Folha:Herdeiros de clãs políticos querem chefiar 14 capitais
Enviado por luisnassif, dom, 23/09/2012 - 10:18
Autor: FOLHA DE SÃO PAULO
Herdeiros de clãs políticos querem chefiar 14 capitais
Da Folha de S.Paulo
Filhos e netos de políticos são candidatos a prefeito no Rio e em Curitiba
Professor da UFRJ diz que ampliação do espectro partidário dificulta perpetuação de famílias no poder
Ao menos 19 filhos ou netos de políticos são candidatos a prefeito de 14 das 26 capitais brasileiras.
Em cinco dessas cidades, os eleitores têm dois herdeiros entre os quais escolher: em Curitiba, Gustavo Fruet (PDT) -filho do ex-prefeito Maurício Fruet- concorre com Ratinho Junior (PSC), filho do apresentador Carlos Massa, ex-vereador e ex-deputado federal (1991-1995).
Já em Manaus, o ex-senador Arthur Virgílio (PSDB), cujo pai foi deputado e senador, tem entre seus adversários Jerônimo Maranhão (PMN), filho de um dos fundadores de seu partido. O duelo de descendentes se repete em outros locais, como Recife, em Natal e no Rio.
Na capital fluminense, Otávio Leite (PSDB), neto do ex-senador Júlio Leite, é adversário da chapa "puro-sangue familiar" formada por Rodrigo Maia (DEM), filho do ex-prefeito César Maia, e a vice Clarissa Garotinho (PR), herdeira do casal Anthony e Rosinha, que já têm no currículo o governo do Estado e a Prefeitura de Campos (RJ).
As duas candidaturas, no entanto, estão tecnicamente empatadas em terceiro lugar, com 3% e 4%, e veem Eduardo Paes (PMDB) disparar, com 54% das intenções de voto, segundo o mais recente levantamento do Datafolha.
Dez dos "candidatos herdeiros" concorrem a prefeituras de capitais nordestinas.
Em Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, da terceira geração do carlismo, é o líder do mais recente levantamento feito pelo Ibope.
Além dos filhos e dos netos, a lista de candidatos em capitais guarda outros parentescos. Teresa Jucá (PMDB), mulher do senador Romero Jucá (PMDB-RO), concorre à Prefeitura de Boa Vista, capital de Roraima. José Benito Priante (PMDB) disputa a de Belém com o apoio do primo, o conhecido senador Jader Barbalho (PMDB-PA).
CLÃS NA CÂMARA
Na relação dos concorrentes à vereança, tampouco faltam laços de família ilustres. Em São Paulo, pelo menos oito parentes de políticos tentam uma vaga no Legislativo municipal no dia 7.
Dois irmãos petistas, Arselino (já vereador) e Jair Tatto, buscam mandatos na Câmara. O clã também inclui Jilmar, deputado federal, e Ênio, estadual.
Em Porto Alegre, Goulart, neto do ex-presidente João Goulart, disputa pela segunda vez uma vaga de vereador na capital gaúcha. Não se elegeu da primeira. Sua campanha escancara o parentesco: "Vote no neto do Jango".
No Rio, Leonel Brizola Neto tenta se reeleger para a Câmara. Da família do ex-governador, há ainda Brizola Neto, atual ministro do Trabalho.
O professor de ciência política da UFRJ Charles Pessanha afirma ser natural que filhos sigam a profissão dos pais, "até porque têm vantagens comparativas".
A "passagem de bastão" ganha contornos perversos, diz ele, quando famílias usam seu capital político para se perpetuar no poder, algo comum aqui por causa da oligarquização que caracteriza a sociedade brasileira.
"Com a modernização da prática política, o aumento da competição entre partidos e o incremento da cultura cívica, a prática tende a diminuir, mas não a desaparecer", afirma ele. Pessanha cita os norte-americanos Kennedy e Bush para lembrar que o expediente não é uma exclusividade brasileira.
