domingo, 25 de setembro de 2011
Arnaldo jabor
A crise é sempre culpa do outro. Ninguém quer partilhar a crise. A crise provoca ciúmes. A crise é um latifúndio improdutivo que ninguém quer dividir. A crise pode ser uma atração turística, uma marca nacional. Uns países têm o urso cinzento, como os Estados Unidos, outros, a nouvelle cuisine, outros as estações de esqui, nós temos o erro permanente, o destino-pastelão. A crise demanda mais crise, como a heroína. A crise preenche nossas vidas. A crise é uma minissérie da Globo. Já há um certo carinho moderno pela crise. O dia em que a crise for embora, o que faremos? O que será de nós, sem assunto, sem tremor, relegados a tarefas menores como, digamos… trabalhar? Teremos então um intenso tédio conjugal pela Pátria.
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