O circo da CPI, por Kotscho
Enviado por luisnassif, sab, 26/05/2012 - 10:25
Por zanuja castelo branco
Do Balaio do Kotscho
No grande circo em que se transformou a CPI do Cachoeira em suas cinco primeiras semanas de funcionamento, não se avançou um passo sequer nas investigações já feitas pela Polícia Federal sobre a organização criminosa para esclarecer seus vínculos políticos, empresariais, jurídicos e midiáticos.
A única novidade até agora foi o aparecimento de novas estrelas de CPI, alguns destes tipos que rompem o anonimato e sempre aparecem quando se acendem os refletores da televisão para transmissões ao vivo, com a sala da comissão repleta de jornalistas.
Uma destas atrações é o deputado federal Fernando Francischini (PSDB-PR), delegado licenciado da Polícia Federal, que está em seu primeiro mandato. Nesta quinta-feira, ele teve seu dia de glória ao bater boca com o relator da CPI, Odair Cunha (PT-SP), e ameaçar sair na porrada com o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que tomou as dores do colega.
Caminhando pela CPI com o peito estufado e o paletó aberto, como se estivesse num "saloon" do velho oeste americano, e pudesse sacar uma arma a qualquer momento, o deputado-delegado partiu para o confronto com o relator, utilizando um linguajar típico de porta de cadeia:
"Quando fala do sr. Agnelo Queiroz, o relator é tchuchuca; quando fala do Marconi Perillo, ele vira o tigrão".
Embora seja do Paraná, o principal objetivo de Francischini desde o início da CPI é denunciar a ligação de Agnelo Queiroz, governador petista de Brasília, com o esquema de Carlinhos Cachoeira.
Por isso, ele não gostou da insistência do relator em fazer perguntas apenas sobre Perillo, governador tucano de Goiás, ao depoente Wladimir Garcez, um ex-vereador goiano apontado como braço político de Cachoeira.
Adversário de Francischini na política paranaense, Dr. Rosinha, que assim é conhecido por ser um médico bastante franzino, não se levantou da cadeira quando o tucano o desafiou a resolver o problema no tapa.
Graças à turma do deixa disso, que também faz parte de toda CPI, o rebuliço ficou só no bate- boca, com ofensas mútuas. Foi a cena que ganhou mais destaque nos telejornais da noite e na imprensa de papel desta sexta-feira.
Na semana passada, durante o não depoimento de Carlinhos Cachoeira, o deputado já tinha avisado seus seguidores pelo twitter que estava aparecendo ao vivo na televisão. Imperdível...
Correndo por fora entre as atrações mais midiáticas da CPI, está com bom ibope meu velho amigo Miro Teixeira (PDT-RJ), que ganhou espaço ao se apresentar como fervoroso porta-voz dos interesses das grandes empresas de comunicação, em nome da liberdade de imprensa.
Na entonação da voz de locutor, no pentado caprichado e no gesto de colocar e tirar os óculos, está parecendo muito com outro amigo, o Galvão Bueno. De estilo semelhante, o onipresente senador Álvaro Dias (PSDB-PR) acabou ofuscado pelo seu conterrâneo Francischini, que assumiu no grito o comando da tropa de choque tucana.
Diante deste cenário, a valente senadora Kátia Abreu (PSD-TO) desabafou outro dia: "Senhores, estamos aqui fazendo papel de bobos". Modéstia da senadora. Os bobos somos nós que acreditamos na seriedade desta CPI.
Enquanto isso, mais uma vez era adiada pelo relator Odair Cunha a decisão sobre a convocação dos governadores Agnelo, Perillo e Sérgio Cabral, e a quebra de sigilo da empreiteira Delta. Acordo entre as lideranças dos três maiores partidos na CPI, o PT, o PMDB e o PSDB, deixou para a próxima terça-feira a votação destas questões.
Se estivessem mesmo interessados em levar a sério o trabalho, longe de câmaras e microfones, suas excelências poderiam passar o final de semana trancados na sala-cofre, onde estão guardados a sete chaves os documentos sobre as investigações da PF.
