Selic de 9% não assusta investidores de renda fixa
Enviado por luisnassif, seg, 30/04/2012 - 11:15
Por Roberto São Paulo-SP 2012
Dois milhões já perdem em fundos 'caros'
Antonio Perez, Silvia Rosa e Filipe Pacheco, Do Valor Econômico
A redução da taxa Selic para 9% colocou em desvantagem os pequenos investidores em fundos conservadores, mas ainda está longe de desencadear uma fuga maciça de recursos rumo à caderneta de poupança. Fundos DI e de renda fixa com taxa de administração de 0,75%, que ganham da poupança, detêm 94% do patrimônio total dos fundos
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A redução da taxa Selic para 9% ainda não afeta o bolso do grande investidor que aplica em fundos conservadores e, por isso, está longe de desencadear uma migração maciça de recursos do setor de fundos DI e renda fixa em direção à caderneta de poupança. "Uma Selic de 9% ainda não assusta tanto o setor, porque a maior parte do patrimônio dos fundos DI está em carteiras com taxa de administração menor que 1% e ainda rendem mais que a caderneta", afirma Sinara Policarpo, superintendente de investimentos do Santander.
Com os juros em 9% ao ano, os fundos DI e de renda fixa com taxa de administração de 0,75% - onde estão aplicados 94% do patrimônio total dos fundos dessas duas categorias - ainda ganham da caderneta de poupança para aplicações em seis meses. Ou seja, não há motivo para a maior parte do dinheiro nos fundos DI e renda fixa migrar hoje para a poupança.
"Não faz sentido falar em fuga de recursos para a poupança, porque os grandes investidores, que conseguem taxas de administração menores, ainda preferem ficar nos fundos", afirma o economista Marcelo d"Agosto, especialista no setor de fundos e autor do blog "O Consutor Financeiro", no portal Valor.
O cenário pode mudar de figura se a Selic cair abaixo de 8,5%, alerta Sinara, do Santander. Com a Selic em 8,50%, os fundos que cobram taxa de 0,75% já perdem da poupança em seis meses. Se o BC cortar o juro para 8%, esses mesmos fundos só vão bater a caderneta se o dinheiro ficar aplicado por dois anos e meio.
Os fundos DI sempre foram sinônimo de rentabilidade gorda no curtíssimo prazo, ou seja, da possibilidade de sacar o dinheiro imediatamente ganhando mais que na poupança. Se deixam de bater a caderneta em prazos estreitos, os fundos DI não fazem mais sentido como estratégia de investimento nem mesmo para os grandes investidores, que conseguem taxas de administração abaixo de 0,75%.
Como os fundos DI carregam principalmente títulos públicos de curto prazo que seguem a Selic (LFTs), um movimento de saques das carteiras, por conta da queda da Selic, obrigaria os gestores a vender esses papéis. "Os fundos teriam que desová-las (LFTs) para poder entregar o dinheiro aos investidores", afirma.
A migração dos recursos em fundos de investimento pode criar um problema para o governo no financiamento da dívida pública. Os fundos de investimento detêm 29,72% dos títulos públicos em estoque, que somam R$ 1,73 trilhão, e representam 41,1% dos papéis em mercado. Mas parte relevante desses recursos em fundos, no entanto, são de investidores pessoas jurídicas como seguradoras e empresas, para os quais há cobrança de Imposto de Renda para as aplicações em poupança.
Esses investidores só sairiam dos fundos, portanto, em um segundo momento, quando a taxa Selic ficasse abaixo da remuneração da poupança de 6,17%, afirma Bernard Appy, ex-secretário do Ministério da Fazenda e atualmente diretor da consultoria LCA. Para ele, a remuneração da caderneta deveria ser atrelada à taxa Selic. "Se não mexer na remuneração da poupança, o Banco Central não consegue reduzir a taxa básica de juros, pois o Tesouro Nacional e os bancos continuarão tendo que captar a uma taxa acima do rendimento da caderneta."
Se do lado do patrimônio do setor de fundos uma Selic em 9% significa muito pouco, para o pequeno investidor a queda dos juros é fatal. Hoje, mais de 2 milhões de cotistas estão em fundos DI e de renda fixa que rendem menos que a poupança. Esses 2 milhões, contudo, representam apenas 6% do patrimônio total dessas duas categorias. "A grande maioria dos investidores em fundos aplica em carteiras caras, e teriam melhor remuneração se migrassem para a poupança, diz d"Agosto.
Mas nem a pessoa física que está em um fundo com taxa maior que 0,75% deve migrar imediatamente para a poupança caso a Selic caia abaixo de 9%, diz Sinara. "Leva certo tempo para o investidor se dar conta de que o rendimento mudou e sempre existe uma tendência de permanecer na aplicação antiga", afirma ela. "Mas os novos aportes tendem a ir para a poupança".
O presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, Octavio de Lazari Junior, ainda não nota um forte movimento de migração para a poupança. "Os números mais recentes, de março, mostram que o fluxo foi condizente com o histórico para essa época do ano, de valor entre R$ 2 bilhões e R$ 2,5 bilhões entre fevereiro e março", disse Lazari Jr. "Pelo que temos conversado com os bancos, não se reconheceu um efeito de manada ou nenhuma movimentação mais brusca ao longo do mês até agora", disse
Carlos Massaru Takahashi, presidente da BB DTVM, maior gestora de fundos do país, com R$ 438,9 bilhões, também não notou até agora uma saída de recursos dos fundos. "Até aqui, por enquanto, não houve nem na BB DTVM nem na indústria como um todo essa migração", afirma Takahashi
Dois milhões já perdem em fundos 'caros'
Antonio Perez, Silvia Rosa e Filipe Pacheco, Do Valor Econômico
A redução da taxa Selic para 9% colocou em desvantagem os pequenos investidores em fundos conservadores, mas ainda está longe de desencadear uma fuga maciça de recursos rumo à caderneta de poupança. Fundos DI e de renda fixa com taxa de administração de 0,75%, que ganham da poupança, detêm 94% do patrimônio total dos fundos
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A redução da taxa Selic para 9% ainda não afeta o bolso do grande investidor que aplica em fundos conservadores e, por isso, está longe de desencadear uma migração maciça de recursos do setor de fundos DI e renda fixa em direção à caderneta de poupança. "Uma Selic de 9% ainda não assusta tanto o setor, porque a maior parte do patrimônio dos fundos DI está em carteiras com taxa de administração menor que 1% e ainda rendem mais que a caderneta", afirma Sinara Policarpo, superintendente de investimentos do Santander.
Com os juros em 9% ao ano, os fundos DI e de renda fixa com taxa de administração de 0,75% - onde estão aplicados 94% do patrimônio total dos fundos dessas duas categorias - ainda ganham da caderneta de poupança para aplicações em seis meses. Ou seja, não há motivo para a maior parte do dinheiro nos fundos DI e renda fixa migrar hoje para a poupança.
"Não faz sentido falar em fuga de recursos para a poupança, porque os grandes investidores, que conseguem taxas de administração menores, ainda preferem ficar nos fundos", afirma o economista Marcelo d"Agosto, especialista no setor de fundos e autor do blog "O Consutor Financeiro", no portal Valor.
O cenário pode mudar de figura se a Selic cair abaixo de 8,5%, alerta Sinara, do Santander. Com a Selic em 8,50%, os fundos que cobram taxa de 0,75% já perdem da poupança em seis meses. Se o BC cortar o juro para 8%, esses mesmos fundos só vão bater a caderneta se o dinheiro ficar aplicado por dois anos e meio.
Os fundos DI sempre foram sinônimo de rentabilidade gorda no curtíssimo prazo, ou seja, da possibilidade de sacar o dinheiro imediatamente ganhando mais que na poupança. Se deixam de bater a caderneta em prazos estreitos, os fundos DI não fazem mais sentido como estratégia de investimento nem mesmo para os grandes investidores, que conseguem taxas de administração abaixo de 0,75%.
Como os fundos DI carregam principalmente títulos públicos de curto prazo que seguem a Selic (LFTs), um movimento de saques das carteiras, por conta da queda da Selic, obrigaria os gestores a vender esses papéis. "Os fundos teriam que desová-las (LFTs) para poder entregar o dinheiro aos investidores", afirma.
A migração dos recursos em fundos de investimento pode criar um problema para o governo no financiamento da dívida pública. Os fundos de investimento detêm 29,72% dos títulos públicos em estoque, que somam R$ 1,73 trilhão, e representam 41,1% dos papéis em mercado. Mas parte relevante desses recursos em fundos, no entanto, são de investidores pessoas jurídicas como seguradoras e empresas, para os quais há cobrança de Imposto de Renda para as aplicações em poupança.
Esses investidores só sairiam dos fundos, portanto, em um segundo momento, quando a taxa Selic ficasse abaixo da remuneração da poupança de 6,17%, afirma Bernard Appy, ex-secretário do Ministério da Fazenda e atualmente diretor da consultoria LCA. Para ele, a remuneração da caderneta deveria ser atrelada à taxa Selic. "Se não mexer na remuneração da poupança, o Banco Central não consegue reduzir a taxa básica de juros, pois o Tesouro Nacional e os bancos continuarão tendo que captar a uma taxa acima do rendimento da caderneta."
Se do lado do patrimônio do setor de fundos uma Selic em 9% significa muito pouco, para o pequeno investidor a queda dos juros é fatal. Hoje, mais de 2 milhões de cotistas estão em fundos DI e de renda fixa que rendem menos que a poupança. Esses 2 milhões, contudo, representam apenas 6% do patrimônio total dessas duas categorias. "A grande maioria dos investidores em fundos aplica em carteiras caras, e teriam melhor remuneração se migrassem para a poupança, diz d"Agosto.
Mas nem a pessoa física que está em um fundo com taxa maior que 0,75% deve migrar imediatamente para a poupança caso a Selic caia abaixo de 9%, diz Sinara. "Leva certo tempo para o investidor se dar conta de que o rendimento mudou e sempre existe uma tendência de permanecer na aplicação antiga", afirma ela. "Mas os novos aportes tendem a ir para a poupança".
O presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, Octavio de Lazari Junior, ainda não nota um forte movimento de migração para a poupança. "Os números mais recentes, de março, mostram que o fluxo foi condizente com o histórico para essa época do ano, de valor entre R$ 2 bilhões e R$ 2,5 bilhões entre fevereiro e março", disse Lazari Jr. "Pelo que temos conversado com os bancos, não se reconheceu um efeito de manada ou nenhuma movimentação mais brusca ao longo do mês até agora", disse
Carlos Massaru Takahashi, presidente da BB DTVM, maior gestora de fundos do país, com R$ 438,9 bilhões, também não notou até agora uma saída de recursos dos fundos. "Até aqui, por enquanto, não houve nem na BB DTVM nem na indústria como um todo essa migração", afirma Takahashi
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