A histórica Companhia Paulista de Estradas de Ferro

Por IgorEliezer

Um pouco sobre ferrovias e sobre pessoas que cuidavam delas heroicamente:

De Blog do Ralph Giesbrecht
COMPANHIA PAULISTA, 1950: ASSIM SE CUIDAVA UMA FERROVIA SÉRIA 

O texto abaixo foi publicado na Revista NOSSA ESTRADA, da Editora Abril S.A., edição de maio a agosto de 1975: FEPASA – Ferrovia Paulista S/A, Edição Especial nº 439/442
Coluna: “Um fato em foco” - Pg 151. Foi-me enviado, já transcrito e com as fotografias, pelo Douglas Hidalgo, de Osvaldo Cruz, SP, nesta manhã.
QUANTO VALE UM BOM SERVIÇO DE RONDA
A Viagem do noturno NJ09 poderia ter tido um trágico fim, não fosse o sinal de perigo feito pela luz vermelha da lanterna do “ronda”. À sua frente estava a linha desmoronada pelo temporal.

(Engenheiro Renato Costallat)
Março de 1950. Companhia Paulista de Estradas de Ferro.
Intensas chuvas ainda assolavam a Alta Paulista, apesar desse mês avançado para as águas.
Naquele dia, o trem noturno NJ9, com inúmeros passageiros, já tinha deixado a estação de Esmeralda, com destino a Fernão Dias, quando abruptamente foi detido pelo “ronda” à força de luz vermelha: sinal de perigo.
A um quilômetro daquela estação estava a linha com 50 metros no ar suspensa a 8 metro de altura: o bueiro entupira, a água subira rapidamente no aterro até ao nível dos trilhos, e tudo, de repente, num passe de mágica, desaparecera debaixo dos dormentes.

Todos os materiais da obra, o lastro, a própria terra, há pouco existentes, se espraiam na planície em frente, ao raiar do dia tranqüilo, como se nada tivesse acontecido, não fora o colar de dormentes pendurados.
Mas, ao trabalhador humilde e atento, o “ronda”, tal situação não lhe escapara, ao percorrer o trecho a pé, em plena tormenta, cumprindo essa alta responsabilidade de rotina de segurança, que a estrada lhe confiara.
É o que vemos nas fotografias ao lado, gentilmente emprestadas pelo Engº Gastão da Rocha Leão, então Superintendente da 4ª. Divisão da Companhia Paulista de Estradas de Ferro.
Os passageiros, inocentes, estiveram, sem dúvida, em sério risco de vida; sem o saberem, inconscientemente, se tornaram credores daquele modesto funcionário da via permanente, cujo nome o tempo ingrato esqueceu... mas o registro do fato ao menos sobreviveu para orientação e precaução daqueles que se iniciam na linha de frente da dura vida ferroviária...
Eis quanto vale um bom serviço de “ronda” !