A convergência de fatores da crise global
Enviado por luisnassif, seg, 21/05/2012 - 13:52
Por Marco
Antonio L.
Na Rede
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Crise sistêmica global: 2º semestre 2012 – GEAB No. 65
Convergência de quatro fatores explosivos:
Bancos, Bolsas, Aposentadorias e Dívidas
por
GEAB [*]
Aguardando que a
Eurolândia se dote, daqui até o fim de 2012, de um projeto político, econômico e
social comum de médio e longo prazos, na sequência nomeadamente da eleição do
novo presidente francês François Hollande, antecipada há numerosos meses pelo
LEAP/E2020, os operadores permanecerão prisioneiros dos reflexos de curto prazo
ligados aos sobressaltos políticos gregos, às incertezas sobre a governança da
Eurolândia e aos riscos das dívidas públicas.
Paralelamente, nos Estados Unidos, o desaparecimento da
ilusão de uma retomada [1] acumulada à renovação de
inquietações quanto ao estado de saúde do sector financeiro americano (de que
o JPMorgan acaba de ilustrar a fragilidade) e ao grande retorno do
problema do endividamento do país levam os atores econômicos e financeiros a
encarar um futuro cada vez mais inquietante[2].
No
Reino Unido, o retorno em recessão do país conjuga-se com o fracasso em dominar
déficits e com a ascensão de uma cólera popular face a uma austeridade que não
está senão nos seus princípios [3].
No
Japão, a atonia econômica e o enfraquecimento das exportações num contexto de
recessão mundial [4] fazem ressaltar o espectro do
endividamento excessivo do país.
Neste contexto, de acordo com o LEAP/E2020, o segundo
semestre de 2012 vai ser o momento privilegiado da convergência de quatro
fatores explosivos para as economias ocidentais: bancos, bolsas, aposentadorias
e dívidas.
Para os operadores econômicos, financeiros ou políticos
assim como para as simples famílias, esta convergência vai significar riscos
importantes tanto sobre o estado das suas finanças como sobre a sua aptidão para
enfrentar próximos desafios.
Neste GEAB nº 65, nossa equipe desenvolve pois suas
antecipações referentes a estes quatro fatores explosivos do segundo semestre de
2012 assim como as recomendações para minimizar as consequências negativas. Além
disso, o LEAP/E2020 apresenta sua nova antecipação sobre as consequências da
crise sistêmica global em matéria de línguas internacionais (em nível mundial e
na Europa) no horizonte 2030 a fim de ajudar pais e filhos, assim como as
instituições pedagógicas, a fazer boas escolhas de aprendizagem linguística a
partir de hoje.
Neste comunicado público do GEAB nº 65, nossa equipe
optou por apresentar o fator explosivo correspondente às dívidas públicas e
privadas.
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Dívidas: dívidas públicas dificilmente
domináveis e dívidas privadas destruidoras... os credores aproximam-se
dolorosamente da hora das contas e os povos de uma explosão de
cólera
O
LEAP/E2020 anunciou desde 2008 e repetiu numerosas vezes. Havia cerca de US$30
trilhões de ativos fantasmas no sistema financeiro mundial. Restam cerca de
US$15 trilhões que vão no essencial esfumar-se daqui até o fim de 2012. Aboa
notícia é que a partir deste momento poder-se-á encarar seriamente a
reconstrução de um sistema financeiro mundial são. A má notícia, é que é no
decorrer dos próximos trimestres que estes US$15 trilhões se vão esfumar. Isso
implica, naturalmente, como havíamos evocado anteriormente, a falência (e/ou o
salvamento pelos Estados) de 10% a 20% dos bancos ocidentais. E desta vez, ao
contrário de 2008/2009, os acionistas serão as primeiras vítimas (inclusive nos
Estados Unidos), qualquer que seja a hierarquia dos seus
direitos [5]. Só os acionistas que possuírem um peso
geopolítico importante serão tratados com respeito (fundos soberanos, Estados
amigos, ...).
Em
matéria de dívidas privadas, as famílias vão no essencial, nomeadamente nos
Estados Unidos e no Reino Unido, ter de enfrentar por si só as consequências das
altas de taxas e da insolvabilidade induzida que as vão afetar. Capturados na
armadilha da austeridade e da recessão, os Estados ocidentais não têm mais os
meios de prestar socorros às classes médias enquanto o crescimento não tiver
retomado por pouco que seja. E, infelizmente, não será esse o caso daqui até o
fim de 2012. Vê-se atualmente nos Estados Unidos que a questão da dívida dos
estudantes está em vias de se transformar em “subprime
bis” [6]. Alta de taxas devido ao fim da política de
bonificação pelo Estado federal e à paralisia política em Washington num pano de
fundo de tentativas de domínio do déficit federal que está em vias de criar uma
situação desastrosa para milhões de jovens americanos e seus pais.
