exército pela Libertação da Síria (ELS)

O Exército pela Libertação da Síria (ELS) foi formado em agosto de 2011 por desertores do Exército do governo sírio. Ele é liderado pelo ex-militar Riyad al-Asad.

O grupo diz estar "trabalhando lado a lado com o povo para obter liberdade e dignidade, derrubar o regime, proteger a revolução e os recursos do país, e se levantar contra a máquina militar irresponsável que protege o regime".

A força do Exército pela Libertação da Síria ainda é desconhecida. O grupo dizia contar com mais de 15 mil pessoas em outubro, mas há relatos diários de novas deserções das Forças Armadas do governo. Os desertores estariam se juntando ao ELS.

O grupo admite não ter força suficiente para enfrentar o Exército sírio, que possui mais de 200 mil soldados.

Com base na Turquia, os combatentes lançaram ataques cada vez mais violentos e mortais contra as forças sírias na província de Idlib, no noroeste do país, além de ações em Homs, Hama e nos subúrbios de Damasco.

Em janeiro, moradores de Zabadani, uma cidade que fica em uma região montanhosa 40 quilômetros ao noroeste da capital, disseram que o local havia sido "libertado" pelo ELS. Poucos dias depois, eles teriam tomado por algumas horas Douma, um subúrbio a 10 quilômetros de Damasco.

O líder do ELS aceitou coordenar operações do seu Exército com ações do Conselho Nacional Sírio, que inicialmente havia manifestado oposição à luta armada na Síria.