segunda-feira, 21 de janeiro de 2013









































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Os Santos gêmeos Cosme e Damião
 Enviado por luisnassif, seg, 21/01/2013 - 14:00



Por Assis Ribeiro

OS SANTOS GÊMEOS COSME E DAMIÃO

Por Josias Pires

Diferente de outras festas de santos, que têm na procissão e nas missas os seus principais atrativos, as festas em louvor aos santos Cosme e Damião são feitas principalmente em torno do caruru, tradicionalmente oferecido a sete meninos, que simbolizam as figuras dos santos gêmeos e de seus cinco irmãos: Doú, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi. A oferenda às crianças é seguida da festa dos adultos. Todas as famílias e grupos de devotos envolvidos nas festas detém um belo e variado repertório de benditos, marchas e sambas-de-roda feitos em homenagem aos dois santos.

Outro característica especial das festas de Cosme e Damião é a existência do Lindroamor, nome dado ao peditório dos santos, um rancho de foliões que sai pelas ruas das cidades e nas estradas da zona rural, visitando os moradores, cantando e pedindo donativos para a festa. A palavra Lindroamor deriva de "lindo amor", um refrão muito utilizado pela poesia lírica portuguesa tradicional, onde apareciam também as expressões "rico amor" e "garrido amor".

Aparecem neste documentário as festas em homenagem aos santos gêmeos nas cidades de Jequié, São Francisco do Conde e na zona rural de Irará. Nos dois últimos municípios a festa gira em torno do Lindroamor. Em Jequié, foi gravada a festa de São Cosme e Damião organizada por um terreiro de candomblé, onde o culto se faz em torno dos erês, divindades crianças, mensageiros dos orixás.

As festas em homenagem a Cosme e Damião foram trazidas para o Brasil pelos portugueses. Mas os africanos também adoravam deuses gêmeos, como os Ibêji dos iorubá. Assim também acontecia com os índios do Brasil. Os tupinambás, por exemplo, tinham entre os seus personagens mitológicos, os gêmeos Tamendonare e Aricoute.

As divindades gêmeas católicas, africanas e indígenas foram reelaboradas no Brasil e cultuadas nas festas aos dois santos, que são tidos como milagrosos e patronos da medicina. Na Bahia, o culto e a festa aos santos gêmeos, utilizam ritos afro-brasileiros e os terreiros de candomblé são ativos difusores das festas aos chamados "dois-dois". A relação de Cosme e Damião com as crianças, por exemplo, se deu por influência africana. Afinal, os santos católicos são adultos, ao contrário dos Ibêji africanos, que são orixás crianças.

Já a presença do caruru nas festas a Cosme e Damião parece resultar de influência indígena e africana. A palavra caruru deriva de caá-riru, da língua tupi, e significa "erva de comer". Era o nome de uma comida indígena, feita com bredo e outras folhas. Foram os africanos quem introduziram o quiabo no caruru, e com os índios levaram o caruru para as festas aos santos Cosme e Damião.

As festas e a veneração em torno de imagens de santos são as principais características da religiosidade popular brasileira. Os santos são vistos como entes queridos e tratados na intimidade como amigos, conselheiros e protetores. As relações entre os fiéis e a transcendência se dá por meio de uma enorme variedade de imagens, espalhada pelas residências dos devotos nas cidades e na zona rural. A fé popular nas imagens é tamanha que o sociólogo Pedro R. de Oliveira chegou a dizer que a religião católica no Brasil é feita com "muita reza e pouca missa, muito santo e pouco padre".

Tal como acontece com um grande número de santos católicos, existem poucas informações acerca da vida dos irmãos médicos Cosme e Damião. Conta a lenda que eles nasceram em Egéia, na Ásia, onde praticavam a medicina, prestando os seus serviços sempre gratuitamente. Eles foram perseguidos por serem pregadores do Cristianismo e martirizados no dia 27 de setembro de 287 depois de Cristo.


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