quinta-feira, 18 de outubro de 2012


.




Os caminhos do desenvolvimento – 3
Enviado por luisnassif, qui, 18/10/2012 - 08:00




 Autor:
Luis Nassif
Coluna Econômica

Em abril de 2011, o Instituto Friedrich Ebert Stiftung convocou vários especialistas para traçar os cenários possíveis do país até 2020.

A metodologia consistia em identificar os principais fatores internos e externos determinantes do futuro. Depois, traçar cenários possíveis para cada um deles. Finalmente, definir três combinações possíveis, dependendo dos cenários propostos: 1) A terra do capitalismo selvagem; 2) o gigante com pés de barros e 3)rumo ao país do futuro.

***

A partir das discussões registradas, o trabalho lista as dez condições para se ter desenvolvimento econômico socialmente justo e ambientalmente sustentável:

1. Inserção Internacional do Brasil

Projeção internacional da agenda interna brasileira.

2. Sistema Educacional Público com qualidade.

3. Desigualdade social, de gênero e de cor/raça.

Reconhecimento  das  desigualdades  na agenda pública.

4. Estrutura Produtiva (setorial/regional).

Generalização da inovação tecnológica (setorial e regional)

5. Sustentabilidade Sócio-ambiental.

Medido pelo nível de emissão dos gases de efeito estufa.

6. Concentração de poder político e econômico.

Diz o trabalho: uma melhora na repartição funcional da renda e na estrutura fundiária apenas se viabiliza se houver mudanças na concentração da renda, da riqueza e do poder político.

7. Participação dos movimentos sociais.

8. Representatividade do Sistema Político.

Maior eficácia da democracia representativa

9. Condições de Habitabilidade.

O padrão habitacional nos grandes centros urbanos define as condições de habitabilidade das cidades brasileiras.

10. Segurança pública e sistema judiciário

O nível de promiscuidade entre o apare-lho de segurança publica/sistema judiciário e o setor privado define a qualidadeda segurança pública.

***

Depois, os fatores exógenos ao modelo capazes de influenciar o futuro do país, foram denominados de Forças Motrizes:

1. Forças Sociais

Ascensão dos Movimentos Sociais ou Radicalização dos movimentos sociais

2. Forças políticas

Resultado Eleitoral 2010 (na época temia-se a radicalização imposta à campanha do candidato José Serra); coalizão de forças; reforma política; evolução da aliança PT-PMDB; alterações climáticas externas (influência das grandes tendências políticas mundiais no país.

3. Outros fatores.

Pluralidade da mídia; aumento/expansão das redes de narcotráfico; aumento da imigração; infra-estrutura deficiente; baixa expansão de energia; ritmo e padrão de uso do pré-sal

4. Projeto econômico.

Articulação Crédito+Tecnologia+Empresa; reforma tributária; capacidade da burocracia estatal

5. Política externa.

Coalizão de forças na América Latina; negociações do G20; quebra da economia chinesa; ritmo de demanda externa por minérios e alimentos; continuidade da crise mundial; pressões dos investimentos internacionais (mercado de carbono, olimpíada, transnacionais etc); intolerância; crescimento do racismo e da xenofobia no mundo.

***

A mensagem de Ignacy Sachs

“O Brasil possui condições objetivas para entrar no  caminho  de  um  desenvolvimento  socialmente  inclusivo  e  ambientalmente  sustentável,  assim como desempenhar um papel político de liderança entre as terras de boa esperança. Entretanto, serão o processo político que decidirá se o Brasil irá aproveitar esta oportunidade e eu não tenho como prever este resultado” (Ignacy Sachs, 2009).

A mensagem de Helio Jaguaribe

"Ao entrar o século 21, o Brasil encontra-se tremendamente despreparado para enfrentar o novo século. Ingressa-se no século 21 sem ter sido capaz de superar seu renitente subdesenvolvimento (...) Embora grave está limitação não é fatal. Mas o país atingiu um nível suficiente para, ainda que retardariamente, alcançar esse antigo objetivo dentro de um par de décadas se adotar, consistentemente, as medidas para tal requerida".

A Terra do Capitalismo Selvagem 1

O pior cenário traçado pelo trabalho: em 2020, o Brasil apenas se recupera  de  uma  sucessão  de  crises  internacionais, que levaram a um cenário de  semi-estagnação e retorno  da  inflação aos dois  dígitos.  O  desemprego situa-se a níveis elevados e os gastos sociais são comprimidos. Os movimentos sociais  são  crescentemente  questionados pela mídia e não encontram espaço na  agenda  estatal.

A Terra do Capitalismo Selvagem 2

A inserção global se dá via produtos primários e o Brasil  se transforma  num  fornecedor  de  recursos naturais a baixo custo econômico,  com  pequena  capacidade  de  alavancar  a  expansão do  mercado  interno.  A agricultura  familiar  é  deslocada  pelo  avanço  do agronegócio. As principais áreas urbanas convertem-se  em  territórios  marcados pela  guerra  civil  e  pelo  narcotráfico.

O Gigante com Pés de Barro - 1

Em 2020, o Brasil apresenta-se  como  economia  dinâmica,  baseada em  commodities  e do  crescimento  do  mercado  interno  e regional.  Isto  permite  atacar  a  pobreza  absoluta  e  universalizar  o  acesso  ao ensino básico. Afirma-se como potência geopolítica,  ao  nível  regional,  e  adquire crescente protagonismo em assuntos globais.  Em termos sociais, a marca continua a desigualdade de renda.

O Gigante com Pés de Barro - 2

que ademais compromete a expressão da diversidade e da crescente pluralidade das manifestações culturais

Nenhum comentário:

Postar um comentário