segunda-feira, 1 de abril de 2013


O balanço da gestão de Roberto Gurgel
Enviado por luisnassif, seg, 01/04/2013 - 11:55
Autor:  Luis Nassif
Com os cuidados que a situação exige – afinal, avaliam um colega de trabalho – em entrevista a Frederico Vasconcellos, da Folha, duas procuradoras candidatas à vaga de Roberto Gurgel endossaram as críticas não partidárias à sua atuação.
Deborah Duprat defendeu a atuação funcional de Gurgel no mensalão, mas anotou a inconveniência das manifestações pessoais. “A questão de tom, de oportunidade, como muitos criticam, é pessoal. Ele deve ter lá suas razões”. Razões que, pelo visto, até a subprocuradora geral desconhece.
Defendeu a legitimidade do MPF perante a sociedade, mas admitiu o isolamento da cúpula, inclusive em relação a inúmeras bandeiras legitimadoras levantadas pela base.
Endossou igualmente as críticas à centralização dos processos na PGR e à demora em liberar os mais delicados, embora recorresse à crítica benevolente:  “O gasto do gabinete do procurador-geral é extremamente franciscano. É uma característica de seus antecessores também. Minha ideia é ter uma equipe de procuradores trabalhando nesse acervo enorme, de modo a que os processos não tardem. Que saiam no tempo que a lei prescreve”.
Passou ao largo na questão nevrálgica, do “franciscanismo” de Gurgel ter deixado em suas mãos e nos da sua esposa o controle total sobre a oportunidade de julgamento das ações, ensejando suspeitas fundadas sobre o uso político da gaveta. Certamente não foi por economia que manteve o gabinete asceta, mas para concentrar poderes políticos nas mãos do casal.
Anote-se que em apenas 30 dias de interinidade, Deborah Duprat produziu uma das páginas mais brilhantes do MPF, em direção às teses sociais.
Ela Wiecko foi mais direta. Criticou a inexpressividade política de Gurgel - que não é chamado a opinar pela mídia sobre nenhum tema relevante -,  o isolamento ao qual ele se submeteu, a falta de um projeto estratégico para o MP e sua falta de articulação institucional.
O grande feito de Gurgel foi apenas não ter permitido que sua atuação dúbia interferisse no dia a dia do Ministério Público. Graças ao corpo de procuradores  atuando na linha de frente, graças à independência funcional assegurada pela Constituição, o MPF permanece um poder essencial e conseguiu sobreviver incólume à gestão Gurgel.
 

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