Eleitores gregos e franceses assombram a Europa

Por Paulo F.
Da Radio Nederland Wereldomroep
Europa nervosa por gregos e franceses
Por Belinda van Steijn(Foto: Cartoon Movement)
Europa nervosa por gregos e franceses
A Europa está nervosa. O acerto de contas do eleitorado na França e na Grécia com a política de austeridade de Nicolás Sarkozy e Lucas Papademos deixa tensa as relações na União Europeia.
Provavelmente será necessário negociar com os novos detentores do poder sobre o enfoque europeu para resolver a crise. Foi um chamado de advertência para a Holanda, cujos habitantes devem ir às urnas em setembro.
O cientista político André Krouwel considera que os resultados na França e Grécia não têm influência direta sobre o comportamento do eleitorado holandês. Mas se os líderes políticos de esquerda na Europa estiverem em maioria isso sim poderia ter consequências indiretas.
“O aumento do número de líderes de esquerda pode gerar uma maior liberdade de manobra na Europa. Podem impor cortes em outras áreas e exigir mais medidas de estímulo”, afirma Krouwel. Isso poderia conduzir para que o eleitorado holandês se incline mais pelo partido de extrema direita PVV, de Geert Wilders, ou pelo Partido Socialista (SP) de Emile Roemer.
Segundo Krouwel, tanto o PVV como o SP podem fazer declarações fáceis sobre, por exemplo, aposentadoria. “Jamais tiveram nenhuma responsabilidade governamental. Os partidos de centro não podem fazer o mesmo: precisam apresentar medidas concretas. Os cristãos-democratas (CDA) e os sociais-democratas (PvdA) almejam renovar sua imagem. Os antigos argumentos não funcionam mais. Suas aspirações não estão mais claras”.
Holanda às urnas
A Holanda deve ir às urnas devido à queda do governo de Mark Rutte, há algumas semanas. O PVV suspendeu seu apoio parlamentar por discordar das medidas de austeridade. Pouco depois, com um pacto oportunista, o CDA, junto com o liberal VVD, o partido de centro D66, o partido verde Groen Links e a União Cristã, enviou um plano de cortes orçamentários à Bruxelas. As eleições permitirão ver se os holandeses estão de acordo com este plano ou se farão como a França e a Itália e se rebelarão contra a Europa.
“A Grécia deixa a Europa nervosa”, diz Tijn Sadée, correspondente da Radio Nederland em Bruxelas. “Cabe perguntar se a próxima coalizão governamental que será formada na Grécia se aterá às medidas de austeridade já acordadas”.
Na Grécia, o partido de centro-direita Nova Democraia, de Antonis Samaras, se transformou no maior partido. Mas o segundo partido, o Syriza, de esquerda, já declarou que não vai apoiar os acordos feitos pelo governo anterior. O partido neonazista Amanhecer Dourado terá representação no parlamento pela primeira vez, o que não facilitará a formação de uma nova coalizão.
Cortes muito severos
As mudanças na França, com a escolha do socialista François Hollande também são motivo de preocupação na Europa. Segundo Tijn Sadée, a União Europeia tem suas reservas no que diz respeito a esse “novato”. François Hollande opina que os severos cortes orçamentários prejudicam a economia francesa. “Planeja honrar o que já foi acordado, mas quer introduzir mudanças. Para conseguir isso precisa de mais tempo. Além disso, quer condições para estimular o crescimento econômico”, afirma Sadée.
Hollande prometeu aumentar os impostos aos mais abastados. Com esse dinheiro quer manter as conquistas sociais dos franceses, como por exemplo, voltar a baixar a idade de aposentadoria para 60 anos. Ainda assim, Hollande precisa reduzir gastos, já que a França também foi afetada seriamente pela crise. Em meados de maio terá sua primeira reunião com a chanceler alemã Angela Merkel, criadora do pacote de austeridade.