Juros baixos x Yene valorizado
Enviado por luisnassif, seg, 31/10/2011 - 14:50
Autor: Daniel Miyagi
Juros baixos x Yene valorizado, consumo interno do Japão e exportações despencam
Com base da análise numa discussão que houve quando indaguei porque o consumo interno japonês não reage aqui no Luis Nassif, mais o debate que assisti semana passada no Centro de Convenções Lilia em Saitama, Japão, reproduzo algumas conclusões:
Na semana passada, assisti a um debate onde analistas econômicos no Centro de Convenções Lilia de Kawaguchi. Passo aqui , algumas das conclusões :
O caso do Japão é típico de um ciclo vicioso: os empresários não investem mais do que o suficiente para manter-se no mercado sem perder sua posição pois temem que não tenham demanda para seus produtos. Já as famílias vendo a economia estagnada não consomem por medo de desemprego e de não poder honrar suas dívidas, lembrando ainda que o Japão tem uma tradição natural de poupar e um conceito de honra muito grande.
Seus vizinhos chineses ao contrário, estão em um ciclo virtuoso, os empresários investem pois sabem que a economia cresce 9% há 10 anos e provavelmente terão demanda abundante e lucros, já as pessoas estão aumentando suas rendas descobrindo novos produtos de consumo e comprando cada vez mais. Assim a economia cresce continuamente, até porque o governo chinês investe bastante em tecnologia, inovação de processos e infraestrutura pra economia continuar crescendo sem criar gargalos...
A armadilha da liquidez refere-se à política monetária com juros perto de ou igual a zero, pois a autoridade monetária perde a capacidade de estimular o crescimento econômico através desse instrumento. Os atores econômicos deixam de fazer investimentos a longo prazo pois não terão retorno, o que agrava o quadro recessivo.
Muitos economistas, e acho que o Paul Krugman é um deles, consideram que o Japão possui uma tendência natural à estagnação devida ao descompasso entre poupança e investimento, cujas causas vão além da questão dos juros: envelhecimento da população, hábitos de consumo e poupança, exaustão das oportunidades de novos investimentos. Essa situação seria na interpretação desses analistas, decorrente do fantásticos crescimento econômico do Japão pós-guerra até os anos 90, isto é, o país teria alcançado um estágio tal de desenvolvimento econômico que não seria possível sua ampliação nos moldes convencionais.
O que ocorre com o Japão é uma espécie de "laboratório" no que tange ao futuro da economia capitalista se não refeitas suas bases. E uma delas, se não a principal, é a questão dos mercados.Sabe-se que esse pequeno(em tamanho)país desde o final da segunda-guerra escorou sua proposta de desenvolvimento econômico nas trocas com o exterior por não ter quase nenhum recurso natural. Daí a estratégia de investir pesadamente na educação com o propósito de estocar um capital intelectual apto para tocar para frente a manufatura de bens com alto valor agregado, caso da microeletrônica.
Mas aí aparecem as "pedras no caminho". Em seu entorno, os "tigres asiáticos" seguem-na e com isso passam a disputar também os mesmos mercados. Por último aporta a China com mão-de-obra farta e barata, fatores agregados a um patamar já competitivo em termos de tecnologia.
Assim, cada vez mais acirra-se a competitividade nesse mercado que por essência já é bastante restrito e exigente. Agora imaginemos esse impasse que ora ocorre com a economia japonesa em nível global? Se analisarmos todos os grandes conflitos bélicos na história da humanidade sempre teremos como causas subjacentes problemas econômicos, em especial a disputa por matérias-primas essenciais ou de mercados.
O descompasso entre poupança e investimento, é justamente a definição de armadilha de liquidez .A oferta de poupança é tão grande que, para que se equilibre com a demanda por investimento, se dá com taxas de juros negativas, uma abstração matemática. A única maneira de se equilibrar o jogo e botar a economia para rodar seria criando inflação. Mas isto é muito difícil: o banco do Japão está tentando fazer isto há duas décadas e não consegue.Pelo contrário: o perigo que ronda o Japão é o da deflação.Este mecanismo está se repetindo em muitas economias desenvolvidas, como os EUA agora.
Fora que um dos pilares da política econômica, que é a política de exportação, está gravemente abalado, as indústrias japonesas vem sofrendo cada vez mais com o yene valorizado.
Atualização: o dólar caiu na manhã desta segunda-feira (horário local), dia 31 de outubro ao nível mais baixo desde 1945 em relação ao iene (75,32 ienes), superando o recorde do pós-guerra (75,67 ienes), registrado na semana passada em Nova York.
Há um mês, o dólar não para de cair frente à moeda japonesa, em consequência dos altos e baixos da economia americana, e da crise da dívida dos países europeus. A desvalorização ameaça cada vez mais a reativação econômica no Japão.
