Dilma dá sinais de que não vai se deixar levar pelo ‘amor’ de Lupi
No Brasil, oposição vai à Justiça contra a presidente e o ministro
Chico de Gois, enviado especial
Publicado:
2/12/11 - 17h51
Atualizado:
2/12/11 - 19h34
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Presidente Dilma Rousseff participa de entrevista coletiva em Caracas, na Venezuela
divulgação
CARACAS - Depois de tantas denúncias envolvendo o Ministério do Trabalho, o titular da Pasta, Carlos Lupi, vai ter de se preocupar com outro problema mais sério: seu declarado amor pela presidente Dilma Rousseff parece que não amoleceu o coração da destinatária. A julgar pelas afirmações que tem feito, a presidente Dilma não está mais disposta a se deixar inebriar pelos salamaleques do ministro.
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Em rápida entrevista antes de participar da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), demonstrando bom humor, Dilma entrou no clima da pergunta de uma repórter se ela estava se deixando levar pela declaração de Lupi ao não demiti-lo, apesar de a Comissão de Ética Pública da Presidência ter recomendado expressamente que o ministro fosse exonerado.
- Eu tenho 63 anos de idade. Uma filha com 34 anos, um neto com um ano e dois meses. Eu não sou propriamente uma adolescente, eu diria também uma romântica. Acho que a vida ensina a gente. Acho que a gente tem de respeitar as pessoas, mas eu faço análises muito objetivas - disse Dilma, sorrindo.
- Qualquer situação referente ao Brasil vocês podem ter certeza que resolvo a partir de segunda-feira.
Deputado tucano vai à Justiça contra Dilma
No Brasil, a oposição voltou nesta sexta-feira a atacar a presidente pela decisão de não atender imediatamente a recomendação da Comissão de Ética Pública. O deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) protocolou uma ação popular na Justiça Federal do Paraná contra Dilma, por omissão; contra Lupi, por atos de improbidade administrativa; e contra a União. O tucano justificou sua iniciativa apontando a aversão à corrupção e à impunidade que os brasileiros vêm manifestando.
- O caso do ministro Lupi é uma vergonha. Quero que ele devolva todo salário que recebeu da Câmara dos Deputados sem trabalhar. Dinheiro público deve voltar para o bem público - afirmou Francischini, em referência à acusação de que Lupi foi funcionário fantasma.
No início de novembro, quando as denúncias envolvendo Lupi começaram a ganhar manchetes de jornal, o ministro veio a público desafiar a presidente, afirmando que duvidava que ela o demitisse. Depois, ao ser advertido pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, de que havia extrapolado o tom, ele tentou retratar-se e pediu desculpas, declarando que amava a presidente.
O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), considera a situação da presidente constrangedora.
- É constrangedor para o próprio ministro, para o seu partido, para o governo, para a democracia, para as instituições - disse o tucano em Recife, onde participa de uma reunião de sindicalistas filiados ao partido.- As pessoas que sofrem acusações duras, e que não conseguem responder com brevidade e eficácia devem dar as explicações sobre as acusações fora do governo. Lupi já devia ter se afastado muito antes desse tipo de situação que vive hoje. É um constrangimento geral. Ele deveria sair do lugar que está hoje e ir se defender na planície – completou.
Para Sérgio Guerra, a presidente Dilma Rousseff também vive um momento constrangedor, com ministros caindo sob suspeita de corrupção. Ele lembrou que a presidente conhecia bem os ministros, porque eles já ocupavam as pastas anteriormente.
- A presidente, então, os conhecia. Desde que o ministério se formou, sempre falei em inadequação. Muita gente nomeada para coisas que não tinha nada a ver, como o ex-ministro do Turismo. Outros têm pouca representatividade. Mas faltou adequação. O que não dá certo é esse negócio de entregar um ministério a um partido. Isso é um absurdo e já se viu que não dar certo. Um ministro do Esporte, por exemplo, tem que ser do Esporte, e não do PCdoB - disse Sérgio, sem querer comentar que, na gestão Fernando Henrique Cardoso, partidos aliados tinham ministros indicados nos ministérios.
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