A questão do transporte em Curitiba
Enviado por luisnassif, sab, 30/06/2012 - 08:04
Por Marco Antonio L.
Do Valor
Cidade-modelo no transporte público rendeu-se ao carro
Por Marli Lima | De Curitiba
Se, no passado, a fama do sistema do transporte curitibano rompeu fronteiras, nos últimos anos tornou-se alvo de críticas por parte da população, que cada vez mais tem optado pelo uso do automóvel nos deslocamentos. Em 2002, por exemplo, o índice de motorização na cidade estava em 2,1 habitantes por veículos, agora está em 1,4. Em dezembro foi criada a Secretaria Municipal de Trânsito.
Os congestionamentos cresceram e a opção de metrô, que já foi abordada em campanhas anteriores e atualmente tem até parte do financiamento garantido pelo governo federal, voltará a ser tratada, especialmente no que diz respeito ao modelo, se deve ser suspenso ou enterrado. O incentivo ao uso de bicicletas também vai ser defendido, especialmente por Greca.
"Hoje estamos longe de ser modelos", diz a professora do Departamento de Transporte da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Márcia Pereira. Ela argumenta que o preço da passagem de ônibus não oferece atrativo para o cidadão deixar o carro em casa. Ela defende o estímulo ao pedestre e o ciclista, acrescenta. "A situação aqui está tão complicada quanto em outras capitais. Está mais do que na hora de Curitiba ter metrô, mas não para substituir o atual modelo e sim para complementá-lo."
A necessidade de melhorar o transporte público estará nos discursos dos candidatos à sucessão curitibana que começa oficialmente neste fim de semana com o término das convenções.
O prefeito Luciano Ducci (PSB), que era vice do atual governador Beto Richa (PSDB) e herdou o cargo, vai disputar a vaga com o ex-prefeito, Rafael Greca de Macedo (PMDB), o ex-deputado federal, Gustavo Fruet (PDT), e o atual Carlos Roberto Massa Junior, o Ratinho Junior (PSC).
Além do transporte, a violência também promete polemizar a campanha, a despeito de ser um tema da alçada estadual.
O Mapa da Violência 2012, feito pelo Instituto Sangari, mostra que o número de homicídios mais que duplicou na última década. A cidade pulou da 20ª posição em violência, em 2000, para a 6ª colocação, em 2010, ficando atrás apenas de Maceió, João Pessoa, Vitória, Recife e São Luís.
Algumas propostas para mudar o quadro começaram a aparecer. Ratinho fala, por exemplo, em melhorar a iluminação e as calçadas e na criação da academia da guarda municipal. Fruet propõe a ampliação do efetivo da guarda municipal e diz que é preciso ter ousadia no combate às drogas e no tratamento de usuários.
Luciano Ducci (PSB), passou os últimos dias dando explicações sobre seu patrimônio e chegou a entregar cópias do seu Imposto de Renda ao Ministério Público, para livrar-se de suspeitas de enriquecimento repentino. Ele é dono de fazendas e mora em apartamento de luxo, mas afirma que os bens são herança de sua esposa.
Muita coisa ainda vai ser decidida nos próximos dias, como nomes de alguns vices e o fechamento de alianças, mas o cenário atual já permite a visualização de tendências. "Pela primeira vez em muitos anos é possível enxergar a possibilidade de a disputa não ficar polarizada entre os herdeiros dos ex-governadores Jaime Lerner e Roberto Requião", opina o cientista político Adriano Codato, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Desta vez, a presença desses grupos não está tão clara. Ducci pode ser apontado como representante do "lernismo", pois trabalhou com dois de seus herdeiros - o ex-prefeito Cassio Taniguchi e Beto Richa. Greca também foi aliado de Lerner, quando estava na prefeitura. Mas só conseguiu sua aprovação na convenção do fim de semana porque teve o apoio de Requião.
Agora, as correntes mais tradicionais encontraram novos desafiantes. "Há uma terceira força que corre o risco de ser viável, que é o candidato do PT, que não é petista", acrescenta Codato, citando Fruet, um ex-tucano que não encontrou espaço no partido pra tentar a prefeitura, foi para o PDT e ganhou o apoio do PT mesmo depois de ter sido um dos maiores críticos do mensalão. Ao contrário de anos anteriores, o PT não terá candidato próprio em Curitiba e o interesse maior do partido está em viabilizar-se para o governo em 2014.
