segunda-feira, 5 de novembro de 2012








































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A integração energética na América do Sul
Enviado por luisnassif, seg, 05/11/2012 - 07:54



Por Andre Araujo

GEOPOLITICA DE ENERGIA NA AMERICA DO SUL -O tema de integração energetica da America do Sul é recorrente aqui no blog. É um belo tema mas navega pelo mar da fantasia, muitos blogueiros não tem a mais remota noção de como funciona na pratica a implantação de um projeto de energia, algo muito dificil dentro do Brasil, imagine-se transnacional com o Brasil assumindo todos os riscos.

Haveria excelente campo para essa integração dadas certas condições que existem hoje somente com o Peru, entre os paises da America do Sul, razão pela qual são os unicos projetos que estão em andamento.

Vou relatar tres projetos fracassados de integração energetica, dois apenas pre-projetos e um ja implantado. Comecemos por este ultimo. A grande Usina Termoeletrica de Uruguaiana, de 600 MW de potencia, foi um projeto binacional onde foram investidos US$600 milhõs e que consistia de uma usina termo a gás, cujo combustivel viria da Argentina, que naquela época (fins dos anos 90) tinha sobra de gás, inclusive exportava para o Chile. A Repsol que controlava a YPF construiu especialmente para essa usina um gasoduto que vinha de Buenos Aures a Uruguaiana. A usina funcionou praticamente tres anos e está paralisada desde 2003 porque o Governo Kirchner tabelou o gas extraido em um valor muito abaixo do preço internacional , com o que os donos das reservas (grupo Bulgheroni principalmente) deixaram de extrair gas,  os preços tabelados não cobrem os custos.   A Argentina deixou de ser exportadora de gás, inclusive hoje importa da Bolivia. Com isso rompeu-se um solene acordo internacional que previa fornecimento de gas argentino à usina de Uruguaiana que está desde então paralisada, com cadeado no portão e grave prejuizo ao Brasil.

Um projeto fantastico, tambem baseado no gás, desta vez boliviano, chamado Corredor Bioceanico, previa um gasoduto para o gas boliviano para exportação à California e com uma ramificação tambem para o Porto de Paranagua. Nesse corredor haveria o gasoduto, uma linha ferroviaria e uma rodovia, ligando Paranagua à Iquique, grande porto chileno, onde se construiria uma usina de liquefação de gas para ser despachado por navios para a California, via um porto mexicano, onde o gas seria regaiseficado. O projeto teria um custo de US$17 bilhões, seria tocado por uma Corporação Quadrinacional entre Brasil, Paraguai, Bolivia e Chile, paises por onde passaria o corredor. O projeto foi concebido e seria liderado pela Pan American Energy, empresa anglo-argentina, onde são socios a British Petroleum e o Grupo Bulgheroni, que tinha a segunda maior reserva de gas boliviano, depois da Petrobras. Hoje a Pan American tem tambem grande participação chinesa. O pre-projeto foi montado como proposta a ser apresentada aos quatro governos como um impulsionador regional, Alejandro Bulgheroni teve a oportunidade de expo-lo ao Governo brasileiro em 2003, na pessoa da então Ministra de Minas e Energia que era a atual Prsidente. O projeto era bancavel mas tudo ruiu quando Evo Morales foi eleito e logo depois estatizou as reservas de gas de todos os então donos, inclusive da Pan American. O Prefeito de Iquique chegou a vir ao Brasil, para fazer campanha pelo projeto, o Chile estava determinado a dar à Bolivia um area importante em Iquique como porto seu, o Governo americano demonstrou grande interesse, inclusive pagou o pre-projeto. Seria uma extraordinaria contribuição ao progresso da Bolivia, abrindo-lhe uma saida para o mar.

O terceiro projeto, ainda apenas ideia, seria o gasoduto da Venezuela a São Paulo, aproveitando as grandes reservas de gas venezuelano, cerca de 5,5 trilhões de BTUs comprovados, há provavelmente bem mais a mapear no Orinoco. O Presidente Hugo Chavez é um entusiasta desse projeto e ja falou nele varias vezes. Infelizmente é irrealizavel pelas mesmas razões do Corredo Bioceanico.

Qual são os impedimentos? Os projetos energeticos custam caro e demandam longo tempo de implantação. Precisam ser BANCAVEIS, o que seria facil SE os governos envolvidos optassem por se integrar à economia de mercado. Pelo caminho que eles escolheram , de estatizações, rompimentos de contratos, ameaças ideologicas, ninguem vai bancar projeto algum onde esses paises sentrem como sócios, contrapartes, fornecedores ou mesmo cedentes de passagem.

A Venezuela teve varias acordos e negocios entabulados com a Petrobras, NENHUM deu certo, como é que a Petrobrás vai entrar em um projeto como esse gasoduto, cujo custo é estimado em US$30 bilhões? O projeto não é financiavel porque nenhum banco do mundo, nem a Corporacion Andina de Fomento, que tem sede em Caracas, tem confiança em relação ao atual governo da venezuela.

Gás, ao contrario de petroleo, exige uma logistica de longo prazo. Petroleo é só colocar no navio e pegar o cheque. Gás é diferente. Exige ou gasoduto ou plantas de liquifação e reigasificação em cada ponta do transporte, portanto so se fazem essas plantas, que custam US$2 bilhões cada, com garantia politica absoluta de que os contratos serão cumpridos. Há seguros de risco politico mas nenhuma seguradora assume risco Venezuela, Bolivia, Equador ou Argentina. Então projetos onde esses paises são parte são infinanciaveis, nem o nosso BNDES entra nessa e nem a Petrobras assume esse risco, já foi suficientemente queimada com o gas da Bolivia, que ela descobriu e viabilizou com pesados investimentos na exploração e no gasoduto GASBOL.

Quanto ao Peru, há grande potencial hidroeletrico para fornecimento ao Brasil. A Eletrobras já esta lá

trabalhando esses projetos, seriam 20 usinas, aproveitando quedas importantes na cordilheira andina. Há o problema da transmissão ainda não resolvido mas que é só uma questão de investimento. O Peru é bancavel, tem otimo rating de credito e o risco politico pode ser segurado.

A Petrobras ja está lá e tem mais de 50% do campo de gás de Camisea e esta construindo um complexo gasquimico de grande porte.

Para ilustrar o que digo, a Petrobras tem investimentos bem sucedidos exatamente nos paises de economia de mercado da America do Sul  e teve fracassos nos paises que optaram pelo caminho bolivariano, o que não deixa de ser uma ironia, o Brasil é alaido politico destes e frio com os outros.

O ideal da integração energetica é interessante mas no momento fica restrito aos paises "bancaveis" da America do Sul, hoje Chile, Peru e Colombia.  Outra conversa será pura retorica


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