O neoimperalismo brasileiro
Enviado por luisnassif, sex, 18/05/2012 - 08:00
Coluna Econômica -
18/05/2012
O Brasil ainda não se compenetrou de seu papel na América Latina e da importância do continente para sua inserção global.
Essa é a conclusão do programa Brasilianas.org, da TV Brasil, gravado na quinta-feira passada com dois especialistas, Ricardo Senes, da USP, e Giorgio Romano, da Universidade Federal do ABC.
A economia brasileira é muito mais forte e diversificada em relação aos demais países. E o Brasil possui alguns fatores diferenciais muito fortes, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Cria-se uma disputa desigual.
O Brasil é superavitário em relação a todos os demais países. É a única região do mundo com espaço para a manufatura brasileira, o único local onde a invasão chinesa ainda deixou algum respiro para produtos brasileiros de valor agregado. Por enquanto.
Embora a população sul-americana tenha extrema simpatia pelo Brasil, em função principalmente da música, do futebol e de Lula, há uma resistência cada vez maior das elites empresariais e políticas à influência brasileira no continente.
Em um continente caracterizado ainda por um nacionalismo exacerbado, grandes empresas brasileiras fazem questão de enfatizar as cores do país em sua propaganda local. Adquirem símbolos nacionais, grandes grupos locais, e não tratam de se integrar de forma respeitosa com a cultura e valores nacionais.
Quando cobradas, reagem tal e qual as grandes corporações norte-americanas nos anos 50 e 60. Estranham quando criticadas, por não ser reconhecida sua importância em levar investimentos para esses países.
A própria diplomacia, não dispõe de uma estratégia soft para conquistar corações e mentes dos vizinhos. Não se aceita nenhum fórum multilateral com atribuições supra-nacionais. O que impede qualquer forma de integração de leis, regulamentos, arbitragem comercial etc.
Para ambos os especialistas, precisa haver mais visão estratégica e de longo prazo nas relações com a América do Sul, devido a um conjunto de fatores.
Primeiro, a constatação de que o continente é fundamental para qualquer plano brasileiro de inserção na economia global.
Segundo, a convicção de que a influência norte-americana é decrescente no continente, mas a invasão chinesa está ocorrendo. Assim como na África, a China tende a desempenhar um papel cada vez mais relevante na América do Sul, devido às suas reservas de energia e alimentos. Se o Brasil não ocupar seu lugar, será desalojado pela China.
Terceiro, a visão de reduzir as disparidades regionais. Cada vez mais, o dinamismo da economia brasileira dependerá do dinamismo do continente.
E aí se entra na questão da integração das cadeias produtivas dos principais setores e no financiamento não apenas das grandes obras de integração, como das próprias economias vizinhas. O BNDES não poderá continuar financiando apenas empresas brasileiras, sob risco de acentuar irresponsavelmente as disparidades regionais.
Todas essas ações deverão visar uma aproximação maior com os vizinhos e prevenir futuros surtos nacionalistas contra o imperialismo brasileiro
O Brasil ainda não se compenetrou de seu papel na América Latina e da importância do continente para sua inserção global.
Essa é a conclusão do programa Brasilianas.org, da TV Brasil, gravado na quinta-feira passada com dois especialistas, Ricardo Senes, da USP, e Giorgio Romano, da Universidade Federal do ABC.
A economia brasileira é muito mais forte e diversificada em relação aos demais países. E o Brasil possui alguns fatores diferenciais muito fortes, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Cria-se uma disputa desigual.
O Brasil é superavitário em relação a todos os demais países. É a única região do mundo com espaço para a manufatura brasileira, o único local onde a invasão chinesa ainda deixou algum respiro para produtos brasileiros de valor agregado. Por enquanto.
Embora a população sul-americana tenha extrema simpatia pelo Brasil, em função principalmente da música, do futebol e de Lula, há uma resistência cada vez maior das elites empresariais e políticas à influência brasileira no continente.
Em um continente caracterizado ainda por um nacionalismo exacerbado, grandes empresas brasileiras fazem questão de enfatizar as cores do país em sua propaganda local. Adquirem símbolos nacionais, grandes grupos locais, e não tratam de se integrar de forma respeitosa com a cultura e valores nacionais.
Quando cobradas, reagem tal e qual as grandes corporações norte-americanas nos anos 50 e 60. Estranham quando criticadas, por não ser reconhecida sua importância em levar investimentos para esses países.
A própria diplomacia, não dispõe de uma estratégia soft para conquistar corações e mentes dos vizinhos. Não se aceita nenhum fórum multilateral com atribuições supra-nacionais. O que impede qualquer forma de integração de leis, regulamentos, arbitragem comercial etc.
Para ambos os especialistas, precisa haver mais visão estratégica e de longo prazo nas relações com a América do Sul, devido a um conjunto de fatores.
Primeiro, a constatação de que o continente é fundamental para qualquer plano brasileiro de inserção na economia global.
Segundo, a convicção de que a influência norte-americana é decrescente no continente, mas a invasão chinesa está ocorrendo. Assim como na África, a China tende a desempenhar um papel cada vez mais relevante na América do Sul, devido às suas reservas de energia e alimentos. Se o Brasil não ocupar seu lugar, será desalojado pela China.
Terceiro, a visão de reduzir as disparidades regionais. Cada vez mais, o dinamismo da economia brasileira dependerá do dinamismo do continente.
E aí se entra na questão da integração das cadeias produtivas dos principais setores e no financiamento não apenas das grandes obras de integração, como das próprias economias vizinhas. O BNDES não poderá continuar financiando apenas empresas brasileiras, sob risco de acentuar irresponsavelmente as disparidades regionais.
Todas essas ações deverão visar uma aproximação maior com os vizinhos e prevenir futuros surtos nacionalistas contra o imperialismo brasileiro
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