Na
Europa, o Reino Unido já decidiu deixar sua classe média enfrentar sozinha seu
endividamento recorde. Isso equivale a fazê-la cair na classe desfavorecida. Os
próximos meses vão assistir a uma nova confrontação brutal entre esta classe
média britânica e seus dirigentes, pertencentes quase todos à classe
alta (upper-class).
No
continente, através dos votos de rejeição dos dirigentes adeptos da austeridade
como solução única e exclusiva para a crise do endividamento público, os povos
abriram uma grande confrontação democrática com as elites estabelecidas desde há
uma vintena de anos, e ao serviço dos credores. A tentativa que o novo
presidente francês encarna, de abrir um caminho médio entre austeridade e
relançamento keynesiano, ambas fracassadas pois são impossíveis politicamente ou
pelo controle orçamentário, vai vencer (pois doravante é a única viável em
termos políticos e orçamentais [7]) mas não antes do fim de
2012 [8].
Nesse intervalo de tempo, sobressaltos políticos como
na Grécia e negociações complexas no seio da Eurolândia vão dominar a agenda,
tornando cada vez mais nervosos os credores e a sua emanação, os
mercados [9]. E este nervosismo dos mercados é agravado pela
consciência da infinita fragilidade das instituições financeiras da Wall
Street e da City face ao risco de não pagamento dos créditos:
dívidas públicas ou privadas. Isto são quase os últimos restos do ativo do seu
balanço e eles esperam poder recuperar um valor significativo.
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Desde o fim do Verão de 2012, o retorno do tema do
endividamento inadministrável dos Estados Unidos, ligado às reduções orçamentais
automáticas impostas em caso de não acordo do Congresso sobre a redução do
endividamento, vai desencadear um “Taxmageddon” [10] nos EUA.
Assistir-se-á assim ao remake da dupla detonador-bomba que as dívidas
europeia e americana já jogaram no Verão de 2011, mas desta vez numa versão
muito mais violenta. Com efeito, se os temores de ver o euro e a Eurolândia
explodir desapareceram [11], eles serão substituídos por um
perigo muito mais aterrador para os mercados: a monetização maciça e brutal da
dívidas estadunidense [12]. Esta situação apresentar-se-á nos
Estados Unidos com a agravante de ser dar num contexto de paralisia política
completa [13], com um Congresso que será segmentado pela
emergência de facções radicais tanto entre os republicanos (“Tea
Party”, p.ex.) como entre os democratas (“Occupy” p.
ex.) [14].
Notas de
rodapé:
[1] Retomada de tal forma ilusória que
provoca um retorno às práticas das “subprimes”. E mesmo o preço do leite,
indicador fiável dos amortecimentos econômicos, aponta para a recessão.
Fontes: CNBC, 26/04/2012; New York Times, 10/04/2012 .
[2] A este respeito, lembramos que
doravante o governo dos EUA e o Fed devem criar US$2,50 de dívida para gerar
US$1,00 de crescimento. É o problema com que se depara toda economia cujo
endividamento se torna excessivo. Isto é o gênero de “pormenor” que
os keynesianos, como Krugman, se esquecem de precisar quando clamam às
tontas e loucamente que as políticas de austeridade são aberrantes. Como em toda
abordagem de bom senso, que leva em conta o mundo real e não as teorias
econômicas, é preciso um equilíbrio entre redução do endividamento e apoio ao
crescimento. Este é igualmente o caminho que vai tomar a Eurolândia a partir
deste Verão; ao passo que os Estados Unidos continuam a negar a necessidade de
tratar o seu endividamento descontrolado.
