quinta-feira, 1 de novembro de 2012



Recuperação da economia dos EUA e as eleições presidenciais
Enviado por luisnassif, qui, 01/11/2012 - 13:49

Por Marco Antonio L.

Da Carta Capital

Gama de oportunidades

Delfim Netto

No dia 6 de novembro, a primeira terça-feira do mês, como reza a tradição, os americanos estarão reelegendo Barack Obama para mais quatro anos na Casa Branca ou, o que para muitos é preocupante, escolherão o republicano Mitt Romney, o qual há três ou quatro semanas parecia (apenas parecia) um coadjuvante esforçado.

O estado da economia é sempre fator determinante na escolha do voto. E esta 57ª eleição americana acontece quando Estados Unidos e Europa, que somam 45% do PIB global, vivem um clima de insatisfação social e de incertezas, com baixo crescimento e os fracos resultados das políticas de combate ao desemprego.

Nos EUA (20% do PIB global), a situação tornou-se menos dramática nos dois últimos anos. Sob o governo Obama, a economia iniciou uma recuperação, mais lenta do que se esperava, mas, com inovação e crédito, está mudando em profundidade a sua estrutura produtiva: 1. No que diz respeito ao custo da energia com o shale gas. 2. Executando uma cuidadosa política industrial que leva em conta a fragmentação dos processos produtivos, estimula a produção de energia renovável e abre espaço para as indústrias química e eletrônica. 3. Facilitando a mobilidade de trabalhadores para baixar os salários horários, o que estimula a recontratação.

Os resultados disso já são visíveis e refletem-se no fato de que muitos investimentos para ampliação da capacidade, com nova tecnologia, voltam aos Estados Unidos, alguns retornando do paraíso oriental.

A China e os países asiáticos (31% do PIB mundial) têm os seus problemas, mas, exceto o Japão, nada indica que crescerão menos do que 5% (a China ainda acima de 7%, a Índia 5% e o Japão próximo de 2%). A América Latina (6% do PIB mundial) vai crescer 3%, pouco mais do que o Brasil (próximo de 2%, mas com recuperação do crescimento para algo próximo de 4% no último trimestre, em comparação com o último trimestre de 2011), com destaques para Equador, Colômbia e Peru.

Do ponto de vista da taxa de inflação, com exceção da Argentina e da Venezuela, onde os índices devem andar próximos de 25%, os demais países estão relativamente bem-comportados, todos abaixo de 6%, incluído o Brasil.

Olhado o mundo desse ponto de vista, poderíamos concluir que a situação não é tão dramática. O problema é que o diabo está nos detalhes. Como disse a senhora Merkel: “Todos sabemos o que fazer. O que não sabemos é como ganhar as eleições para fazê-lo”.

Na situação instável em que se encontra a Eurolândia, uma crise bancária a liquidaria e, provavelmente, imporia ao mundo uma recessão equivalente à de 1929. Isso agora parece provisoriamente afastado com o uso do Mecanismo de Estabilização Financeira para recapitalizar os bancos, um grande alívio no curto prazo.

É preciso prosseguir na integração política, fiscal e monetária. O que se discute é a ordem em que ela será feita. A despeito dos problemas e das dificuldades delas decorrentes parece claro que o fundamental, hoje, é criar uma verdadeira união monetária e entregar a garantia de estabilidade do sistema financeiro ao Banco Central Europeu, exercendo simultaneamente o papel de emprestador de última instância, com capacidade de emitir títulos de responsabilidade solidária da própria Eurolândia.

Enquanto durar esse teatro ameaçador na Europa, o Brasil deve prosseguir na tarefa de manter hígido nosso sistema financeiro e garantir a sua estabilidade e liquidez, como faz o Banco Central. Simultaneamente, o governo da presidenta Dilma deve aprofundar e ampliar a série de medidas para estimular cada vez mais o crescimento de nosso mercado interno e dos níveis de consumo e do emprego. É isso que tem mostrado a diferença do Brasil, enquanto boa parte da economia mundial desaba.

É preciso também não esmorecer em relação ao objetivo de restaurar a política de desenvolvimento orientada para a redução das disparidades regionais, impulsionando os investimentos na produção e distribuição de energia, na infraestrutura rodoviária, nas ferrovias e no aproveitamento das hidrovias.

Existe uma gama enorme de oportunidades para implantar novos modelos de cooperação federativa: não há nenhuma razão para que tal política seja monopólio da União. Ao contrário, uma boa política de desenvolvimento regional não pode prescindir da participação multiplicadora de todos os entes federados, articulados e coordenados pelo governo federal.

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