segunda-feira, 1 de abril de 2013


A heterogeneidade dos BRICS
Enviado por luisnassif, seg, 01/04/2013 - 11:27
Por Igor Cornelsen
Caro Luis
Sou dos que não acreditam que os BRICS podem fazer diferença nos mercados financeiros internacionais. Admito que um dia eu poderia me surpreender, mas sou no mínimo cético a respeito.
Os BRICS não são homogêneos, e tem muito pouco em comum. A China é a maior detentora de reservas reais do planeta. Usa-as como um império, para financiar a sua importação de commodities, ou desenvolver novos fornecedores de commodities para suas próprias necessidades. Sabem que este é seu grande limitador do crescimento, e de bem estar. Seu relacionamento com o Brasil é colonial como você bem ressaltou.
A Rússia tem reservas financeiras e tem muito capital privado aplicado mundo afora. A Rússia demonstrou não estar nem um pouco interessada em num FMI paralelo e num banco de desenvolvimento conjunto. Ela sabe que será sempre credora, e que os únicos que eventualmente vão precisar de ajuda são Índia, África do Sul e Brasil, todos com grandes déficits em conta corrente. A Rússia usa o seu capital e suas reservas de forma estratégica, e o Brasil não é estratégico para os russos, nem cliente de seus manufaturados. A Rússia tem interesse em ser uma potência global, e para isto quer fortalecer os laços econômicos com os vizinhos da CIS.
A China não costuma dizer não a nada, particularmente a seus fornecedores de commodities, não seria de bom tom.Na hora de colocar o dinheiro na mesa porém eles não tiram do bolso, a não ser que recebam grandes concessões políticas ou econômicas como compensação.
A África do Sul só está nos BRICS por capricho do Lula. Não tem tamanho, porte econômico e nem população. Faria muito mais sentido Indonésia, México e Turquia pertencerem aos BRICS do que a África do Sul.
Pior é que nem gratos são. Deram o maior chá de banco na presidente e seus ministros para negociar com os russos na reunião da semana passada.
Depois de hora e meia esperando o presidente da África do Sul terminar a sua reunião muito mais longa que o previsto com o Presidente Putin, foram embora, mostrando bem o interesse que o Brasil desperta no governo daquele país.
Com isto tudo, acho pouco provável que qualquer organização multilateral efetiva saia do papel, e que o Brasil tenha alguma vantagem com estes parceiros.
O Brasil sempre terá uma relação colonial com a China, e será marginal o seu comércio com os outros.
O banco de desenvolvimento terá o mesmo fim daquele do Chavez, a gaveta.
O governo brasileiro e o Itamaraty ainda não conseguiram montar uma agenda eficiente de interesses do Brasil no exterior que ajudem o seu desenvolvimento. A nossa agenda ideológica é um fracasso, fracasso do PT.
Definitivamente Mercosul e BRICS não parecem levar a lugar nenhum. o Mercosul deixou de existir quando a Argentina passou a impor barreiras crescentes ao comércio com o Brasil.
Não adianta alimentar ilusões, nossas relações internacionais precisam ser repensadas..
Abraço,
Igor
 

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