As mudanças históricas do centro de São Paulo
Enviado por luisnassif, ter, 30/10/2012 - 14:26
Por Andre Araujo
O CENTRO MUTANTE DE SÃO PAULO - Lembro dos anos 40 quando "ir à Cidade" em São Paulo era ir ao Centro, Pça.da Sé, Rua Xv de Novembro, Rua Direita, Rua Libero Badaró. Esse era o cenro economico e social de São Paulo, onde estavam as sedes dos bancos Comercial do Estado, Commercio e Industria, de São Paulo, Italo Belga, First National City Bank, Banco do Brasil, Banco Francês e Italiano, Bank of London. Lojas de departamentos com salão de chá o Mappin, Galeria Paulista, Casa Sloper. Radio Record, Faculdade de Direito, sede da Cia.Paulista de Estradas de Ferro. Todo esse centro era servido por bondes. Do outro lado do Anhangabau, os Correios.
Na virada dos anos 40 para 50, o Centro marcha para o outro lado do Viaduto do Chá mas sem abandonar o Centro antigo. O Mappin vai para a Praça Ramos de Azevedo, em frente ao teatro Municipal, a Mesbla com imponente predio na Rau 24 de Maio, lojas chics como Casa Los Angeles na Rua Barão de Itapetininga onde desponta uma linda Galeria ( se nã me falha a memoria, a Ypê), a Livraria Brasiliense, a Confeitaria Vienense, com chá das cinco e violinos, a confeitaria Fasano, na Rua 7 de Abril o grande predio da Cia.Telefonica, na outra esquina do Teatro Municipal o imponente edificio da São Paulo Light, em estilo neoclassico vitoriano, na ladeira descendente para o Vale, o chic Hotel Esplanada, o melhor da cidade. Na esquina da Av.Ipiranga com a São João a nova e moderna sede do City Bank, a demonstrar a mudança de um grande banco para o outro lado do Vale. Tambem emblematico o Edificio CBI, nos fundos do teatro Municipal, de fente para o Vale, com 30 andares e importantes empresas, Consulados, representações de bancos estrangeiros, advogados caros, a Sociedade Rural Brasileira (que ainda está lá), Camara Americana de Comercio, firmas britanicas e americanas, tradings agricolas, um predio de alta categoria, altas portas, elevadores modernos.
No Centro novo, a linda Av.São Luis, com finos predios residenciais e agencias de turismo, o restaurante Paddock e o o edificio mais alto de S.Paulo, o Italia, com um restaurante no topo.
Na virada dos anos 50 para 60, nova mudança do Centro. Bancos importantes vão para a Av.Paulista, até então residencial, com mansões de industriais (não se usava "empresarios") e cafeicultores.
O grande Conjunto Nacional baliza esse terceiro Centro, que não durou mais de duas decadas.
Na virada dos anos 70 para 80, nova mudança, da Av.Paulista para os Jardins e Itaim.
Mais dez anos, dos Jardins para a Av.Faria Lima, já com muitos bancos e escritorios puxados pelo Shopping Center Iguatemi, o primeiro de luxo de São Paulo, a Rua Iguatemi e alargada e duplicada.
Do fim dos anos 90 para 2000 surge a Vila Olimpia e Marginal do Rio Pinheiros, nova mudança da sede dos bancos, cria-se um novo "bairro das multinacionais" puxados pelo imenso Consulado Americano, quase um bairro, o que levou a Camara Americana de Comercio, o Deutsche Bank, o Banco de Boston, hoteis como Hilton, Melia e Hyatt, o World Trade Center.
A partir do fim dos anos 2010 já não ha mais terrenos na Vila Olimpia, a marcha dos grandes bancos vai para a Faria Lima/Helio Pelegrino, Av.Juscelino Kubtschek e Brooklyn Novo. O novo e gigantesco conjunto da Odebrecht , com 7 mega edificos na Marginal Pinheiros e 8.000 vagas para carros simboliza o centro dos anos 2020.
No Centro Velho, outrora sede de todos os bancos, não tem mais matriz de banco. O Centro Velho subsiste pela Bolsa, que um Prefeito sabio (acho que foi o Covas) conseguiu segurar na marra, a Bolsa ja tinha comprado uma vasta area na Marginal para se mudar para lá. Se a Bolsa tivesse saido do centro este hoje seria um monte de escombros. Todos os cinco maiores escritorios de advocacia, com mais de 500 funcionarios cada, se mudaram do centro velho. Ficou o Forum Central, o predio antigo do Tribunal de Justiça (mas o Desembargadores trabalham em predios muito mais modernos em outros lugares), um comercio pequeno e tradicional, velhos bares, lojas de chapeus, livrarias.
Qual o futuro do Centro? Depende muito do Governo. O Governador Alckmin teve a brilhante ideia de comprar a preço de banana oito predios que o banco Itau herdou dos muitos bancos que comprou, para lá mudou Secretarias e Estatais. Foi uma boa saida, o que se economiza de alugual é uma fabula, a Rua Boa Vista em boa parte virou um centro administrativo do Governo do Estado.
A Prefeita Marta Suplicy prestou um grande serviço à cidade comprando o Edifico Matarazzo, um belissimo predio dos anos 30, obra do celebre arquiteto Marcello Piacentini, o favorito de Mussolini.
Esse enorme predio internamente todo em marmore de Carrara e madeira de lei estava quase sem uso, era do espolio do Banespa que ficou com o Santander, foi uma otima compra da Prefeitura e revitalizou o entorno.
Esse será uma bom projeto para o Prefeito Haddad, mudar Secretarias e Estatais (a Prefeitura tem 7)
para o centro Velho, economizando em alugueis, o Centro tem muitos predios vazios que podem ser comprados ou alugados a preço baixo.
Quem demanda um orgão publico não precisa ir a uma zona nobre, irá a qualquer lugar, não é comercio, será sempre um serviço obrigatorio, o usuario tem que ir lá, portanto pode ser no centro velho, não precisa ser na Av.Paulista, onde esta a Secretaria do Planejamento, por exemplo.
Me lembro quando o Estado tinha sua Secretaria do Bem Estar Social, cuja clientela são os mais pobres e miseraveis, ao lado do luxuoso Hotel Crowne Plaza na Rua Frei Caneca. Era uma aberração, a Secretaria estava lá em beneficio do conforto de seus funcionarios e não de seus assistidos.
O Prefeito precisa reencontrar a vocação do Centro tradicional de São Paulo, não só por ser simbolo da cidade mas porque lá todos os equipamentos já estão prontos, é um lugar otimo para os que vão trabalhar, o acesso é excelente, S.Paulo não pode desperdiçar tão valioso capital
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