Despretensão e magia na abertura dos Jogos

Da Reuters Brasil

Danny Boyle é aclamado por show deslumbrante na abertura dos Jogos

Por Belinda Goldsmith
LONDRES, 29 Jul (Reuters) - Danny Boyle surpreendeu o mundo com sua espetacular cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, mas o festejado cineasta de Hollywood conquistou seu próprio país e garantiu seu lugar na elite cultural do mesmo com uma abordagem despretensiosa da vida.

Boyle, 55 anos, foi inicialmente considerado uma escolha estranha para planejar a cerimônia que iria mostrar a Grã-Bretanha para o mundo e definir o tom para os Jogos de 2012.

Afinal, ele foi lançado para a fama com o duro filme "Trainspotting", de 1996, retratando dependentes de heroína da classe trabalhadora de Edimburgo e um inesquecível mergulho de Ewan McGregor em uma privada imunda para recuperar drogas.

Seu filme de "ascensão social", "Quem Quer Ser um Milionário" -que ganhou um Oscar em 2008-, também retratava a dura realidade da vida, com imagens gráficas de crianças de rua indianas envolvidas em uma história otimista sobre um azarão que vence as adversidades.

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Mas os organizadores da Olimpíada insistiram que a experiência, energia e paixão de Boyle pela Inglaterra e sua visão incomum fizeram dele o homem perfeito para o trabalho. Eles provaram que estavam certos.

A extravagância de 27 milhões de libras (42 milhões de dólares) do diretor foi aclamada internacionalmente por destacar a essência da Grã-Bretanha ao misturar história, cultura e humor em um show tecnicamente deslumbrante.

Seria difícil acompanhar a estonteante cerimônia de abertura de Pequim, há quatro anos, mas Boyle conseguiu.

Como em seus filmes, ele apostou em uma trilha sonora frenética, cheia de energia e compulsiva durante a cerimônia de abertura, usando o humor auto-depreciativo para destacar a estranheza da Grã-Bretanha, com nuvens falsas, enfermeiros dançarinos e pombas de néon em motos.

Mas seu golpe da noite foi elencar a rainha Elizabeth em um filme com o ator Daniel Craig, que interpreta James Bond, com esta ligação à realeza consolidando a posição do cineasta independente, que não se alterou com o glamour de Hollywood, nos altos escalões da cultura popular britânica.

Ele disse que, nas Olimpíadas, queria retribuir à Grã-Bretanha e Londres, e incluiu operários, sindicatos e funcionários do hospital no show por serem tão importantes para o país.

"Este país e esta cidade... me deram tudo o que tenho na minha vida, além de minha formação que estava em Manchester e os valores que eu tenho de lá", disse ele a jornalistas. "Em termos das oportunidades que tive na minha vida, esta cidade, na qual sou muito orgulhoso de viver, me deu tudo."

Agora, a obra prima da Olimpíada garantiu a Boyle aplausos de toda a Grã-Bretanha -e uma onda de apostas de que será nomeado cavaleiro pela rainha na Lista de Honras do Ano Novo.