Folha confundiu mediação com negociação com o crime


Nota de Esclarecimento Público
Claudio Beato
Em relação a matéria veiculada no dia 19 de novembro de 2012, na página A12 da Folha de São Paulo, gostaria de prestar os seguintes esclarecimentos.
Embora o texto do corpo da matéria esteja correto, na chamada e na primeira página, me foi atribuída a polêmica posição de que eu seria favorável a uma negociação do Estado com o crime organizado. Jamais faria isto. O que fiz foi descrever ao repórter com todas as letras que havia exemplos de processos de mediação de conflitos através de entidades civis que teriam acontecido, e dos problemas e limites deste tipo de estratégia.
Jamais tomaria posição genérica num tema tão espinhoso mesmo porque não acredito neste tipo de estratégia. Não se negocia com organizações criminosas. Muito menos o país deveria adotar algo desta natureza, como foi dito na primeira página. Pode se pensar em mecanismos de mediação de conflitos para reduzir e evitar as mortes resultantes. Algo similar ocorreu em outros países em relação a problemas bem específicos e pontuais como, aliás, está dito na entrevista, mas que não encontra expressão nas caixas altas do título da entrevista.
Sublinhe-se que, quando foi feito, a mediação era efetivada por outras organizações que não o Estado, mas a Igreja Católica no caso de El Salvador, ou pastores do Ten Point Coalition, no caso de Boston. Nestes casos tratava-se de mediar o conflito entre as gangues para diminuir o número de mortes e jamais para estabelecer uma trégua quando elas estão em conflito com o poder publico. Infelizmente me foi imputado uma posição que parece ser a tese da entrevista, e na realidade é um tema absolutamente secundário e sem maior importância no contexto do que estava sendo dicutido na entrevista.