O livro 'Memórias de uma guerra suja', por José Dirceu
Enviado por luisnassif, sex, 04/05/2012 - 11:51
Por Marco Antonio
L.
Do Blog do Zé
"Memórias de uma guerra suja", prova do erro das Forças Armadas ao não pedirem desculpas
03 de maio de 2012
Recebi e li Memórias de uma guerra suja, o livro dos jornalistas Marcelo Neto e Rogério Medeiros com os relatos do policial capixaba Cláudio Guerra, ex-delegado do DOPS - Departamento de Ordem Política e Social, um dos órgãos de repressão na ditadura militar.
Nestas suas memórias o ex-delegado dá aos jornalistas, pela primeira vez, uma lista de 10 presos políticos mortos pela tortura e incinerados numa usina de açúcar em Campos (RJ). "Fui responsável por levar 10 corpos de presos políticos para lá, todos mortos pela tortura", diz o ex-delegado do DOPS. Algumas das vítimas, segundo o relato, foram assassinadas na "Casa da Morte", centro de tortura montado em Petrópolis (RJ).
Varei a madrugada lendo o livro. Só terminei quando o dia amanhecia. Durante a leitura e ao seu término um sentimento de angústia e tristeza me invadia e a memória dos companheiros e companheiras desaparecidos de novo me acompanhava na longa luta que travamos pela justiça e a verdade.
Forças Armadas cometem erro ao não se desculparem
Quando ministro-chefe da Casa Civil no governo Lula, eu disse numa reunião com os comandantes dos três ramos das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) que cometiam um erro histórico ao não revelar ao país a verdade, e ao não pedirem desculpas pelos crimes da ditadura.
Avisei que nada impediria que membros dos órgãos de repressão ou parentes revelassem no futuro não apenas o paradeiro dos desaparecidos, mas toda a extensão dos crimes cometidos por membros das Forças Armadas, da Polícia Federal, das polícias militares e demais órgãos de polícia estaduais.
Crimes, evidentemente, cometidos com autorização de seus superiores, dos governos militares de plantão e com a cumplicidade de setores da sociedade, como empresários e donos de jornais. A obra que chega às livrarias com os relatos do policial Cláudio Guerra, graças ao trabalho de Rogério Medeiros e Marcelo Netto, comprova essa verdade.
Comissão da Verdade já está pronta, só falta instalar
Memórias de uma guerra suja certamente será o inicio de uma grande investigação a cargo da Comissão da Verdade nacional, já instituída pelo Congresso por iniciativa da nossa presidenta Dilma Rousseff.
Para ela começar a funcionar faltam a indicação de seus membros e sua instalação. O que poderá ocorrer nos próximos dias, já que o noticiário dá conta de que seus sete integrantes já estão, inclusive, escolhidos.
É o caminho que o país tem de seguir agora - todos, as vítimas que sobreviveram aqueles anos sombrios, seus algozes criminosos, e a sociedade, enfim. Não haverá descanso e nem paz enquanto não fizermos justiça à memória de todos aqueles que perderam o único bem que tinham, a vida, na luta pela liberdade e pela democracia.
Postado por OpenSanti. com
Do Blog do Zé
"Memórias de uma guerra suja", prova do erro das Forças Armadas ao não pedirem desculpas
03 de maio de 2012
Recebi e li Memórias de uma guerra suja, o livro dos jornalistas Marcelo Neto e Rogério Medeiros com os relatos do policial capixaba Cláudio Guerra, ex-delegado do DOPS - Departamento de Ordem Política e Social, um dos órgãos de repressão na ditadura militar.
Nestas suas memórias o ex-delegado dá aos jornalistas, pela primeira vez, uma lista de 10 presos políticos mortos pela tortura e incinerados numa usina de açúcar em Campos (RJ). "Fui responsável por levar 10 corpos de presos políticos para lá, todos mortos pela tortura", diz o ex-delegado do DOPS. Algumas das vítimas, segundo o relato, foram assassinadas na "Casa da Morte", centro de tortura montado em Petrópolis (RJ).
Varei a madrugada lendo o livro. Só terminei quando o dia amanhecia. Durante a leitura e ao seu término um sentimento de angústia e tristeza me invadia e a memória dos companheiros e companheiras desaparecidos de novo me acompanhava na longa luta que travamos pela justiça e a verdade.
Forças Armadas cometem erro ao não se desculparem
Quando ministro-chefe da Casa Civil no governo Lula, eu disse numa reunião com os comandantes dos três ramos das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) que cometiam um erro histórico ao não revelar ao país a verdade, e ao não pedirem desculpas pelos crimes da ditadura.
Avisei que nada impediria que membros dos órgãos de repressão ou parentes revelassem no futuro não apenas o paradeiro dos desaparecidos, mas toda a extensão dos crimes cometidos por membros das Forças Armadas, da Polícia Federal, das polícias militares e demais órgãos de polícia estaduais.
Crimes, evidentemente, cometidos com autorização de seus superiores, dos governos militares de plantão e com a cumplicidade de setores da sociedade, como empresários e donos de jornais. A obra que chega às livrarias com os relatos do policial Cláudio Guerra, graças ao trabalho de Rogério Medeiros e Marcelo Netto, comprova essa verdade.
Comissão da Verdade já está pronta, só falta instalar
Memórias de uma guerra suja certamente será o inicio de uma grande investigação a cargo da Comissão da Verdade nacional, já instituída pelo Congresso por iniciativa da nossa presidenta Dilma Rousseff.
Para ela começar a funcionar faltam a indicação de seus membros e sua instalação. O que poderá ocorrer nos próximos dias, já que o noticiário dá conta de que seus sete integrantes já estão, inclusive, escolhidos.
É o caminho que o país tem de seguir agora - todos, as vítimas que sobreviveram aqueles anos sombrios, seus algozes criminosos, e a sociedade, enfim. Não haverá descanso e nem paz enquanto não fizermos justiça à memória de todos aqueles que perderam o único bem que tinham, a vida, na luta pela liberdade e pela democracia.
Postado por OpenSanti. com
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