domingo, 30 de outubro de 2011

Dulce Antunes


‎(..)As oliveiras dispunham-se em linhas horizontais ao longo da planície escarpada, pela mão do povo que as colhia, como quem colhe pérolas e raridades incontáveis. Pelo parco salário, colhiam da terra como um filho colhe beijos da mãe, hoje o olival amadurece sob o calor do sol, hoje cedem os galhos pelo peso do fruto, e ainda assim oferecem a suas pérolas, na planície onde ninguém vai, mas elas..., as árvores, não conhecem a solidão, não sabem que apenas o vento lhes toca, e que as mãos que em tempos lhe sacudiam os ramos, estão hoje mortas, elas simplesmente permanecem, férteis, fecundas, impenetráveis e indestrutíveis, na serenidade da paisagem. (...)



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