Kirchner volta a defender protecionismo argentino

Por FabioREM
Cristina Kirchner volta a defender protecionismo argentino na TV
De O Globo
Presidente deixou claro que não pretende flexibilizar as barreiras comerciais questionadas por seus sócios do Mercosul e UE

BUENOS AIRES — A presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, voltou a defender a política comercial implementada por seu país, deixando claro que não pretende flexibilizar as barreiras protecionistas questionadas por seus sócios do Mercosul e a União Européia (UE), que na sexta-feira moveu um processo contra o país na Organização Mundial de Comércio (OMC). Em discurso transmitido por rede nacional de rádio e TV, Cristina assegurou que “a Argentina está protegendo seus trabalhadores, empresários e economia” e garantiu que seu país é, junto com a Alemanha, um dos que oferece mais liberdade para comércio no âmbito do G-20.

— As economias europeias falam em protecionismo quando aplicam tarifas (de importação) de 159% para a manteiga e 126% para a carne. É como se existisse um protecionismo legal para os países mais desenvolvidos e um protecionismo populista para os emergentes — declarou a presidente em ato na cidade de Bariloche, para comemorar a revolução iniciada em 25 de maio de 1810, que levou à independência do país.

Segundo Cristina, a Argentina “ocupa o décimo primeiro lugar na lista de países com mais liberdade para investir”.

— Quero dizer tudo isso porque tem a ver com a noção de pátria, com a defesa de nossos interesses — afirmou a presidente.

A Comissão Executiva da UE informou na sexta-feira que o caso argentino era uma reação a medidas restritivas impostas pela Casa Rosada, entre elas o sistema de licenças não automáticas.

— As restrições de importações na Argentina violam regras de comércio internacional e precisam ser removidas. As medidas causam muitos danos reais a empresas da União Europeia, prejudicando empregos e a economia como um todo — argumentou o o comissário de comércio da UE, Karel De Gucht.

As barreiras protecionistas estão prejudicando não somente o relacionamento da Argentina com a UE e até mesmo com seus parceiros no Mercosul, mas, também, muitos setores da economia local. A industria automobilística, por exemplo, está com sérios problemas de produção pela falta de insumos que o governo não permite importar. Também escasseiam medicamentos e diversos produtos consumidos no mercado argentino, como brinquedos e eletrodomésticos.

O Uruguai é um dos países que mais tem se queixado sobre a política comercial argentina. Nos primeiros quatro meses deste ano, as importações de produtos uruguaios recuaram 5,8 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado, o que representa um prejuízo US$ 9 milhões, montante expressivo para um país de  pequenas dimensões.