O protesto da médica Ângela
Enviado por luisnassif, seg, 04/06/2012 - 10:05
Por Almeida
O retrato da saúde no Rio e em todo Brasil. Enquanto se enfeita a zona sul, a calamidade se espalha na periferia.Toda solidariedade a Dra. Ângela, por cumprir seu dever de cidadania e denunciar a canalha que ocupa o poder no seu estado.
Do R7
"Me senti no dever do cumprimento da cidadania", diz médica que desabafou por ajuda em hospital
O retrato da saúde no Rio e em todo Brasil. Enquanto se enfeita a zona sul, a calamidade se espalha na periferia.Toda solidariedade a Dra. Ângela, por cumprir seu dever de cidadania e denunciar a canalha que ocupa o poder no seu estado.
Do R7
"Me senti no dever do cumprimento da cidadania", diz médica que desabafou por ajuda em hospital
Na última quarta-feira, Ângela era a única médica do Rocha
Faria e gritou por socorro
A equipe da Rede Record voltou ao hospital Rocha Faria, onde, na
última quarta-feira (30), a única médica que fazia o atendimento na unidade fez
uma desabafo emocionante e se tornou símbolo da luta contra a falência do
sistema público de saúde. Um dia após o desabafo, a doutora Ângela Maria
Albuquerque falou com exclusividade ao programa Domingo Espetacular. Veja o
vídeo abaixo.
Carioca de 58 anos e 23 de profissão, a doutora Ângela sempre
trabalhou em hospitais públicos e há três anos está na emergência do Rocha
Faria.
— Numa emergência só chegam pacientes graves. Não é consultório.
Não é ambulatório.
Naquela noite, pelo menos três médicos deveriam estar no
pronto-socorro. Mas a doutora Ângela estava sozinha.
— Deu entrada um infartado e um suicida. Então, são dois casos
bem distintos e você tem que socorrer os dois ao mesmo tempo.
A médica contou que, sem conseguir trabalhar direito, ela
precisou dar uma satisfação a quem esperava há horas por um médico.
— Eu me senti no lugar dos pacientes. O sofrimento desse povo
marcado pelo descaso. Isso me tocou. Me revoltou.
Segundo Ângela, que ganha R$ 4.100 por mês, os médicos estão
fugindo dos hospitais Públicos.
— Não existem médicos, os médicos não querem mais trabalhar. Pelo
salário, pelo o que estão pagando, ninguém quer mais trabalhar. E muito
desgaste. É estresse.
O sindicato dos médicos do Rio de Janeiro concorda com a médica.
De acordo com o presidente, Jorge Darze, o baixo salário tem sido um fator que
tem expulsado os médicos dos hospitais públicos.
— Esse médico da administração pública. somado ao ambiente de
trabalho degradado que esse médico fica exposto a uma realidade completamente
adversa do que nós chamamos do exercício etico profissional.
A médica informou também que até o momento está trabalhando
normalmente e que por enquanto não foi chamada para dar explicações à direção do
hospital. Para a doutora, o que ela fez não teve nada de heroísmo, foi apenas
sinceridade.
— E não me sinto corajosa, eu acho assim que eu me sinto
mais no dever do cumprimento da cidadania. Não precisa ter coragem pra exercer a
cidadania. Tem que exercer. Não precisa coragem.
A Secretaria Estadual de Saúde não quis se manifestar sobre as
denúncias feitas pela médica, mas a direção do hospital Rocha Faria, através de
uma nota, reconheceu a superlotação da unidade. Na quarta-feira passada, quando
tudo aconteceu, foram feitos 497 atendimentos na emergência. O número é
quatro vezes maior do que a capacidade, que é de 120 atendimentos por
dia.
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