ONU: falta de verba reduz ajuda humanitária no Haiti

Por alfeu
De Terra
ONU alerta para falta de verbas humanitárias no Haiti

A ONU alertou nesta terça-feira que a falta de verbas para o Haiti está levando à redução dos serviços prestados por agências humanitárias num dos países mais pobre do mundo, colocando centenas de milhares de desabrigados em risco. O Haiti recebeu no ano passado menos de metade dos 382 milhões de dólares solicitados em ajuda humanitária, e até agora menos de 10 por cento do apelo de 231 milhões de dólares encaminhado para 2012, disse em nota Nigel Fisher, coordenador humanitário da ONU no Haiti.
p>"(A escassez de verbas) ameaça reverter os ganhos alcançados na luta contra a cólera por meio da promoção de práticas sanitárias e de higiene", afirmou ele. "Ameaça a própria existência de centenas de milhares que vivem em acampamentos." O Haiti ainda luta para se re-erguer depois do terremoto que matou cerca de 300 mil pessoas e deixou mais de 1,5 milhão de desabrigados, em janeiro de 2010. Apesar dos bilhões de dólares prometidos por doadores estrangeiros, a reconstrução continua lenta, com sinais apenas incipientes de progresso.
"Quase meio milhão de pessoas ainda vive em acampamentos, expostas a surtos de cólera e a riscos de inundações que serão exacerbados pela chegada da temporada de chuvas e furacões, de maio a novembro", disse o dirigente da ONU.
Uma epidemia de cólera contaminou mais de 500 mil pessoas e matou mais de 7.000 desde outubro de 2010. Alguns haitianos acusam soldados nepaleses da ONU de terem introduzido a doença no país, ao despejarem esgoto em um rio.
O presidente Michel Martelly disse em janeiro que mais de 8 milhões de haitianos vivem sem eletricidade, 5 milhões são analfabetos, e 80 por cento da população subsiste com menos de 2 dólares por dia.
"O governo do Haiti e seus parceiros humanitários expressam sua profunda preocupação com a falta de recursos financeiros à sua disposição para a continuidade das operações humanitárias e para a resposta a desastres repentinos", afirmou Fisher. "Essa escassez de recursos está restringindo sua capacidade de oferecer plenamente serviços na linha de frente."
De acordo com Fisher, a comunidade humanitária precisaria urgentemente de 53,9 milhões de dólares para o período de abril a junho, a fim de proteger quem vive em acampamentos e oferecer serviços como água potável, alimentação, segurança e combate à epidemia de cólera, entre outras coisas.
O Brasil lidera a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), com o maior contingente de militares estrangeiros no país, 2.100 homens.