Os ministros Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, e Paulo Bernardo, das Comunicações, atuaram pessoalmente para derrubar a candidatura petista e sacramentar o nome de Fruet. Se ele for eleito, Gleisi poderá ter apoio para enfrentar Richa daqui a dois anos, quando o tucano deve buscar a reeleição. "A eleição de 2012 vai ser mais disputada que as outras", diz o cientista político Sérgio Braga, da UFPR. Segundo ele, se há quatro anos Richa conseguiu ser eleito com facilidade agora seu candidato tem três fortes opositores.
Na conta de Braga, além de Fruet e Greca, entra Ratinho Junior, que chegou a ser sondado para ser vice tanto de Ducci como de Fruet, mas optou por testar as urnas. Com 31 anos de idade, ele é o candidato mais jovem - Ducci está com 57, Greca tem 56 e Fruet, 49 - e tem dinheiro e o apoio do pai, o apresentador de televisão Carlos Roberto Massa.
Tanto Codato como Braga acreditam na ocorrência de segundo turno em Curitiba. Os números, até agora, confirmam isso. Pesquisa divulgada em abril pelo Ibope, a única até o momento, mostrou Fruet com 26% das intenções de voto, seguido de Ratinho (24%), Ducci (16%) e Greca (7%). Num segundo turno entre os dois primeiros, haveria empate técnico no limite da margem de erro de três pontos para mais ou para menos - 42% a 36% para Fruet. Caso a disputa ficasse entre Fruet e Ducci, o pedetista venceria com 46% dos votos, contra 27% do atual prefeito.
Por enquanto, duas mulheres vão sair como vices - o PT indicou Mirian Gonçalves para Fruet e Greca terá como vice uma colega de partido, Marinalva Silva. Ducci escolheu o deputado federal Rubens Bueno (PPS). Ratinho ainda não definiu.
Os discursos que serão usados na campanha já começaram a ser demonstrados em entrevistas. Ducci vai dizer que tem trabalho para terminar (ele só assumiu em 2010). Greca tem repetido que é o mais experiente. Fruet e Ratinho vão bater na oportunidade de renovação.
Do Valor
Cidade-modelo no transporte público rendeu-se ao carro
Por Marli Lima | De Curitiba
Se, no passado, a fama do sistema do transporte curitibano rompeu fronteiras, nos últimos anos tornou-se alvo de críticas por parte da população, que cada vez mais tem optado pelo uso do automóvel nos deslocamentos. Em 2002, por exemplo, o índice de motorização na cidade estava em 2,1 habitantes por veículos, agora está em 1,4. Em dezembro foi criada a Secretaria Municipal de Trânsito.
Os congestionamentos cresceram e a opção de metrô, que já foi abordada em campanhas anteriores e atualmente tem até parte do financiamento garantido pelo governo federal, voltará a ser tratada, especialmente no que diz respeito ao modelo, se deve ser suspenso ou enterrado. O incentivo ao uso de bicicletas também vai ser defendido, especialmente por Greca.
"Hoje estamos longe de ser modelos", diz a professora do Departamento de Transporte da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Márcia Pereira. Ela argumenta que o preço da passagem de ônibus não oferece atrativo para o cidadão deixar o carro em casa. Ela defende o estímulo ao pedestre e o ciclista, acrescenta. "A situação aqui está tão complicada quanto em outras capitais. Está mais do que na hora de Curitiba ter metrô, mas não para substituir o atual modelo e sim para complementá-lo."
A necessidade de melhorar o transporte público estará nos discursos dos candidatos à sucessão curitibana que começa oficialmente neste fim de semana com o término das convenções.
O prefeito Luciano Ducci (PSB), que era vice do atual governador Beto Richa (PSDB) e herdou o cargo, vai disputar a vaga com o ex-prefeito, Rafael Greca de Macedo (PMDB), o ex-deputado federal, Gustavo Fruet (PDT), e o atual Carlos Roberto Massa Junior, o Ratinho Junior (PSC).
Além do transporte, a violência também promete polemizar a campanha, a despeito de ser um tema da alçada estadual.
