terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sistema elétrico chinês não registra blecaute desde 1997
Enviado por luisnassif, ter, 30/10/2012 - 12:23
Por Assis Ribeiro
Do Valor
Sistema chinês não registra blecautes há 15 anos
Por Rodrigo Polito | De Pequim
Enquanto o sistema elétrico brasileiro sofre com a ocorrência em série de "apaguinhos", a rede chinesa, seis vezes maior, não registra um blecaute significativo desde 1997. O bom desempenho é fruto de duas coisas que parecem faltar no Brasil: uma ação coordenada entre a operação e o planejamento do setor e grandes investimentos em manutenção e expansão da rede.
A State Grid Corporation of China (SGCC), estatal responsável pelo despacho das usinas e operação das linhas no país asiático, investe entre US$ 45 bilhões e US$ 50 bilhões por ano no sistema de transmissão de energia chinês. O valor equivale ao plano de investimentos anual da Petrobras, maior companhia brasileira.
No Brasil, as propostas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) de reforçar o sistema de transmissão no Nordeste e de fazer leilões de energia regionais, a fim de melhorar a segurança do abastecimento em todas as áreas do país, esbarram na ideia fixa do governo de buscar a modicidade tarifária. Em evento no Rio de Janeiro, antes da última série de apagões no país, o diretor do ONS, Hermes Chipp, chegou a dizer que o "barato poderia sair mais caro".
A quantidade maciça de investimentos no sistema chinês resultou numa queda drástica de apagões, de 19 ocorrências por ano na década de 1970 para nenhuma nos últimos 15 anos. O mais interessante é que a avalanche de investimentos não se traduziu em uma conta de luz mais cara para o consumidor.
Nos últimos 30 anos, o custo da energia na China apenas dobrou, para cerca de R$ 160/ MWh, menos da metade de uma tarifa industrial de energia no Brasil (R$ 3290/MWh), de acordo com dados da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro. Já a tarifa residencial brasileira varia de R$ 290/MWh a R$ 460/MWh, dependendo da distribuidora, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
"Nos últimos 30 anos, o crescimento econômico chinês foi de 10% ao ano. Nesse período, a demanda por energia teve crescimento de mais de 10% ao ano. Devido ao crescimento econômico, houve necessidade de investimentos em capacidade adicional de energia e no sistema de transmissão", explica o diretor de investimentos da SGCC, Sun Jinping.
No ano passado, o consumo elétrico chinês foi de 4.720 milhões de MWh, o maior do mundo. Desse total, cerca de 70% corresponde ao consumo do setor industrial, sendo o restante repartido entre os setores de serviços e residencial.
O sistema chinês de transmissão em alta tensão, de mais de 600 mil quilômetros de linhas, possui características semelhantes ao do Brasil. As grandes hidrelétricas se encontram no Norte e no Nordeste, enquanto os grandes centros consumidores estão localizados na região litorânea do Sul e Sudeste.
A SGCC tem investido nas linhas de ultra-alta tensão, em corrente alternada, de 1 mil quilovolts (kV) e corrente contínua, em 800 kV. As duas linhas são inéditas no mundo e funcionam há dois anos sem apresentar grandes problemas, segundo Sun. É essa tecnologia que a estatal chinesa pretende levar para o Brasil, por meio da State Grid Brazil Holding (SGBH).
Para evitar que incidentes na rede, como a explosão de um transformador, causem um colapso no sistema, a China investiu em equipamentos de proteção e controle e em uma "margem de manobra", que permite o sistema continuar operando, mesmo com a desativação de uma linha.
Em casos extremos, o sistema chinês conta com mecanismos que cortam o fornecimento de energia para cargas menores ou menos relevantes, a fim de garantir o atendimento a cargas mais importantes, como hospitais. Esse modelo passou a ser adotado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) após o apagão ocorrido em 2009, por uma falha na subestação de Itaberá (SP), que deixou 18 Estados brasileiros no escuro.
O repórter viajou a convite da State Grid Brazil Holding.
  

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