Enviado por luisnassif, seg, 31/10/2011 - 14:50
Autor: Daniel Miyagi
Juros baixos x Yene valorizado, consumo interno do Japão e exportações despencam
Com base da análise numa discussão que houve quando indaguei porque o consumo interno japonês não reage aqui no Luis Nassif, mais o debate que assisti semana passada no Centro de Convenções Lilia em Saitama, Japão, reproduzo algumas conclusões:
Na semana passada, assisti a um debate onde analistas econômicos no Centro de Convenções Lilia de Kawaguchi. Passo aqui , algumas das conclusões :
O caso do Japão é típico de um ciclo vicioso: os empresários não investem mais do que o suficiente para manter-se no mercado sem perder sua posição pois temem que não tenham demanda para seus produtos. Já as famílias vendo a economia estagnada não consomem por medo de desemprego e de não poder honrar suas dívidas, lembrando ainda que o Japão tem uma tradição natural de poupar e um conceito de honra muito grande.
Seus vizinhos chineses ao contrário, estão em um ciclo virtuoso, os empresários investem pois sabem que a economia cresce 9% há 10 anos e provavelmente terão demanda abundante e lucros, já as pessoas estão aumentando suas rendas descobrindo novos produtos de consumo e comprando cada vez mais. Assim a economia cresce continuamente, até porque o governo chinês investe bastante em tecnologia, inovação de processos e infraestrutura pra economia continuar crescendo sem criar gargalos...
A armadilha da liquidez refere-se à política monetária com juros perto de ou igual a zero, pois a autoridade monetária perde a capacidade de estimular o crescimento econômico através desse instrumento. Os atores econômicos deixam de fazer investimentos a longo prazo pois não terão retorno, o que agrava o quadro recessivo.
Muitos economistas, e acho que o Paul Krugman é um deles, consideram que o Japão possui uma tendência natural à estagnação devida ao descompasso entre poupança e investimento, cujas causas vão além da questão dos juros: envelhecimento da população, hábitos de consumo e poupança, exaustão das oportunidades de novos investimentos. Essa situação seria na interpretação desses analistas, decorrente do fantásticos crescimento econômico do Japão pós-guerra até os anos 90, isto é, o país teria alcançado um estágio tal de desenvolvimento econômico que não seria possível sua ampliação nos moldes convencionais.
O que ocorre com o Japão é uma espécie de "laboratório" no que tange ao futuro da economia capitalista se não refeitas suas bases. E uma delas, se não a principal, é a questão dos mercados.Sabe-se que esse pequeno(em tamanho)país desde o final da segunda-guerra escorou sua proposta de desenvolvimento econômico nas trocas com o exterior por não ter quase nenhum recurso natural. Daí a estratégia de investir pesadamente na educação com o propósito de estocar um capital intelectual apto para tocar para frente a manufatura de bens com alto valor agregado, caso da microeletrônica.
Mas aí aparecem as "pedras no caminho". Em seu entorno, os "tigres asiáticos" seguem-na e com isso passam a disputar também os mesmos mercados. Por último aporta a China com mão-de-obra farta e barata, fatores agregados a um patamar já competitivo em termos de tecnologia.
Assim, cada vez mais acirra-se a competitividade nesse mercado que por essência já é bastante restrito e exigente. Agora imaginemos esse impasse que ora ocorre com a economia japonesa em nível global? Se analisarmos todos os grandes conflitos bélicos na história da humanidade sempre teremos como causas subjacentes problemas econômicos, em especial a disputa por matérias-primas essenciais ou de mercados.
O descompasso entre poupança e investimento, é justamente a definição de armadilha de liquidez .A oferta de poupança é tão grande que, para que se equilibre com a demanda por investimento, se dá com taxas de juros negativas, uma abstração matemática. A única maneira de se equilibrar o jogo e botar a economia para rodar seria criando inflação. Mas isto é muito difícil: o banco do Japão está tentando fazer isto há duas décadas e não consegue.Pelo contrário: o perigo que ronda o Japão é o da deflação.Este mecanismo está se repetindo em muitas economias desenvolvidas, como os EUA agora.
Fora que um dos pilares da política econômica, que é a política de exportação, está gravemente abalado, as indústrias japonesas vem sofrendo cada vez mais com o yene valorizado.
Atualização: o dólar caiu na manhã desta segunda-feira (horário local), dia 31 de outubro ao nível mais baixo desde 1945 em relação ao iene (75,32 ienes), superando o recorde do pós-guerra (75,67 ienes), registrado na semana passada em Nova York.
Há um mês, o dólar não para de cair frente à moeda japonesa, em consequência dos altos e baixos da economia americana, e da crise da dívida dos países europeus. A desvalorização ameaça cada vez mais a reativação econômica no Japão.
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