terça-feira, 27 de setembro de 2011

Reinaldo Azevedo

Policiais na UPA de Bonsucesso, fechada depois que um bandido tentou se esconder no prédio: segundo dia de tiroteio entre policiais e traficantes de Manguinhos (Palo Jacob/Ag.O Globo)


Na VEJA Online:

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Maré, no Rio de Janeiro, foi fechada por motivos de segurança. A informação foi divulgada nesta segunda-feira pela secretaria estadual de Saúde. O pedido para que a UPA parasse de funcionar partiu do comando da Polícia Militar, por causa das operações realizadas no conjunto de favelas durante as últimas duas semanas.



Em nota, a secretaria afirma que a medida é uma forma de “preservar a população local e a equipe de profissionais da saúde que atua na unidade”. A orientação para quem precisar de atendimento médico é procurar o Hospital Geral de Bonsucesso, a UPA da Penha ou a UPA da Ilha do Governador.



As Unidades de Pronto Atendimento estão para a política de saúde do governo estadual como as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) estão para a política de segurança. Adotadas no primeiro governo de Sérgio Cabral, ambas foram fartamente utilizadas na campanha que resultou em sua reeleição. No segundo mandato, problemas de vários tipos mostraram que nenhuma das duas é, por si só, solução para os complexos desafios da saúde e da segurança no estado.



No caso do complexo da Maré, na zona Norte do Rio, a segurança é o foco do problema. O conjunto de favelas não foi pacificado e ainda serve de abrigo para traficantes venderem drogas e desfilares seus armamentos pesados. Não é raro a realização de operações da polícia na área. A cada ação policial na Maré fica evidente o poder de fogo dos criminosos. Na semana passada, foram apreendidos fuzis, uma metralhadora, duas pistolas e duas granadas.



No começo de setembro, outra operação realizada pelo 22º BPM (Maré) apreendeu armas e drogas. Na ocasião, foram encontrados 30 quilos de maconha, um quilo de pasta de cocaína e três mil pedras de crack. Mas, apesar de serem feitas operações, as apreensões e algumas prisões feitas pela polícia no Complexo da Maré acabam por enxugar gelo. O tráfico e as armas não diminuem e a polícia é, normalmente, recebida a tiros.



A retirada da UPA resolve o problema dos profissionais de saúde que atendiam ali. Mas para ter acesso a atendimento médico nos locais indicados pela secretaria de Saúde - e também para trabalhar, fazer compras ou estudar - os moradores da Maré continuarão a atravessar um campo de batalha.



Por Reinaldo Azevedo

Tags: Rio, Sérgio Cabral

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