domingo, 27 de novembro de 2011

.A visão de longo prazo da Alemanha


Enviado por luisnassif, dom, 27/11/2011 - 12:00

Por Phillip



A maioria dos comentários dessa notícia revela apenas ignorância que a maioria têm das estruturas econômicas. Os únicos países que não se beneficiam com o Euro são países que justamente nada ou pouco produzem. Grécia, Portugal, Itália, Irlanda entre outros adotaram a idéia de financiar o padrão de vida de suas populações através do capital especulativo; são países que jamais teriam o padrão de vida que têm se vivessemos em circunstâncias econômicas normais. A idéia de viver da especulção foi tão bem adotada por esses países que a indústria de precisão portuguesa praticamente deixou de existir, vítima do desinteresse político português. O mesmo aconteceu com a indústria naval grega. Acharam que viver do turismo era melhor do que exportar navios.





Quanto a Alemanha, em 1991, depois do oba-oba da unificação veio a dura realidade do choque social entre a República Federal e República Democrática. Em meio a crise da economia russa, em solavancos após a queda do socialismo, os alemães aumentaram impostos, cortaram investimentos no oeste para modernizar o leste, pagaram indenizações de guerra até o ano passado. O processo de reintegração da Alemanha Oriental a Alemanha Ocidental está previsto para durar até 2020. Em 2000, diante de uma estagnação econômica, sindicatos, políticos e proprietários sentaram à mesa de negociação e, sem retórica barata, conseguiram executar uma reforma econômica extremamente importante para a competitividade da manufatura alemã, maior responsável pelo sucesso econômico desse país.



Os países que escolheram dinheiro ao invés de capital estão apenas colhendo os frutos da sua escolha. Curiosamente, mesmo mentes antagônicas como Smith, Marx e Keynes ensinaram que o que produz riqueza são os meios de produção; seja ele privado, estatal(liberais, não me ataquem por favor) ou misto. Básico consenso da econômia é que "dinheiro só é capital quanto investido em produção". Ainda sim, os festivos do mediterrâneo preferiram Wall Street ao trabalho, escolheram a especulação à produção, financiaram um estilo de vida incompatível com suas atividades econômicas.



Do mesmo modo que Alemanha foi punida pela sua incapacidade de resolver pacificamente seus problemas da década 10 e de 30, perdendo um terço de seu território original, cedendo milhares de patentes às nações vencedores, transferindo 60% da indústria pesada da Alemanha Oriental para a URSS, pagando indenizações até o ano passado e de brinde reduzindo sua população em 6 milhões de almas, desse mesmo modo os países incompetentes financeiramente devem sofrer o impacto de suas escolhas falhas, deverão aumentar impostos e reduzir benefícios, deverão novamente investir em produção e competitividade se querem sustentar a qualidade de vida que levam e aprenderem a não depender do capital especulativo. Se olharmos, contudo, o futuro que esses países têm a tomar, em nada se compara ao que aconteceu a Alemanha do pós-guerra e, se essa nação prosperou mesmo com tantos infortúnios, o mesmo deverá ocorrer com os países que hoje se encontram em situação preocupante - a não ser que sejam impedidos pela sua própria incompetência.



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