Tão logo foi avisada de que viajaria ao Rio para escapar da aridez de Brasília, onde não chove há quase 100 dias, Luana começou a fazer planos em voz alta:
- Vou soltar pipa com vovô. Ele sabe soltar pipa, não sabe?
Sofia, a mãe, mentiu para salvar a face do avô desajeitado:
- É claro que sabe. Seu avô já foi campeão de pipa...
- Eu não gosto de areia de praia. Mas vou passear com vovô no calçadão.
- Claro que vai. Ninguém mais do que seu avô gosta de passer no calçadão - respondeu Sofia em tom de deboche. Luana ainda não sabe o que é deboche.
- E quando a gente vai viajar?
- Amanhã.
Os olhinhos de Luana brilharam. Então ela quis saber:
- Mãe, quando é amanhã?
- Como assim?
- Quando é amanhã?
- Daqui a pouco você vai almoçar, não vai?
- Vou.
- E depois vai para a escola. À noite, você janta e vai dormir, não é?
- É...
- Quando você acordar será amanhã. Entendeu?
- Entendi. Mas amanhã não pode ser hoje?
- Não, Luana, não pode.
Ela calou-se. Mas não por muito tempo.
- Eu vou levar minha boneca blue... Como é blue, mãe?
- Como é? Como assim?
- Quando você fala, o que é blue?
Aí Sofia arregalou os olhos, virou-se para o marido, Vitor, e comentou:
- Vou acabar devolvendo essa menina...
Em seguida respondeu à pergunta da filha:
- Blue é azul.
- Vou levar minha boneca azul para o Rio, posso?
Para abreviar a conversa, Sofia concordou.
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(Do que merece ser destacado das primeiras 24 horas no Rio de Sofia com seus filhos Luana, de 3 anos e 7 meses, e Felipe, de 4 meses e meio:
* Depois que o avião aterrissou no aeroporto Santos Dummont, Luana começou a reclamar em voz alta: "Eu não estou no Rio. Nao estou. Cadê o Rio? Aqui não tem praia. Aqui não é o Rio".
* Como ventava muito, esta manhã, na altura do Posto 9 em Ipanema, Felipe foi mantido enclausurado no carrinho de bebê que o levara até ali.
Para não pegar um resfriado, o "menino-bolha" não viu nem foi visto por ninguém.
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