quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

miriam Leitão

Enviado por Míriam Leitão - 1.12.2011

12h28m

Análise

Governo apresenta medidas pontuais para estimular consumo

Para estimular o consumo, que vem diminuindo ao longo do ano, e enfrentar a crise que vem de fora, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou hoje algumas medidas. Faz sentido, por exemplo, reduzir o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que incide sobre o crédito para pessoa física (de 3% para 2,5%). É bom que caia porque vai baratear um pouco o custo dos financiamentos que no Brasil é muito alto, como se sabe.



Também faz sentido zerar o IOF sobre o investimento externo em ações e sobre os títulos privados com mais de 4 anos. O governo acerta quando pensa em atrair capital estrangeiro para cá, nesse momento de bolsas em baixa, e direcionar os recursos que vêm para renda fixa para títulos mais longos. Portanto, na área financeira, o pacote faz sentido.



Outras medidas, no entanto, atendem a reivindicações de alguns setores, ou seja, a lobbies. Explico: de novo, caiu o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre bens de consumo duráveis - fogão, geladeira, máquina de lavar. Dado que o governo fez concessões à indústria automobilística, era previsto que fizesse o mesmo com a de bens duráveis.



Além disso, foi zerada a alíquota de PIS/Cofins para massas e prorrogada a desoneração para trigo e pães até o final de 2012.



Mais uma vez, o governo está atendendo a segmentos específicos. O ministro disse que há compromisso desses setores beneficiados para que não haja demissão, pelo contrário, espera-se que eles continuem contratando, apesar dos ventos frios que vêm da Europa, porque o consumo aumentará.



E quais os riscos para a inflação? Essa foi a pergunta que uma jornalista fez ao ministro. Ele disse que a inflação não será afetada, porque "demos uma desacelerada em 2011".



Mantega acha que a inflação está sob controle, que o IPCA de 2012 caminha para o centro da meta (4,5%) e será menor por causa da mudança de cálculo feita pelo IBGE. Por isso, "podemos dar uma acelerada na economia com segurança".



O ministro deixou bem claro que quer com essas medidas viabilizar um crescimento de 5% no próximo ano.



Mantega, no entanto, parece desconsiderar pressões inflacionárias importantes, como o aumento de 14% do salário mínimo logo no início do ano que vem, que elevará a renda - esse é o lado bom, mas terá impacto na já resistente inflação de serviços.



Enfim, políticas setoriais não ajudam, ou seja, não têm impactos significativos no longo prazo. Como sempre tenho falado aqui, ações horizontais que beneficiam todos os setores, e não apenas alguns, são mais sensatas. Falo de redução da carga tributária, dos impostos sobre a folha salarial e melhoria da logística.



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