Os mais de 400 telefonemas entre Demóstenes e Cachoeira
Enviado por luisnassif, qua, 16/05/2012 - 09:22
Por zanuja castelo
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Operações da PF registraram 416 diálogos entre Demóstenes e Cachoeira
Telefone de Demóstenes era pago pela organização do
contraventor
Marina Marquez, do R7, em BrasíliaAs operações Vegas e Monte Carlo da Polícia Federal, realizadas entre 2008 e 2011, registraram 416 diálogos entre o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
A informação é o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que acompanhou o depoimento dos delegados da PF (Polícia Federal) responsáveis pelas operações, Raul Alexandre Marques e Matheus Mella Rodrigues, no Conselho de Ética do Senado Federal.
De acordo com o senador, são 416 ligações em pouco mais de um ano. A Operação Vegas gravou o bicheiro durante 45 dias em 2008 e a Operação Monte Carlo durante 11 meses e meio entre 2010 e 2011.
Na primeira operação, Demóstenes fala com o contraventor 63 vezes, na segunda, 353. Além disso, Demóstenes conversa com outros 25 investigados nas operações e outros 293 diálogos entre integrantes do grupo de Cachoeira citam o senador goiano.
— Nossos questionamentos eram em dois sentidos. Primeiro se havia atuação legislativa do Demóstenes pautada pelos interesses da organização, o que ficou muito claro, e se ele tinha relação direta com a organização criminosa, o que também, com os números e dados apresentados, é inquestionável.
Segundo o senador, um dos diálogos mostra Demóstenes falando com o bicheiro sobre um projeto do ex-deputado Maguito Vilela (PMDB-GO) sobre regularização dos jogos de azar. Depois de divergirem sobre o assunto, o senador teria dito que "não concordava, mas faria o que ele quisesse".
Randolfe disse que os delegados apresentaram pontos da investigação sobre o grupo do bicheiro que mostram uma relação "no mínimo muito estreita" com o senador. Mostraram que o telefone Nextel de Demóstenes era pago pela organização do contraventor e que ele recebeu dinheiro de Gleyb Ferreira, contador de Cachoeira e do ex-diretor da Delta, Cláudio Abreu.
— Eles citaram o diálogo em que o Gleyb está na porta da casa do Demóstenes com R$ 20 mil e liga para Cachoeira. Diz que está com o dinheiro do Demóstenes e o bicheiro diz para entregar para ele.
Defesa
O senador do PSOL afirmou ainda que a estratégia usada pela defesa de Demóstenes no Conselho de Ética durante o depoimento é tentar mostrar que as operações da PF investigaram o senador indevidamente, já que ele tem foro privilegiado.
No entanto, os delegados apontaram que Demóstenes não era alvo ou investigado e que não houve irregularidade.
O advogado do senador Demóstenes Torres, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que "é inquestionável que houve uma burla constitucional" durante as investigações. Segundo ele, o senador foi grampeado sim e o depoimento dos delegados reforça isso.
– É absolutamente claro que há burla na Constituição. O senador da República foi investigado nas operações Vegas e Monte Carlo e não há dúvida disso. Houve uma investigação ilegal e vamos acrescentar a degravação do depoimento de hoje no questionamento que estamos fazendo no STF.
Kakay disse ainda que espera que o bicheiro Carlinhos Cachoeira vá ao Conselho de Ética para depor como testemunha para Demóstenes, mas que a decisão final cabe ao advogado do contraventor.
O relator do processo disciplinar contra Demóstenes, senador Humberto Costa (PT-PE), disse que o depoimento dos delegados foi "esclarecedor" e vai ajudar na produção final do relatório.
O petista disse que também espera que Cachoeira vá ao Conselho, mas que, caso não vá, é possível analisar as denúncias sem o depoimento do bicheiro. No entanto, na opinião dele, não comparecer ou silenciar, "vai prejudicar a defesa".
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