As mudanças na gestão da Nestlé Brasil

Por Andre Araujo
A saida de Ivan Zurita como CEO da Nestle brasileira encerra de vez o ciclo de executivos brasileiros de perfil alto comandando subsidiarias de multinacionais. Personagem contraditorio com luz propria, Zurita foi fundamental para tornar a subsidiaria brasileira da multinacional suiça a segunda em volume de vendas, depois da Nestlé dos EUA. Será substituido por um mexicano que comanda a Nestle do Mexico. No passivo de Zurita seus cada vez maiores negocios particulares no setor de pecuaria.
No passado dos anos 50 e 60, os presidentes de subsidiarias brasileira de grandes multinacionais eram parte da elite  brasileira, com enraizamento social proprio distinto da empresa. Lembro de Trajano Pupo Neto, do Citibank, Eduardo da Silva Ramos, da Cia.Vidraria Santa Marina, Paulo Reis de Magalhães da Philips, todos grão-senhores da elite tradicional paulista, no Rio os Cezar de Andrade, Antonio Galotti,
muitos ex-embaixadores, grandes advogados como Jão Pedro Gouveia Vieira no Banco Frances e Brasileiro. De familia tradicional da região de Avaré, Zurita era dessa estirpe.
Hoje o quadro é outro. A esmagadora maioria dos CEOs de multinacionais são figuras desconhecidas formados na propria empresa aonde entraram por baixo, não tem o peso social e politico desses presidentes do passado. Pior ainda e tenho notado muito isso, as multinacionais voltaram a cometer um erro dos anos 8o e 90, trazer executivos hispano-americanos para comandar operações no Brasil.
É um grave erro, porque a cultura empresarial hispano-americana e muito diferente da brasileira, para pior. Os hispano-americanos tem uma tendencia a se cercar de "cortes" de seus compatriotas, criando castas nas subsidiarias. A Dow Quimica teve seu ciclo de cubanos, a Eaton de argentinos, tem os defeitos do brasileiros sem ter suas virtudes, que são a flexibilidade e capacidade de improvisação.
Lembro-me quando a General Motors reativou sua fabrica de Cordoba, na Argentina, depois de alguns anos de semi-paralisia, a GM levou do Brasil cinco executivos. Perguntei a um amigo da GM brasileira porque não recrutavam executivos argentinos, a Argentina tem grande oferta de pessoal com boa formação educacional e ele me respondeu ""preferimos os brasileiros, que se necessario comem um sanduiche e pulam o almoço para terminar uma tarefa, para um argentino um horario longo de almoço é sagrado, se a secretaria faltar o brasileiro tira copia xerox ele mesmo, para um argentino isso é indigno de sua posição, para os argentinos as ferias de verão são sacrossantas, o brasileiro tira ferias quando puder, o trabalho vem em primeiro lugar.". Isso aconteceu na muitos anos, pode ter evoluido mas o brasileiro e considerado mais adaptavel e com maior jogo de cintura , razão pela qual há executivos brasileiros hoje em muitos paises nas grandes multinacionais.
Quem vai ficar triste com a saida de Zurita é o João Doria Junior, Zurita era um dos seus grandes patrocinadores de carissimos encontros sociais em resorts, frequentados por executivos que não tem luz social propria e precisam desses eventos para formar seu network, algo que os antigos executivos ja traziam consigo como algo natural de seu meio familiar e social.
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1 comentário
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Jofran Oliva
"Hoje o quadro é outro. A esmagadora maioria dos CEOS de multinacionais são figuras desconhecidas formadas na própria empresa, onde entram por baixo, não tem o peso social e político desses presidentes do passado. Pior ainda e tenho notado muito isso,..."
Meu Caro AA, em que época voce acha que está vivendo, na das Capitanias Hereditárias?
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Jofran Oliva
 

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