Colaboraram BRUNA BORGES e NATÁLIA PEIXOTO, de São Paulo
Enviado por luisnassif, dom, 23/09/2012 - 10:18
Autor: FOLHA DE SÃO PAULO
Herdeiros de clãs políticos querem chefiar 14 capitais
Da Folha de S.Paulo
Filhos e netos de políticos são candidatos a prefeito no Rio e em Curitiba
Professor da UFRJ diz que ampliação do espectro partidário dificulta perpetuação de famílias no poder
Ao menos 19 filhos ou netos de políticos são candidatos a prefeito de 14 das 26 capitais brasileiras.
Em cinco dessas cidades, os eleitores têm dois herdeiros entre os quais escolher: em Curitiba, Gustavo Fruet (PDT) -filho do ex-prefeito Maurício Fruet- concorre com Ratinho Junior (PSC), filho do apresentador Carlos Massa, ex-vereador e ex-deputado federal (1991-1995).
Já em Manaus, o ex-senador Arthur Virgílio (PSDB), cujo pai foi deputado e senador, tem entre seus adversários Jerônimo Maranhão (PMN), filho de um dos fundadores de seu partido. O duelo de descendentes se repete em outros locais, como Recife, em Natal e no Rio.
Na capital fluminense, Otávio Leite (PSDB), neto do ex-senador Júlio Leite, é adversário da chapa "puro-sangue familiar" formada por Rodrigo Maia (DEM), filho do ex-prefeito César Maia, e a vice Clarissa Garotinho (PR), herdeira do casal Anthony e Rosinha, que já têm no currículo o governo do Estado e a Prefeitura de Campos (RJ).
As duas candidaturas, no entanto, estão tecnicamente empatadas em terceiro lugar, com 3% e 4%, e veem Eduardo Paes (PMDB) disparar, com 54% das intenções de voto, segundo o mais recente levantamento do Datafolha.
Dez dos "candidatos herdeiros" concorrem a prefeituras de capitais nordestinas.
Em Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, da terceira geração do carlismo, é o líder do mais recente levantamento feito pelo Ibope.
Além dos filhos e dos netos, a lista de candidatos em capitais guarda outros parentescos. Teresa Jucá (PMDB), mulher do senador Romero Jucá (PMDB-RO), concorre à Prefeitura de Boa Vista, capital de Roraima. José Benito Priante (PMDB) disputa a de Belém com o apoio do primo, o conhecido senador Jader Barbalho (PMDB-PA).
CLÃS NA CÂMARA
Na relação dos concorrentes à vereança, tampouco faltam laços de família ilustres. Em São Paulo, pelo menos oito parentes de políticos tentam uma vaga no Legislativo municipal no dia 7.
Dois irmãos petistas, Arselino (já vereador) e Jair Tatto, buscam mandatos na Câmara. O clã também inclui Jilmar, deputado federal, e Ênio, estadual.
Em Porto Alegre, Goulart, neto do ex-presidente João Goulart, disputa pela segunda vez uma vaga de vereador na capital gaúcha. Não se elegeu da primeira. Sua campanha escancara o parentesco: "Vote no neto do Jango".
No Rio, Leonel Brizola Neto tenta se reeleger para a Câmara. Da família do ex-governador, há ainda Brizola Neto, atual ministro do Trabalho.
O professor de ciência política da UFRJ Charles Pessanha afirma ser natural que filhos sigam a profissão dos pais, "até porque têm vantagens comparativas".
A "passagem de bastão" ganha contornos perversos, diz ele, quando famílias usam seu capital político para se perpetuar no poder, algo comum aqui por causa da oligarquização que caracteriza a sociedade brasileira.
"Com a modernização da prática política, o aumento da competição entre partidos e o incremento da cultura cívica, a prática tende a diminuir, mas não a desaparecer", afirma ele. Pessanha cita os norte-americanos Kennedy e Bush para lembrar que o expediente não é uma exclusividade brasileira.
Colaboraram BRUNA BORGES e NATÁLIA PEIXOTO, de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário