quinta-feira, 11 de abril de 2013


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Tomate caro não se combate com juros
 Enviado por luisnassif, qui, 11/04/2013 - 11:56

Do O Globo

‘Não se combate tomate caro com juros’, diz Luiz Roberto Cunha

Para economista da PUC-RJ, alta dos preços está elevada há três anos

Lucianne Pinheiro

Professor da PUC-Rio, Luiz Roberto Cunha alerta que a inflação está elevada há três anos. Sobre a atuação do BC, diz: ‘Não se pode dizer que está preocupado e não fazer nada’

A inflação está fora de controle?

A inflação não está descontrolada. Não há risco de aceleração nos próximos meses. O número de abril será menor que o março e o de maio será menor que o de abril. A questão é que o clima está afetando os preços do grupo de alimentos, especialmente os in natura, que sofrem muito com os extremos climáticos.

Mas o nível não está elevado?

A inflação deve desacelerar nos próximos meses, estimo que chegue a 0,35% em abril, por exemplo. Ainda assim teremos uma inflação em 12 meses acima de 6% no primeiro semestre, que é um nível alto.

O Banco Central tem sido leniente com a inflação?

O Banco Central aparentemente tem olhado para a inflação, mas também para o emprego. Só que o mandato do BC é inflação, enquanto o banco central americano tem mandato duplo, para inflação e para o emprego. Há uma preocupação do governo de que a alta de juros afete o emprego. Mas é bom lembrar que a inflação alta traz consequências.

O governo está certo com esta preocupação?

A permanência da inflação em nível muito acima do centro da meta sugere que a meta é de 5,5% e não 4,5%. Esse é o sinal que é dado aos atores. A questão da inflação é muito complexa. Políticas pontuais de desoneração, por exemplo, podem ajudar apenas a curto prazo. É uma questão mais ampla. O país pode conviver de maneira sustentável com uma inflação de 5,5%, 6%? Não se combate preço de tomate aumentando a taxa de juros, mas se os preços agrícolas se mantêm elevados é preciso parar e pensar. Se tiver algum tipo de desvalorização cambial, como fica?

Qual deve ser o caminho hoje?

É preciso um conjunto de instrumentos, que inclua política monetária que sinalize a preocupação com a inflação acima da meta e política fiscal que não traga preocupações para o futuro. Hoje é possível fazer desonerações, mas não se sabe o futuro. Nossa inflação ainda não é preocupante, mas está se mostrando insistentemente em nível elevado nos últimos três anos. E isso é um sinal preocupante. O Banco Central já deixou claro que está preocupado com a inflação. Mas não pode dizer que está preocupado e não fazer nada. Acho que podemos ter surpresas positivas na inflação de abril e maio, mas isso não muda o quadro de preocupação

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