Além do vasto material que lá já estava à disposição dos membros da CPI, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, mandou ontem mais nove DVDs, com cerca de mil horas de conversas gravadas pela PF na Operação Monte Carlo.
Quem se dispõe a ouví-las para, finalmente, dar início às investigações?
A única novidade até agora foi o aparecimento de novas estrelas de CPI, alguns destes tipos que rompem o anonimato e sempre aparecem quando se acendem os refletores da televisão para transmissões ao vivo, com a sala da comissão repleta de jornalistas.
Uma destas atrações é o deputado federal Fernando Francischini (PSDB-PR), delegado licenciado da Polícia Federal, que está em seu primeiro mandato. Nesta quinta-feira, ele teve seu dia de glória ao bater boca com o relator da CPI, Odair Cunha (PT-SP), e ameaçar sair na porrada com o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que tomou as dores do colega.
Caminhando pela CPI com o peito estufado e o paletó aberto, como se estivesse num "saloon" do velho oeste americano, e pudesse sacar uma arma a qualquer momento, o deputado-delegado partiu para o confronto com o relator, utilizando um linguajar típico de porta de cadeia:
"Quando fala do sr. Agnelo Queiroz, o relator é tchuchuca; quando fala do Marconi Perillo, ele vira o tigrão".
Embora seja do Paraná, o principal objetivo de Francischini desde o início da CPI é denunciar a ligação de Agnelo Queiroz, governador petista de Brasília, com o esquema de Carlinhos Cachoeira.
Por isso, ele não gostou da insistência do relator em fazer perguntas apenas sobre Perillo, governador tucano de Goiás, ao depoente Wladimir Garcez, um ex-vereador goiano apontado como braço político de Cachoeira.
Adversário de Francischini na política paranaense, Dr. Rosinha, que assim é conhecido por ser um médico bastante franzino, não se levantou da cadeira quando o tucano o desafiou a resolver o problema no tapa.
Graças à turma do deixa disso, que também faz parte de toda CPI, o rebuliço ficou só no bate- boca, com ofensas mútuas. Foi a cena que ganhou mais destaque nos telejornais da noite e na imprensa de papel desta sexta-feira.
Na semana passada, durante o não depoimento de Carlinhos Cachoeira, o deputado já tinha avisado seus seguidores pelo twitter que estava aparecendo ao vivo na televisão. Imperdível...
Correndo por fora entre as atrações mais midiáticas da CPI, está com bom ibope meu velho amigo Miro Teixeira (PDT-RJ), que ganhou espaço ao se apresentar como fervoroso porta-voz dos interesses das grandes empresas de comunicação, em nome da liberdade de imprensa.
Na entonação da voz de locutor, no pentado caprichado e no gesto de colocar e tirar os óculos, está parecendo muito com outro amigo, o Galvão Bueno. De estilo semelhante, o onipresente senador Álvaro Dias (PSDB-PR) acabou ofuscado pelo seu conterrâneo Francischini, que assumiu no grito o comando da tropa de choque tucana.
Diante deste cenário, a valente senadora Kátia Abreu (PSD-TO) desabafou outro dia: "Senhores, estamos aqui fazendo papel de bobos". Modéstia da senadora. Os bobos somos nós que acreditamos na seriedade desta CPI.
Enquanto isso, mais uma vez era adiada pelo relator Odair Cunha a decisão sobre a convocação dos governadores Agnelo, Perillo e Sérgio Cabral, e a quebra de sigilo da empreiteira Delta. Acordo entre as lideranças dos três maiores partidos na CPI, o PT, o PMDB e o PSDB, deixou para a próxima terça-feira a votação destas questões.
Se estivessem mesmo interessados em levar a sério o trabalho, longe de câmaras e microfones, suas excelências poderiam passar o final de semana trancados na sala-cofre, onde estão guardados a sete chaves os documentos sobre as investigações da PF.
Além do vasto material que lá já estava à disposição dos membros da CPI, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, mandou ontem mais nove DVDs, com cerca de mil horas de conversas gravadas pela PF na Operação Monte Carlo.
Quem se dispõe a ouví-las para, finalmente, dar início às investigações?
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