O Mapa da Violência 2012, feito pelo Instituto Sangari, mostra que o número de homicídios mais que duplicou na última década. A cidade pulou da 20ª posição em violência, em 2000, para a 6ª colocação, em 2010, ficando atrás apenas de Maceió, João Pessoa, Vitória, Recife e São Luís.
Algumas propostas para mudar o quadro começaram a aparecer. Ratinho fala, por exemplo, em melhorar a iluminação e as calçadas e na criação da academia da guarda municipal. Fruet propõe a ampliação do efetivo da guarda municipal e diz que é preciso ter ousadia no combate às drogas e no tratamento de usuários.
Luciano Ducci (PSB), passou os últimos dias dando explicações sobre seu patrimônio e chegou a entregar cópias do seu Imposto de Renda ao Ministério Público, para livrar-se de suspeitas de enriquecimento repentino. Ele é dono de fazendas e mora em apartamento de luxo, mas afirma que os bens são herança de sua esposa.
Muita coisa ainda vai ser decidida nos próximos dias, como nomes de alguns vices e o fechamento de alianças, mas o cenário atual já permite a visualização de tendências. "Pela primeira vez em muitos anos é possível enxergar a possibilidade de a disputa não ficar polarizada entre os herdeiros dos ex-governadores Jaime Lerner e Roberto Requião", opina o cientista político Adriano Codato, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Desta vez, a presença desses grupos não está tão clara. Ducci pode ser apontado como representante do "lernismo", pois trabalhou com dois de seus herdeiros - o ex-prefeito Cassio Taniguchi e Beto Richa. Greca também foi aliado de Lerner, quando estava na prefeitura. Mas só conseguiu sua aprovação na convenção do fim de semana porque teve o apoio de Requião.
Agora, as correntes mais tradicionais encontraram novos desafiantes. "Há uma terceira força que corre o risco de ser viável, que é o candidato do PT, que não é petista", acrescenta Codato, citando Fruet, um ex-tucano que não encontrou espaço no partido pra tentar a prefeitura, foi para o PDT e ganhou o apoio do PT mesmo depois de ter sido um dos maiores críticos do mensalão. Ao contrário de anos anteriores, o PT não terá candidato próprio em Curitiba e o interesse maior do partido está em viabilizar-se para o governo em 2014.
Os ministros Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, e Paulo Bernardo, das Comunicações, atuaram pessoalmente para derrubar a candidatura petista e sacramentar o nome de Fruet. Se ele for eleito, Gleisi poderá ter apoio para enfrentar Richa daqui a dois anos, quando o tucano deve buscar a reeleição. "A eleição de 2012 vai ser mais disputada que as outras", diz o cientista político Sérgio Braga, da UFPR. Segundo ele, se há quatro anos Richa conseguiu ser eleito com facilidade agora seu candidato tem três fortes opositores.
Na conta de Braga, além de Fruet e Greca, entra Ratinho Junior, que chegou a ser sondado para ser vice tanto de Ducci como de Fruet, mas optou por testar as urnas. Com 31 anos de idade, ele é o candidato mais jovem - Ducci está com 57, Greca tem 56 e Fruet, 49 - e tem dinheiro e o apoio do pai, o apresentador de televisão Carlos Roberto Massa.
Tanto Codato como Braga acreditam na ocorrência de segundo turno em Curitiba. Os números, até agora, confirmam isso. Pesquisa divulgada em abril pelo Ibope, a única até o momento, mostrou Fruet com 26% das intenções de voto, seguido de Ratinho (24%), Ducci (16%) e Greca (7%). Num segundo turno entre os dois primeiros, haveria empate técnico no limite da margem de erro de três pontos para mais ou para menos - 42% a 36% para Fruet. Caso a disputa ficasse entre Fruet e Ducci, o pedetista venceria com 46% dos votos, contra 27% do atual prefeito.
Por enquanto, duas mulheres vão sair como vices - o PT indicou Mirian Gonçalves para Fruet e Greca terá como vice uma colega de partido, Marinalva Silva. Ducci escolheu o deputado federal Rubens Bueno (PPS). Ratinho ainda não definiu.
Os discursos que serão usados na campanha já começaram a ser demonstrados em entrevistas. Ducci vai dizer que tem trabalho para terminar (ele só assumiu em 2010). Greca tem repetido que é o mais experiente. Fruet e Ratinho vão bater na oportunidade de renovação.
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