[3] Fonte: WallStreetJournal , 13/05/2012
[4] Fontes: TimesofIndia, 11/05/2012; MarketWatch, 10/05/2012; ChinaDaily, 06/05/2012; ChinaDaily,
28/03/2012; Washington Post,
11/05/2012; USAToday,
13/04/2012; CNBC, 06/04/2012
[5] Fonte: MarketWatch, 10/05/2012
[6] Fonte: CERF, 21/04/2012
[7] Desde Fevereiro de 2012 e
do GEAB nº
62, nossa equipe pormenorizou amplamente sua antecipação sobre a
evolução 2012-2016 da Eurolândia e os acontecimentos em curso confirmam a nossa
análise (se quiser ter uma apresentação "viva" das perspectivas da Eurolândia e
da Europa, pode assistir o discurso de Franck Biancheri pronunciado em inglês a 2 de Maio
último perante os 1000 delegados da principal rede estudantil europeia,
AEGEE-EUROPE). Daqui até o Verão, após as eleições legislativas francesas de
Junho de 2012, um acordo a seis sobre o equilíbrio austeridade/crescimento será
encontrado (França/Alemanha/Itália/Países Baixos/Bélgica/Espanha) que será
levado à Eurolândia + (Eurolândia mais os outros países participantes do
MEE).
[8] Na Alemanha também se tornam cada
vez mais numerosas e fortes as vozes que exigem um caminho mais equilibrado pois
o custo social do êxito económico alemão começa a ser pesadamente ressentido por
uma parte crescente da população. Fonte: Spiegel, 04/05/2012
[9] Por exemplo: o fundo soberano
norueguês decidiu desembaraçar-se dos seus activos em dívida soberana dos países
frágeis da Eurolândia. Entretanto, o LEAP/E2020 lembra que no que se refere ao
euro, não há inquietações a ter e, ao contrário, daqui até o fim de 2012 é o US
dólar que experimentará o choque baixista. Fontes: Le Figaro, 05/05/2012;MarketWatch, 09/05/2012
[10] Neologismo criado a partir das
palavras “Tax” e “Armageddon”. Designa o caos fiscal que vai reinar no fim de
2012 no momento em que se irão impor opções de cortes orçamentais maciços no
orçamento federal dos EUA. Desde há aproximadamente um ano, os Estados Unidos e
a imprensa financeira internacional optou por ignorar cuidadosamente este enorme
problema. Será ainda mais difícil administrá-lo quando se impuser novamente na
paisagem.
[11] Como sublinhávamos em janeiro
último, é uma das grandes diferenças entre a crise grega atual e a histeria
anti-euro de 2010/2011. Se é teoricamente possível encarar hoje uma saída da
Grécia para fora da Eurolândia sem por em causa a moeda única, não é menos
verdadeiro que na realidade esta saída é impossível. Este é igualmente um dos
problemas com que se acham confrontados os dirigentes gregos. Sublinhamos este
ponto para lembrar que acerca deste assunto os economistas, que vivem em mundos
teóricos em geral sem relação com a realidade, há meses que se enganam sem
cessar. Os cantores do fim do euro, de Krugman a Roubini, têm neste assunto
tanta credibilidade quanto os sacerdotes romanos que liam o futuro nas entranhas
dos animais. Para retornar à Grécia, o LEAP/E2020 considera que na media em que
os dirigentes dos dois principais partidos de governo (PASOK e ND) pertencem às
gerações que conduziram o país a esta crise histórica, não haverá saída política
viável sem confiança popular... Cabe portanto aos dirigentes da Eurolândia, e em
particular a Angela Merkel através do PPE e François Hollande através doPSE, fazerem pressão sobre
os seus "partidos-irmãos" respectivos para que daqui a Setembro de 2012 e às
próximas eleições, o conjunto dos dirigentes destas duas formações seja renovado
em proveito de responsáveis com menos de 45 anos. O êxito atual do partido de
extrema-esquerda Syrisa deve-se tanto às suas ideias como à idade do
seu chefe: 38 anos. Um processo deste tipo foi bem utilizado para fazer com que
deixasse o poder um Silvio Berlusconi em fim de carreira. Os meios existem
portanto. E neste assunto, trata-se de permitir ao povo grego reencontrar
confiança em dirigentes novos, de direita ou de esquerda, sem exclusão. Para bem
entender porque uma saída da Grécia para fora da zona euro é na prática
impraticável, basta um só exemplo: se fosse grego e se se propusesse trocar
vossos euros por novos dracmas, o que faria? No comment!
[12] Mesmo Robert Rubin, o antigo
secretário do Tesouro dos EUA, doravante junta a sua voz àqueles que advertem
deste grave risco a curto prazo. Fonte: Reuters , 10/05/2012.
[13] Quer seja Barack Obama ou Mitt
Romney que ganhem a eleição presidencial.
[14] Ver GEAB
n°60
15/Maio/2012
[*] GEAB - Global Europe
Anticipation Bulletin
Communiqué public GEAB N°65 (15 mai
2012)
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