Comitiva cobra informações sobre crimes contra ativistas

Por alfeu
Da Agência Brasil
Comitiva internacional está no Brasil para cobrar informações sobre crimes contra ativistas
Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Uma delegação internacional da Fundação Right Livelihood chegou ontem (31) ao Brasil para cobrar esclarecimentos sobre o assassinato de militantes sociais ligados principalmente à Comissão Pastoral da Terra (CPT) e ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A entidade sueca cita dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) que indicam que o número de ativistas ameaçados ou vítimas da violência cresceu 177,6% de 2010 para 2011, passando de 125 para 347 casos no período. A fundação menciona o assassinato de um dos líderes do MST, Cícero Guedes, em janeiro deste ano, como um dos crescentes ataques contra ativistas brasileiros envolvidos na luta pela reforma agrária.
A delegação é formada por dois ganhadores do chamado Prêmio Nobel Alternativo (Right Livelihood Award), concedido desde 1980 pela entidade, a inglesa Angie Zelter e o biólogo argentino Raúl Montenegro. Também integra a comissão a ex-parlamentar sueca Marianne Andersson, que faz parte do conselho diretivo da fundação.
Hoje (1º), o grupo deve visitar três assentamentos do MST, entre eles o 17 de Abril, em Eldorado dos Carajás, no Pará. Em nota, a fundação avalia que a violação contra os movimentos sociais no estado é “particularmente grave, com elevado índice de desmatamento e grande número de casos de flagrantes de trabalho em condição semelhante à escravidão e de ameaças a defensores dos direitos humanos”. Dos 29 casos de ativistas rurais mortos em 2011, no país, em função de sua militância, 12 ocorreram no estado, segundo levantamento da CPT.
Amanhã (2), a delegação participa de um debate público sobre a impunidade em casos de violação aos direitos humanos. O evento ocorrerá no campus de Marabá da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Ainda em Marabá, o grupo vai acompanhar, a partir de quarta-feira (3), o julgamento dos três acusados de matar o casal de extrativistas paraenses José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva. Os dois foram mortos a tiros em maio de 2011.
Criado para “honrar e apoiar aqueles que oferecem respostas práticas e exemplares aos desafios mais urgentes” da população mundial, o chamado Prêmio Nobel Alternativo já foi concedido pela Fundação Right Livelihood a personalidades ou instituições brasileiras em cinco ocasiões: à CPT em conjunto com o MST (1991), ao agrônomo e ecologista José Lutzenberger (1988), ao teólogo Leonardo Boff (2001), ao ativista Chico Whitaker Ferreira (2006), e ao bispo da Prelazia do Xingu e presidente do Conselho Indigenista Missionário, Dom Erwin Kräutler (2010). A cerimônia de entrega do prêmio ocorre anualmente, no Parlamento da Suécia.
Edição: Juliana Andrade
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