terça-feira, 16 de outubro de 2012

Como a economia determina a ação do Estado
Enviado por luisnassif, ter, 16/10/2012 - 14:00
Por Assis Ribeiro
Comentário ao post "Os caminhos do desenvolvimento - 1"
Os artigos de Nassif tem como características a abordagem sintética, clara, sem viés engessante, o que provoca o debate.
Ao traçar as linhas do tempo, demonstra a interdependência da economia com políticas de Estado, e antes, que o crescimento da economia deveu-se ao próprio Estado quando foram incentivadores e financiadores das "grandes navegações", e que foi a partir dessa proteção do Estado que empresas surgiram e se desenvolveram.
Mesmo quando o autor cita: "Nos primeiros estágios, há a necessidade da proteção do Estado, do estímulo às exportações, da proteção da indústria. Só depois de completado o ciclo, com indústrias competitivas internacionalmente, o Estado pode prescindir da proteção comercial e defender a liberalização. Ao defender a liberalização comercial para países fracos - ensinava List - o que se pretendia era a perpetuação das diferenças entre ricos e pobres.", deixa a porta aberta para que se possa inferir que mesmo após os primeiros estágios protecionistas do Estado para a criação de grandes players ainda assim é o Estado que garante a proteção destes grandes players quando afirma que o grande e principal problema é quando o grande capital "assume as rédeas da economia". Com o mercado de ações, empresas privadas e grande capital se confundem.
A grosso modo é a economia dominando a política, submetendo governos para que esses passem a agir em nome dela. Aqui não é mais o Estado criando políticas para o desenvolvimento da economia, e sim a economia ditando de forma direta e incisiva como o Estado deve agir, brilhantemente expresso nos sub-itens "O comando do capital".
A cultura de crescimento a qualquer custo, o paradigma do individualismo, são os principais agentes incentivadores desta situação, onde o Estado como organizador da vida em sociedade deixa de existir para em seu lugar o Estado passe a ser o gerenciador de interesses das grandes corporações.
Para isso, ou por causa disso, e de forma proposital, criou-se a "retórica do economês", (no Post "A retórica do economês", onde se confunde economia, crescimento, política e Estado, cuja intenção foi a de camuflar noções ideológicas diversas.
Assim, observa-se a predominância da economia sobre a política, sobre o próprio Estado, onde o único instrumento de pacificação se dá através da procura do crescimento do PIB, e não através da busca do desenvolvimento via melhorias substanciais no IDH, na divisão mais justa da riqueza do país, diminuindo o enorme fosso entre os ricos e pobres. (No Post "A predominância da economia na política".
Mas, o mundo é outro. Se antes, e sempre,  o crescimento de alguns se deu através da exploração de populações e países mais pobres que a eles se submetiam, nos dias atuais não existem mais aqueles que se submeteram de forma pacífica, ou não, para que fossem explorados. No mundo já não existem mais inocentes que acreditem em promessas vãs, enquanto que a informação circulando com muito mais velocidade e pela liberdade proporcionada pela internet (ainda fora do domínio de players) não permitirão a exploração que se dava por meio da enganação e da surdina; o mundo está atento.
A expansão da economia de alguns se deu pelo fato de que havia, (como uma bexiga quando é enchida), espaço para "ser enchida", o que nos dias de hoje não será mais possível porque todos procuram ocupar o mesmo espaço.
Um outro aspecto que poderia ser debatido como elemento essencial para que uma total mudança nos conceitos atuais de crescimento seja imprescindível é a escassez de recursos naturais, que será um outro motivo para que o mundo "encolha".
O mundo grita "chega de crescer".
 

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