Oposição venezuelana pressiona por recontagem dos votos
Enviado por luisnassif, ter, 16/04/2013 - 11:20
Por Marcia
Da BBC Brasil
Oposição faz pressão por recontagem com Venezuela dividida
Pablo Ucho
Apesar de ter concordado com uma recontagem de votos no domingo, o chavista Nicolás Maduro foi oficialmente proclamado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano nesta segunda-feira, acusando a oposição de tentar "desconhecer as instituições democráticas" do país.
Simultaneamente, obedecendo aos chamados do opositor Henrique Capriles, a oposição saía às ruas para protestar contra um governo que acusa de "ilegítimo" e para tentar impor uma recontagem dos votos com a qual "as duas partes haviam concordado".
Milhares de pessoas, em carros, motos e motocicletas bloqueavam o trânsito e faziam um "buzinaço" que se estendeu por várias horas no leste de Caracas, zona mais abastada da cidade e predominentemente opositora.
Uma dia depois de protagonizar uma subida impressionante nas urnas, Capriles solicitou a presença de seus partidários em manifestações, atos políticos e passeatas.
Ele também convocou um panelaço na noite desta segunda-feira em protesto contra a validação oficial de Maduro, pediu passeatas em todo o país na terça-feira, e prometeu liderar uma marcha sem precedentes na quarta-feira até a sede do CNE.
Durante seu discurso de vitória, na chamada varanda do povo do palácio de Miraflores, Maduro disse que não tinha medo da recontagem dos votos, como pediu a oposição ainda no domingo à noite.
"Que sejam abertas 100% das caixas, não temos medo. Que as caixas falem e digam a verdade", discursou Maduro.
Oficialmente eleito
Alvo de críticas da oposição, Maduro foi declarado oficialmente novo presidente da Venezuela
Apesar dos protestos, no fim da tarde desta segunda-feira, o presidente interino foi proclamado presidente eleito pelo CNE.
Para a presidente do CNE, Tibisay Lucena, "o sistema eleitoral funcionou perfeitamente".
"Não é uma máquina com vontade própria, nem um algoritmo que trabalha por sua própria conta", disse, criticando a oposição por pressionar por uma recontagem nas ruas.
"Não será o acosso, a ameaça ou o amedrontamento os atos que vão invalidar o ato eleitoral. A Constituição e a lei são a única rota que os verdadeiros democratas respeitam", afirmou.
Além disso, Lucena "rechaçou totalmente" e qualificou de "intervencionismo" as declarações dos Estados Unidos, que disseram que a recontagem é um passo "prudente e necessário" para a Venezuela, e a Organização dos Estados Americanos (OEA), que também apoiou a recontagem.
Mostrando apoio internacional de outros países, Maduro agradeceu, em seu discurso, o endosso de governos das nações que o reconheceram, como Brasil, Argentina, Chile, México, Colômbia, entre outros na região e no resto do mundo.
Com 99,2% dos votos apurados, o CNE informou que a vantagem de Maduro aumentou levemente, passando para 1,77 ponto percentual.
Ele recebeu até agora 50,75% dos votos válidos (cerca de 7,56 milhões de votos) contra 48,98% de Capriles (quase 7,3 milhões de votos).
O sistema venezuelano utiliza urnas eletrônicas, mas cada voto gera um recibo que é então depositado nas caixas de votação.
Votaram no último domingo 14,97 milhões de eleitores, o equivalente a uma participação de 79,8% - comparecimento semelhante ao das eleições passadas.
Divisões
Candidato derrotado à presidência da Venezuela, Capriles quer recontagem de votos
"Nós acreditamos que ganhamos as eleições e o outro comitê acredita que também ganhou. Cada um está em seu direito de contar os votos", disse Capriles, nesta segunda-feira.
Sem dar detalhes, Capriles já havia mostrado à imprensa um dossiê contendo mais de 3 mil supostas irregularidades que a oposição quer que sejam investigadas pelo órgão eleitoral.
"Se esta tarde ocorrer a proclamação do candidato oficial, quero dizê-lo que o senhor aceitou contar os votos", acusou Capriles. "Se o senhor for proclamado hoje, será um presidente ilegítimo, espúrio."
Ao ser proclamado presidente eleito da Venezuela, Maduro acusou a oposição de tentar "desconhecer as instituições democráticas" e aplicar um "golpe".
"Denuncio que na Venezuela está a caminho de uma tentativa de desconhecer as instituições democráticas", discursou o presidente eleito. "Isso tem nome: golpe!"
"Se a burguesia tem tanto poder, que decidam (quem será o próximo presidente)", ironizou Maduro. "Puseram um presidente – durou 48 horas", afirmou, referindo-se ao fracassado golpe de 2002, que tirou Hugo Chávez do poder por menos de dois dias.
"Outra vez estão nos enganando. Outras vez os cantos da violência estão correndo", afirmou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário